O orçamento familiar tem sido um desafio para os brasileiros e mantê-lo no azul tem sido uma tarefa difícil para muitos. O mês de junho de 2023 apresentou a menor inflação registrada no ano conforme a pesquisa de variação de preços realizada pelo Setor de Índice de Preços ao Consumidor do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes); com índice de 0,15% contra 0,23% do mês de maio. Com esse resultado, o acumulado no ano é de 2,47%.

Em junho de 2023, o Grupo Alimentação, que tem o maior peso na composição do orçamento doméstico, apresentou uma variação positiva de 0,18%, contribuindo com 0,06% para o resultado final do índice. 

A economista Vânia Vilas Boas, professora coordenadora do IPC/MOC do Departamento de Ciências Econômicas da Unimontes, explica que além do menor índice do ano, no mês de junho outro detalhe é o acumulado do primeiro semestre – “O acumulado de janeiro a junho deste ano foi de 2,47% e no ano passado 6,88% representando uma queda substantiva na inflação em relação ao ano anterior”, diz.

A economista ainda explica que o grupo alimentação é o que tem mais peso no orçamento das famílias. “As famílias que tem salário compreendido de um a seis salários mínimos gastam a maior parte da renda para aquisição de produtos alimentares. A variação desse grupo alimentar que chamamos de vilão da inflação veio a perder esse posto. Os grupos de saúde e cuidados pessoais, artigos de residência e habitação tiveram uma contribuição expressiva bem expressiva para o índice e isso fez com que alimentação, principalmente com a redução de frutas, verduras, óleo de soja, alguns derivados do leite e feijão tivesse queda assim como a carne bovina que já vem há alguns meses tendo uma ligeira queda da inflação” explica.

A empresária e gerente de restaurante, Maria Fernanda Oliveira, conta que percebeu a redução de preços no supermercado. “Eu que sempre faço compras mais de uma vez por semana para o restaurante, percebi que houve uma pequena redução nas gôndolas dos supermercados, mas infelizmente este mês de julho já percebemos que os valores estão voltando ao normal e fica essa oscilação de valores”, comenta a empresária.
 
VARIAÇÕES E PERSPECTIVAS
O Grupo Habitação que apresenta o segundo maior peso na composição do orçamento doméstico, apresentou uma variação positiva de 0,16%, contribuindo com 0,04% para o resultado final do índice. “Quando falamos de habitação, estamos falando de serviços de utilidade pública e despesa de moradia que se mantiveram estáveis, mas em compensação os materiais de limpeza, de uso doméstico e material de construção tiveram uma variação positiva. E o que contribuiu para essa queda da inflação foram o transporte e comunicação que ficou negativo havendo uma deflação ao mês anterior. Essa deflação se deve à queda no preço do diesel, etanol e da gasolina o que mais contribuiu para o resultado mais baixo da inflação esse mês”, diz Vânia. 

A economista completa que há uma perspectiva de queda de preço de produtos alimentares para os próximos meses haja vista que o IBGE fez uma revisão da safra do trigo, soja e milho e foi maior do que esperava. “Muitos produtores aumentaram a área de plantio desses produtos o que vai aumentar a importação e aumento desses produtos ofertados no mercado doméstico. Isso chega num momento propicio onde estamos entrando na entressafra, mas já chega a maior quantidade desses produtos diminuindo o preço no mercado sendo favorável e esperamos que a contribuição nos próximos meses diminua”, finaliza. 
 
VILÃO DO MÊS
O grupo saúde e cuidados pessoais foi o vilão do mês com aumento nos medicamentos como anti-inflamatórios, remédios para hipertensão, colesterol e os artigos de higiene pessoal e produtos farmacêuticos que vem pressionando constantemente a inflação em função de serem produtos que a maioria de seus componentes são de matéria prima importada, além da taxa de câmbio brasileira ter contribuído para que os preços continuem elevados pressionando a inflação. 

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