Trabalhador gastou um pouco menos do salário pela cesta básica, mas preços seguem altos
Preço da cesta básica abaixou um pouco, mas compras seguem pesando no bolso. “Ou come ou paga uma água, uma luz”, reclama o pedreiro Fernando Godinho (no detalhe), casado e pai de duas crianças (LARISSA DURÃES)
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que observa tendências de inflação em Montes Claros, no mês de setembro o trabalhador gastou um pouco menos do seu salário para a compra dos 13 produtos que compõem a cesta básica e suas respectivas quantidades na cidade. O IPC mostra que essa cesta custou ao trabalhador R$ 484,05 em oposição a R$ 495,31 do mês anterior. Após a aquisição da cesta básica restaram ao trabalhador R$ 727,00 para as demais despesas, como moradia, saúde e higiene, serviços pessoais, lazer, vestuário e transporte.
De acordo com a economista e coordenadora do IPC de Montes Claros, Vânia Vilas Boas, vale lembrar que este resultado foi calculado para o trabalhador que ganha um salário mínimo.
“A cesta básica sofreu uma redução, ficou em R$ 484,05, mas o que se deve levar em conta é que o trabalhador está gastando aí em torno de quase 40% apenas para os 13 itens alimentares que compõe a cesta básica”, explica.
No mais, ela destaca que é bom lembrar também, que o salário mínimo deve atender às necessidades do trabalhador e de sua família.
“Tem que suprir além da alimentação, habitação, transporte, saúde, vestuário. Então, na realidade, mesmo em queda, a cesta básica continua pressionando muito o trabalhador em termos de poder aquisitivo”, ressalta.
Para adquirir os alimentos básicos à sua subsistência no mês de setembro, foi necessário ao trabalhador despender de sua jornada de trabalho mensal 109 horas e 19 minutos, em oposição a 112 horas e nove minutos do mês anterior. As variações negativas foram apresentadas no tomate (- 21%), leite Tipo C ( -11,22%), óleo de soja ( -11,11%), carne bovina ( -3,91%), feijão (-3,71%), café (-1,59%) e açúcar ( -1,51%). As variações positivas foram: bananananica(40,22%), batata (3,73%), farinha de mandioca (2,03%) e arroz ( 1,86%).
Para o pedreiro Fernando Godinho, de 27 anos, casado e pai de duas crianças, a vida em Montes Claros está bem difícil.
“O custeio de vida aqui, vou te falar, a gente trabalha dia a dia só mesmo pra comprar alimentos, pagar as contas. Porque pra viver bem em Montes Claros não dá não”, lamenta.
Fernando diz que está tendo que escolher o que pagar, pra chegar no final do mês sem faltar alimento em casa.
“Com esse salário que recebo, fica difícil comprar tudo como roupa, gasolina, utensílios entre outras coisas. Aí a gente tem que tirar um santo pra comprar outro. Tenho que dá prioridade para uma coisa ou outra”, informa.
Em razão disto, Fernando deixa claro, que pra sustentar a família, tem que escolher. “Sempre uma conta vai pra outro mês, não tem como pagar tudo ao mesmo tempo, não. Ou come, ou paga uma água, uma luz. É um ou outro, tem que escolher também, fazer um sorteio né”, conclui.
Já para quem tem rendimento de até seis salários mínimos aqui em Montes Claros o IPC mostra que para estas pessoas, para esta classe de renda houve a menor inflação do ano, que foi 0, 14%, contra 0,23% que havia acontecido em agosto, ou seja, ela foi menor, houve recuo da inflação.
“A gente espera que o IPC continue tendo uma ligeira queda até o final do ano, até mesmo porque entrou essa queda no diesel e se os preços continuarem mais baixos nós vamos vê que há uma redução em custo de transporte, os chamados custos logísticos. Isso pode favorecer para que haja uma pressão para a redução da inflação aqui na cidade”, destaca a economista Vânia Vilas Boas.
“As carnes podem vir a ter uma queda e melhorar um pouco até mesmo o custo da cesta básica”, finaliza, esperançosa.