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Domingo,24 de Novembro
Economia

Inflação desacelera, mas não alivia bolso do montes-clarense

Trabalhador gastou um pouco menos do salário pela cesta básica, mas preços seguem altos

Larissa Durães
Publicado em 13/10/2022 às 22:35.

Preço da cesta básica abaixou um pouco, mas compras seguem pesando no bolso. “Ou come ou paga uma água, uma luz”, reclama o pedreiro Fernando Godinho (no detalhe), casado e pai de duas crianças (LARISSA DURÃES)

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que observa tendências de inflação em Montes Claros, no mês de setembro o trabalhador gastou um pouco menos do seu salário para a compra dos 13 produtos que compõem a cesta básica e suas respectivas quantidades na cidade.  O IPC mostra que essa cesta custou ao trabalhador R$ 484,05 em oposição a R$ 495,31 do mês anterior. Após a aquisição da cesta básica restaram ao trabalhador R$ 727,00 para as demais despesas, como moradia, saúde e higiene, serviços pessoais, lazer, vestuário e transporte. 

De acordo com a economista e coordenadora do IPC de Montes Claros, Vânia Vilas Boas, vale lembrar que este resultado foi calculado para o trabalhador que ganha um salário mínimo.  

“A cesta básica sofreu uma redução, ficou em R$ 484,05, mas o que se deve levar em conta é que o trabalhador está gastando aí em torno de quase 40% apenas para os 13 itens alimentares que compõe a cesta básica”, explica. 

No mais, ela destaca que é bom lembrar também, que o salário mínimo deve atender às necessidades do trabalhador e de sua família. 

“Tem que suprir além da alimentação, habitação, transporte, saúde, vestuário. Então, na realidade, mesmo em queda, a cesta básica continua pressionando muito o trabalhador em termos de poder aquisitivo”, ressalta. 

Para adquirir os alimentos básicos à sua subsistência no mês de setembro, foi necessário ao trabalhador despender de sua jornada de trabalho mensal 109 horas e 19 minutos, em oposição a 112 horas e nove minutos do mês anterior. As variações negativas foram apresentadas no tomate (- 21%), leite Tipo C ( -11,22%), óleo de soja ( -11,11%), carne bovina ( -3,91%), feijão (-3,71%), café (-1,59%) e açúcar ( -1,51%). As variações positivas foram: bananananica(40,22%), batata (3,73%), farinha de mandioca (2,03%) e arroz ( 1,86%). 

Para o pedreiro Fernando Godinho, de 27 anos, casado e pai de duas crianças, a vida em Montes Claros está bem difícil.  

“O custeio de vida aqui, vou te falar, a gente trabalha dia a dia só mesmo pra comprar alimentos, pagar as contas. Porque pra viver bem em Montes Claros não dá não”, lamenta. 

Fernando diz que está tendo que escolher o que pagar, pra chegar no final do mês sem faltar alimento em casa.  

“Com esse salário que recebo, fica difícil comprar tudo como roupa, gasolina, utensílios entre outras coisas. Aí a gente tem que tirar um santo pra comprar outro. Tenho que dá prioridade para uma coisa ou outra”, informa.  

Em razão disto, Fernando deixa claro, que pra sustentar a família, tem que escolher. “Sempre uma conta vai pra outro mês, não tem como pagar tudo ao mesmo tempo, não. Ou come, ou paga uma água, uma luz. É um ou outro, tem que escolher também, fazer um sorteio né”, conclui. 

Já para quem tem rendimento de até seis salários mínimos aqui em Montes Claros o IPC mostra que para estas pessoas, para esta classe de renda houve a menor inflação do ano, que foi 0, 14%, contra 0,23% que havia acontecido em agosto, ou seja, ela foi menor, houve recuo da inflação. 

“A gente espera que o IPC continue tendo uma ligeira queda até o final do ano, até mesmo porque entrou essa queda no diesel e se os preços continuarem mais baixos nós vamos vê que há uma redução em custo de transporte, os chamados custos logísticos. Isso pode favorecer para que haja uma pressão para a redução da inflação aqui na cidade”, destaca a economista Vânia Vilas Boas. 

“As carnes podem vir a ter uma queda e melhorar um pouco até mesmo o custo da cesta básica”, finaliza, esperançosa.

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