
Em maio de 2025, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Unimontes registrou a menor alta do ano, com um aumento de apenas 0,31%, comparado aos 0,59% de abril. No entanto, os moradores de Montes Claros ainda sentem que os preços estão elevados, principalmente nos alimentos. Com esse resultado, o IPC acumulado do ano atingiu 2,78%.
Segundo a economista Vânia Silva Vilas Bôas, do Departamento de Economia da universidade, a desaceleração foi puxada pelos grupos de vestuário (-0,07%) e transporte e comunicação (-0,10%). A alimentação, que compromete cerca de 40% da renda familiar, também desacelerou, passando de 0,42% em abril para 0,11% em maio.
A economista atribui o recuo dos preços alimentícios à valorização do real frente ao dólar e à entrada de novas safras agrícolas. “Esse recuo no grupo alimentação é consequência justamente da entrada de novas safras, que permite maior oferta no mercado”, explicou. No entanto, ela pondera que a queda pode não ser sentida de forma clara no dia a dia. “Mesmo os produtos que apresentaram queda não retornaram aos preços praticados antes dos reajustes. Isso faz com que o consumidor vá ao supermercado e não perceba que houve redução nos valores.”
De fato, alguns itens apresentaram variações positivas expressivas, como o café (12,99%), batata-inglesa (11,88%), tomate (8,45%), farinha de mandioca (4,68%) e margarina (3,12%). Já outros recuaram: banana-caturra (-7,53%), feijão (-3,50%), arroz-amarelão (-3,31%), leite tipo C (-0,73%), óleo de soja (-0,60%), açúcar (-0,31%) e carne bovina (-0,05%). O pão de sal manteve-se estável.
Mas nas cozinhas profissionais da cidade, os números não se confirmam. Eduardo Gobis Jr., proprietário de um restaurante em Montes Claros, afirma que a realidade é outra. “No nosso âmbito regional, aqui não houve desaceleração nenhuma, muito pelo contrário, houve uma aceleração. O preço do tomate subiu, o da batata também, e isso tanto em mercados quanto com pequenos produtores”, relatou.
Segundo ele, produtos como leite, laticínios e carnes continuam pesando nos custos. “Aparentemente, não houve desaceleração alguma. Zero reais em desaceleração”, disse, com tom de frustração. O único item que, segundo ele, realmente apresentou queda significativa foi o ovo. “O pente de ovo estava saindo por volta de 30 reais, caiu para 20. Isso, sim, é uma desaceleração significativa”.
Nas prateleiras dos supermercados, a percepção também é de resistência nos preços. A aposentada Carmelita Cardoso de Sousa, que vive sozinha, disse não sentir alívio no orçamento. “A única coisa que achei que está muito alta é o café e a carne. No mais, dá para levar”, afirmou. Apesar de reconhecer quedas em itens como feijão e arroz, ela garante que a alimentação continua sendo o principal gasto do mês. “Pesa, com certeza. Antes pesava menos. Hoje, 60% do que eu ganho vai só para comida.”
Mesmo diante da alta, Carmelita não abre mão da qualidade da alimentação. “A alimentação é a base da saúde. Se você alimenta mal, vai gastar muito mais com médicos. Então, você tem que alimentar o melhor possível”, declarou. Para equilibrar o orçamento, ela diz que corta despesas em outras áreas. “Na roupa dá para controlar. Deixo de sair mais, deixo de comprar outras coisas para poder ter uma boa alimentação, que é a base de tudo”, conclui.