economia

Inflação cai em Montes Claros, mas alívio não é sentido

Em maio de 2025, o IPC da Unimontes subiu apenas 0,31%, mas os preços ainda são altos

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 12/06/2025 às 19:00.
Eduardo Gobis Jr., dono de um restaurante, percebeu uma aceleração nos preços (Larissa Durães)
Eduardo Gobis Jr., dono de um restaurante, percebeu uma aceleração nos preços (Larissa Durães)

Em maio de 2025, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Unimontes registrou a menor alta do ano, com um aumento de apenas 0,31%, comparado aos 0,59% de abril. No entanto, os moradores de Montes Claros ainda sentem que os preços estão elevados, principalmente nos alimentos. Com esse resultado, o IPC acumulado do ano atingiu 2,78%.

Segundo a economista Vânia Silva Vilas Bôas, do Departamento de Economia da universidade, a desaceleração foi puxada pelos grupos de vestuário (-0,07%) e transporte e comunicação (-0,10%). A alimentação, que compromete cerca de 40% da renda familiar, também desacelerou, passando de 0,42% em abril para 0,11% em maio.

A economista atribui o recuo dos preços alimentícios à valorização do real frente ao dólar e à entrada de novas safras agrícolas. “Esse recuo no grupo alimentação é consequência justamente da entrada de novas safras, que permite maior oferta no mercado”, explicou. No entanto, ela pondera que a queda pode não ser sentida de forma clara no dia a dia. “Mesmo os produtos que apresentaram queda não retornaram aos preços praticados antes dos reajustes. Isso faz com que o consumidor vá ao supermercado e não perceba que houve redução nos valores.”

De fato, alguns itens apresentaram variações positivas expressivas, como o café (12,99%), batata-inglesa (11,88%), tomate (8,45%), farinha de mandioca (4,68%) e margarina (3,12%). Já outros recuaram: banana-caturra (-7,53%), feijão (-3,50%), arroz-amarelão (-3,31%), leite tipo C (-0,73%), óleo de soja (-0,60%), açúcar (-0,31%) e carne bovina (-0,05%). O pão de sal manteve-se estável.

Mas nas cozinhas profissionais da cidade, os números não se confirmam. Eduardo Gobis Jr., proprietário de um restaurante em Montes Claros, afirma que a realidade é outra. “No nosso âmbito regional, aqui não houve desaceleração nenhuma, muito pelo contrário, houve uma aceleração. O preço do tomate subiu, o da batata também, e isso tanto em mercados quanto com pequenos produtores”, relatou.

Segundo ele, produtos como leite, laticínios e carnes continuam pesando nos custos. “Aparentemente, não houve desaceleração alguma. Zero reais em desaceleração”, disse, com tom de frustração. O único item que, segundo ele, realmente apresentou queda significativa foi o ovo. “O pente de ovo estava saindo por volta de 30 reais, caiu para 20. Isso, sim, é uma desaceleração significativa”.

Nas prateleiras dos supermercados, a percepção também é de resistência nos preços. A aposentada Carmelita Cardoso de Sousa, que vive sozinha, disse não sentir alívio no orçamento. “A única coisa que achei que está muito alta é o café e a carne. No mais, dá para levar”, afirmou. Apesar de reconhecer quedas em itens como feijão e arroz, ela garante que a alimentação continua sendo o principal gasto do mês. “Pesa, com certeza. Antes pesava menos. Hoje, 60% do que eu ganho vai só para comida.”

Mesmo diante da alta, Carmelita não abre mão da qualidade da alimentação. “A alimentação é a base da saúde. Se você alimenta mal, vai gastar muito mais com médicos. Então, você tem que alimentar o melhor possível”, declarou. Para equilibrar o orçamento, ela diz que corta despesas em outras áreas. “Na roupa dá para controlar. Deixo de sair mais, deixo de comprar outras coisas para poder ter uma boa alimentação, que é a base de tudo”, conclui.

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