Se antes da pandemia do novo coronavírus o formato delivery era um diferencial no setor de alimentação, agora, a entrega de refeições em casa já se consolidou como necessidade para qualquer negócio do ramo.

Diferentemente dos empreendimentos que tiveram que correr para se adaptar e montar uma estrutura voltada para a modalidade, milhares de empresas focadas no delivery de alimentos nasceram nos últimos três anos.

Relatório desenvolvido pela DataHub, plataforma de análise de dados, revela alta de 76,6% na abertura de empresas no Brasil de 2019 a 2021. 

Com base nos dados registrados pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas (Cnae), a pesquisa mostra que, em 2019, 59.176 empresas estavam registradas como estabelecimentos responsáveis por serviços que abrangem alimentos embalados para consumo (como marmitex) e restaurantes delivery e saltou para 104.531. 

Em Minas, das 36.369 empresas de entregas de alimentos ativas, 41% abriram nos últimos dois anos. O número representa alta de 62% no período. A atividade também registrou alta histórica quando comparados os períodos pré (2018-2019) e pós-pandemia (2020-2021): 104% em Minas.
 
INVESTIDA MENOR
Para o analista do Sebrae Minas Diogo Reis, além das medidas restritivas impostas pela Covid-19 e que impediram, por exemplo, a circulação em locais físicos, outros fatores que explicam a grande adesão ao mercado são os investimentos iniciais e custos para operação mais baixos em relação a pontos comerciais físicos. 

“Há poucas barreiras para entrar no mercado e o investimento para começar é menor. Sem a necessidade de ter o salão do restaurante, é possível operar em pontos menos valorizados, mas estratégicos. Não pode estar afastado, mas não precisa ser na avenida mais movimentada e cara da cidade”, relata. 

Quem atestou esse crescimento na prática foi Gustavo Nogueira, CEO da Smart Kitchen, empresa de aluguéis de cozinhas montadas e focadas no delivery. “Nossas operações começaram em 2018 já apostando na tendência do crescimento do delivery, mas a pandemia foi um vetor que acelerou e determinou o desenvolvimento do segmento”.

De acordo com o empresário, a procura pelas locações das chamadas dark kitchen cresceram 50% no primeiro semestre de 2020 e, desde então, a demanda se normalizou, mas segue cerca de 15% a 20% maior que no período pré-pandemia.

Desafios dos negócios 
Com oferta de delivery das 8h às 10h, a lanchonete Cantina da Casa, antiga Casa do Pastel, está há quase 40 anos no mercado e apostou no serviço de entrega dois meses antes da pandemia. São três lojas em Montes Claros, uma só delivery, com espaço para a clientela.

“Em março de 2021 estávamos vendo tudo fechar. Foi onde apostamos em divulgação do serviço e na qualidade dos nossos produtos”, diz a gerente geral, Kátia Rodrigues. 

“O crescimento foi em torno de 80% logo no início da pandemia. Trabalhamos com variedade de itens, como salgados para festas em tamanho maior, com grande saída nos últimos meses”, acrescenta o gerente do delivery da Cantina, Carlos Rêgo.
 
DIFERENCIAL 
O analista do Sebrae Minas Diogo Reis ressalta que, apesar das vantagens do delivery, o mercado é altamente competitivo. 

“Como é mais fácil de começar, a chance de saturação é maior. Para sobreviver, é preciso se destacar. Quem já nasceu no delivery sabe que tem que dominar tempo de preparação e logística porque já surgiu com a proposta de ser mais eficiente e, nesses casos, um atraso na entrega estraga completamente a experiência do consumidor”, diz.

O Sebrae criou uma cartilha para orientar empreendedores que planejem começar um negócio na área. Entre as principais dicas, avaliar o que vende bem, ter atenção especial à qualidade das embalagens utilizadas para envio dos alimentos à clientela e fazer testes de entrega como forma de avaliar o que precisa ser ajustado no serviço. A cartilha pode ser encontrada para download no site do Sebrae-MG. 

*Colaborou Leo Queiroz

Compartilhar