
A redução no preço da cesta básica em 15 de 17 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no mês de maio, trouxe alívio para o bolso das famílias brasileiras e abriu uma perspectiva positiva para os pequenos negócios.
Segundo o levantamento, a queda nos preços dos alimentos essenciais representa um ganho real no poder de compra da população. Para o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), esse cenário favorece o comércio local e beneficia diretamente os microempreendedores, com o aumento da circulação de dinheiro nas comunidades.
“Quando o consumidor tem mais recursos disponíveis, é natural que ele aproveite para frequentar lojas, salões, restaurantes e bares, movimentando o comércio de bairro e contribuindo para a geração de emprego e renda”, explica Giovanni Beviláqua, coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae.
A cuidadora de idosos Cristiane Oliveira Silva afirma que, embora não tenha notado uma grande redução no total gasto no supermercado, percebeu que conseguiu comprar mais produtos. “Eu comprei a quantidade maior do que eu comprava antes, eu comprei mais”, conta. Com o valor que sobrou, conseguiu até quitar outras despesas.
Impacto
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Montes Claros, Ernandes Ferreira, reforça o impacto positivo desse cenário no comércio em geral. “Quando a cesta básica cai de valor, o consumidor começa a comprar alguns outros produtos que antes ele não tinha condição de adquirir”, afirma.
Segundo ele, o aumento no consumo amplia o faturamento do setor alimentício, permitindo investimentos nas empresas e até a ampliação do quadro de funcionários. “Isso pode gerar aumento do efetivo desses estabelecimentos ou uma melhora no caixa das empresas, que acabam investindo em reformas ou em melhorias no negócio”, observa Ferreira.
Ele destaca ainda o efeito multiplicador em cidades com grande número de consumidores. “Se pegarmos uma cidade do tamanho de Montes Claros, com mais de 200 mil famílias consumindo diariamente nesse segmento, qualquer redução significativa nos preços dos alimentos representa um fortalecimento importante da economia.”
No setor de alimentos preparados, o reflexo também é direto. Edson de Oliveira Santos, conhecido como Bozó do Frango, que trabalha aos domingos vendendo frangos caipiras, confirma a melhora nas vendas. “Quando as coisas estão mais baratas, fica mais fácil de vender. As pessoas compram mais”, diz. Segundo ele, a redução nos preços dos alimentos pode representar um aumento de 15% a 20% no volume vendido. “Pode contar. É certeiro”, reforça.
A tendência positiva se estende ainda a outros segmentos, como o comércio de materiais de construção e utilidades domésticas. A vendedora Jade, que trabalha em uma loja do ramo, nota o aumento no fluxo de clientes sempre que os alimentos estão mais baratos. “As pessoas vêm comprar mais, nem que seja um prego, uma tomada, alguma coisa”, relata. Ela estima que o movimento cresça cerca de 10% nesses períodos.