O início do ano, marcado por férias para muitos, traz também o desafio de lidar com contas e impostos que pesam no orçamento. Para evitar pendências financeiras, especialistas recomendam o planejamento e organização, especialmente para quem exagerou nos gastos de fim de ano. Priorizar o pagamento do cartão de crédito é fundamental, já que os juros podem ultrapassar 100% ao ano.
Maria Francisca de Jesus da Silva, pedagoga, compartilhou a realidade de muitos brasileiros ao enfrentar as despesas de início de ano. Moradora de Montes Claros, ela explicou como sua família lida com impostos como o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), além de outros gastos que pesam no orçamento de janeiro. Com um único salário, ela recorre a empréstimos para cobrir as despesas, que giram em torno de R$ 3 mil a R$ 4 mil.
“Se não for por meio de um empréstimo, não tem outra saída”, afirmou. Ela detalhou que as parcelas do empréstimo se somam às outras contas, tornando o primeiro semestre financeiro muito difícil. “As despesas incluem o IPVA, a taxa de lixo, além de material escolar, faculdade, contas de luz, água e alimentação. O IPTU, quem paga é o proprietário do imóvel. O que é uma grande ajuda para a gente”, conta.
Maria Francisca ainda comentou sobre o impacto das taxas de juros nos empréstimos, que variam entre 3% e 4%. “Caso o pagamento não seja efetuado, a dívida se acumula, e transforma em uma bola de neve”. Segundo ela, o valor original do empréstimo não altera, mas a dívida se mantém em aberto até que seja renegociada.
GASTOS E IMPACTOS
Fernando Freire Madureira, gerente executivo de um banco na cidade, alerta sobre o impacto dos gastos excessivos no final do ano, como viagens, festas e presentes, no planejamento financeiro anual. “O acúmulo de pagamentos em janeiro, como material escolar, matrículas e impostos, pode comprometer o orçamento familiar. Muitas famílias recorrem a empréstimos ou parcelamentos no cartão de crédito, gerando juros altos e afetando as finanças.” Para evitar essa situação, ele sugere que as famílias planejem as compras de fim de ano com antecedência e reservem parte do orçamento para cobrir as despesas iniciais do ano seguinte. “Uma alternativa recomendada é a aplicação de recursos em fundos com maior liquidez, como os oferecidos pelo Banco, que aceitam investimentos a partir de R$ 1”, avisa.
Em relação ao uso do cartão de crédito, Madureira explica que, embora o parcelamento ofereça facilidades, o pagamento mínimo da fatura pode resultar em juros exorbitantes. “Antes de 2024, as taxas de juros chegavam a ultrapassar 400% ao ano, mas com a implementação da lei do Programa Desenrola Brasil, a taxa foi limitada a 100%. Apesar disso, os juros do cartão de crédito continuam sendo os mais altos do mercado financeiro, exigindo um uso consciente do produto, com avaliação cuidadosa das parcelas existentes e controle do orçamento para evitar o efeito ‘bola de neve’ nas dívidas”, esclarece.
O impacto do pagamento em atraso de impostos como IPTU e IPVA pode ser significativo para a economia familiar. Madureira explica que o atraso no pagamento desses impostos resulta em dois problemas principais. “A perda de descontos, geralmente oferecidos para pagamento antecipado, e a aplicação de juros e multas, que aumentam consideravelmente o valor da dívida”. Ele destaca que, mesmo com atraso, é fundamental quitar o débito, pois a inadimplência não apenas prejudica o orçamento, mas também pode dificultar o acesso a empréstimos e financiamentos, uma vez que alguns estados e municípios inserem essas dívidas como restrições de crédito. “Para evitar atrasos, recomendo o agendamento de pagamentos por débito automático, facilitado por aplicativos, que também recebe boletos de IPTU, taxa de lixo e multas de Montes Claros.”
Sobre o pagamento à vista de impostos, Madureira aponta que, geralmente, compensa mais do que o parcelamento. “Isso ocorre principalmente quando o devedor tem recursos disponíveis e o desconto oferecido no pagamento à vista é superior ao rendimento de investimentos tradicionais, como a poupança.” Madureira exemplifica. “Se o desconto for de 10% e o parcelamento não tiver juros, pagar à vista se torna mais vantajoso do que deixar o valor na poupança, cuja rentabilidade anual é de cerca de 7,11%, considerando a taxa Selic acima de 8,5% ao ano”, finaliza.
*Com informações da agência Brasil 61