As famílias brasileiras gastaram R$ 49,3 bilhões com materiais escolares em 2024, um aumento de 43,7% em quatro anos, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva e QuestionPro. Esse gasto impacta o orçamento de 85% das famílias com filhos em idade escolar, com 35% planejando parcelar as compras para 2025. Classes B e C representam 76% dos gastos, com maior concentração no Sudeste (46%). Para 2025, prevê-se alta de 5% a 9% nos preços.
Em meio ao cenário de aumento nos preços dos materiais escolares, algumas papelarias estão adotando estratégias para atrair consumidores e facilitar as compras. Larissa Jaqueline, atendente da papelaria Xodó, localizada no centro de Montes Claros, explicou como o estabelecimento está lidando com a situação para minimizar o impacto no orçamento dos pais.
“Nós estamos trabalhando com promoções, oferecendo descontos e também com a entrega a domicílio, sendo um grande diferencial”, afirma Larissa. Segundo ela, a loja tem atendido pedidos via WhatsApp, onde os pais enviam a lista de materiais escolares, recebem um orçamento com fotos dos produtos e, ao fechar a compra, contam com a comodidade da entrega em casa.
O movimento do comércio, segundo Larissa, tem sido positivo. “No Natal, as vendas aumentaram cerca de 30%. Agora, com a volta às aulas, estamos esperando um aumento de pelo menos 40%, sendo o período mais aguardado para quem trabalha com papelaria.”
Apesar do reajuste nos preços, Larissa acredita que o impacto no consumo será menor do que o esperado. “A expectativa é de que as estratégias adotadas pela papelaria contribuam para atrair mais clientes e manter o fluxo de vendas neste início de ano letivo”, aponta.
Mãe de um menino de 11 anos que cursará o sexto ano do ensino fundamental, Maria Fernanda procura meios para economizar. Em 2024, os gastos somaram cerca de R$ 480, mesmo com alguns itens já disponíveis em casa. Neste ano, com o aumento de preços, ela estima que o impacto no orçamento chegue a 15%, um aumento significativo em relação ao ano anterior.
“Todo ano eu trabalho um pouco a mais, faço faxinas ou trabalhos em restaurantes para conseguir comprar material de qualidade, que é caro”, explica. Apesar disso, busca alternativas como adquirir livros usados, caso a escola permita. “Se for possível, eu compro, porque às vezes mudam uma página e pedem para trocar o livro inteiro”, lamenta.
Com o filho avançando para o sexto ano, as despesas tendem a dobrar. “Cadernos e outros materiais ficam mais caros, e isso pesa bastante”, destaca. Ainda assim, Maria Fernanda ressalta a importância de oferecer o melhor para o filho, mesmo diante dos desafios financeiros — “Tenho que procurar dar o melhor também para estimular ele a dar o seu melhor”.
Natália Fernandes, fisioterapeuta e mãe de uma criança de nove anos, também enfrenta os altos custos dos materiais escolares, especialmente devido às apostilas específicas e caras vendidas pela escola. Para minimizar o impacto, ela começou a se planejar no ano passado, aproveitando promoções e compras pela internet. “Mas os livros e apostilas continuam sendo os itens mais onerosos”, lamenta.
Ela acredita que medidas como programas públicos ou redução de impostos poderiam ajudar a minimizar o impacto. “Pagamos muito imposto, e deveria haver retorno para áreas como educação e saúde, mas não vemos isso, na prática”, critica. Apesar disso, não consegue reaproveitar materiais do ano anterior. “Nada pode ser reutilizado”, lamenta, enquanto se prepara para mais um ano letivo com despesas altas e poucas alternativas de economia.
Segundo a ABFIAE, os custos dos artigos escolares são influenciados pela inflação, alta do dólar e aumento nos fretes internacionais. A associação defende a ampliação de programas como o Programa Material Escolar, que oferece crédito a estudantes de escolas públicas, melhorando a acessibilidade. Além disso, a entidade ressalta a necessidade de reduzir a carga tributária sobre esses produtos, que pode chegar a mais de 40%, tornando os itens escolares significativamente mais caros.
*Com informações da Agência Brasil