Inflação volta a subir em Montes Claros
(Larissa Durães)
A pesquisa de variação de preços realizada pelo Setor de Índice de Preços ao Consumidor do Município de Montes Claros (IPC), do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) registrou índice de 0,44% no mês de novembro de 2022, contra os 0,41% % registrados em outubro último.
Com esse resultado, o acumulado nos últimos doze meses é de 9,92%. O IPC, vem de uma sequência de aumentos. Em setembro houve uma diminuição da inflação, mas em outubro e novembro, o acumulado chegou a 14,86%.
O IPC retrata a variação de preços frente ao poder de compra da população. E o que o IPC de novembro mostra, é que neste momento, diante da sua limitação do poder de compra e a perda de referência de preços, o consumidor montes-clarense está cada vez consumindo menos nos supermercados em decorrência desta variação substancial dos preços de produtos e serviços.
Prova disso é o relato da faxineira Sandra Pereira da Silva, que mora com a filha Maria Vitória de 8 anos. Ela diz ser impossível poder comprar todos os ingredientes da cesta básica sendo ela a única que sustenta a casa.
“Só compro o que está em promoção, isso vale também para as frutas, verduras e legumes”, relata Sandra, que vive com um salário mínimo.
“Ainda tenho que pagar água, luz e o aluguel. Aí fica bem apertado só com esse dinheiro”, lamenta.
Houve variação bem expressiva no preço dos chamados “produtos em natura”: cebola, tomate, banana e abacate, que dependem de condições climáticas, sofreram variações bem expressivas.
“E isso aconteceu em decorrência desse excesso de chuva em algumas regiões produtoras da região sudeste”, explica a economista Vânia Vilas Bôas.
HABITAÇÃO PESA
Outro grupo que teve variação positiva e contribuiu para a inflação na cidade foi habitação, devido à variação no preço do material de construção.
Por outro lado, o IPC mostra que alguns itens tiveram queda, como o leite, que havia tido alta substancial em setembro.
“O leite longa-vida teve uma redução mais de 4,05%. Vimos também quedas em alguns itens como, por exemplo, a carne suína (-1,86%), dos pescados (-2,83%) , do próprio leite de saquinho pasteurizado (-1,35%), o que se torna uma grande opção para agora novembro e dezembro, uma vez que esses preços devem continuar em baixa se transformando em uma grande opção para as festividades de fim de ano, em vista que, uma vez, que a carne bovina (0,32%) não teve essa queda”, avalia a economista.
O preços dos gêneros básicos que compõem a ração essencial mínima, mantiveram reajuste positivo em novembro, registrando variação positiva de 1,74% contra 4,47% em outubro último passado. No ano, a cesta já acumula alta de 14,86%.
Tomate é o maior vilão do último levantamento (Larissa Durães)
O tomate foi, mais uma vez, vilão (8,24%), seguido da farinha de mandioca (5,26%), da batata inglesa (3,38%) e da banana-caturra (3,89%) como produtos de maior peso para a cesta básica.
“O que chama atenção para a gente é que cada vez mais o trabalhador de salário mínimo que ganha R$ 1.212 reais está tendo que comprometer uma parcela maior do seu salário para aquisição desses produtos”, destaca a economista Vânia Vilas Bôas.
Em Montes Claros, o custo da cesta básica comestes 13 produtos custa R$ 514, 53 – o que compromete 42,45% do salário mínimo.
“Ou seja, para as suas demais despesas o trabalhador está tendo que sacrificar muitos desses itens alimentares o que nos preocupa, uma vez que ele possa estar nesse momento tendo um desequilibro nutricional”, ressalta Vânia.
No mês anterior, a cesta básica custou R$ 505,71. Após a aquisição da Cesta Básica restaram ao trabalhador R$ 697,47 para as demais despesas, como moradia, saúde e higiene, serviços pessoais, lazer, vestuário e transporte.