
Na última semana, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que os preços dos alimentos começaram a cair, mas a redução ainda precisa ser maior. Ele atribuiu o aumento anterior à valorização do dólar nas eleições dos EUA.
Segundo o economista Haroldo Rodrigues, fatores como o câmbio, problemas climáticos e a desvalorização do real impulsionam a inflação, afetando fertilizantes, distribuição e produção agrícola. Rodrigues também defende que, para conter a inflação, o governo deveria adotar uma política econômica menos intervencionista e um maior controle dos gastos públicos. “Se corrigíssemos a gestão dos gastos, já resolveríamos boa parte dos problemas”, argumenta.
O economista também critica o que chama de “negacionismo econômico”. “Não se pode gastar mais do que se arrecada e esperar que a conta feche sozinha. Todos os governos gastam mal, mas alguns ao menos reconhecem o problema e tentam corrigir”, observa.
Conforme o índice AbrasMercado, indicador que mede a variação de preços de uma cesta com 35 produtos de largo consumo, houve uma alta anual de 9,29% em janeiro. O preço médio subiu de R$ 732,69 em janeiro de 2024 para R$ 800,75 no mesmo mês de 2025. Já na cesta básica de 12 alimentos, o aumento foi de 12,89%, passando de R$ 306,11 para R$ 345,56 no mesmo período.
IMPACTO RURAL
Graziano Leal Fonseca, produtor de leite e frango caipira em Montes Claros, enfrenta a seca prolongada como um dos principais desafios, o que o obriga a comprar ração mais cedo, elevando os custos. Para contornar a situação, ele reduz a ração das vacas, mesmo que isso impacte a produção de leite, e busca mercados alternativos, negociando diretamente com consumidores para obter um preço melhor pelo produto.
Segundo ele, a produção de ovos também sofre com oscilações naturais e problemas externos, como o aumento do milho nos Estados Unidos. “Coincidentemente, de janeiro a março, as galinhas diminuem naturalmente a postura. Esse é o período de muda de penas, então a oferta cai e os preços sobem. Mas, além disso, o milho ficou mais caro e isso impacta diretamente no custo de produção”, esclarece o produtor.
Outro grande desafio para os pequenos produtores, segundo Graziano, é o aumento dos insumos. “Desde a pandemia, os preços de fertilizantes e rações subiram muito e nunca mais voltaram ao normal. A gente tenta substituir ingredientes, como trocar soja por farelo de algodão, mas nem sempre é possível”, relata.
*Com informações da Agência Brasil