Economia

Após queda do PIB, comércio fica atento

Vendas do fim de ano podem camuflar real situação, avalia presidente do SindComércio

Larissa Durães
24/10/2022 às 21:42.
Atualizado em 25/10/2022 às 12:55

A divulgação feita pelo pelo Banco Central na semana passada, com a prévia do PIB de agosto, mostrou redução de 1,13% em relação ao mês anterior.

Apesar da queda em agosto, que interrompeu uma trajetória de alta que ocorria desde junho (1,17%), o IBC-Br atingiu 143,97 pontos. Na comparação com agosto de 2021, houve crescimento de 4,86% (sem ajuste para o período, já que a comparação é entre meses iguais). No acumulado em 12 meses, o indicador também ficou positivo, em 2,08%.

Para o presidente da Associação do Comércio, (SindComércio) em Montes Claros, Glenn Andrade, a queda do índice em agosto foi uma surpresa. Ele avalia que o fato pode afetar a confiança tanto do empresário quanto do consumidor.

“O comércio continua atento e firme na sua qualidade de vendas de produtos como prestação de serviços”, diz, confiante. 

Glenn Andrade avalia atual momento no comércio (DIVULGAÇÃO / SINDCOMÉRCIO)

Glenn Andrade avalia atual momento no comércio (DIVULGAÇÃO / SINDCOMÉRCIO)

Glenn avalia que a prestação de contas poderá fazer o diferencial neste primeiro momento, depois do baque da novidade sobre a queda de agosto. Sem deixar de acreditar também que é importante o setor ficar atento com todo o cenário econômico do país.

“O comércio pode não sentir tanto por causa da movimentação das festas de fim de ano, porque ela camufla esses índices negativos, tanto pela expansão nas vendas que de qualquer forma serão positivas, e as festividades onde as pessoas ficam mais alegres e festivas nesse momento”, diz. 

Glenn alerta que será a partir de janeiro, “que a realidade pode afetar drasticamente todas as atividades econômicas”. 

Agosto foi ruim, mas o ano está bom

Quem por outra parte está bem mais otimista é o economista Aroldo Rodrigues, pois, acredita que mesmo tendo esta redução no comparativo de agosto, o que se deve analisar é o ano como um todo.

“Obviamente não é bom ter uma redução de crescimento, mas são naturais e isso acontece entre os meses”, acredita. Para Aroldo, o desemprenho poderia ter sido melhor que o esperado no mês de agosto, e no de setembro. Pois, há essa sazonalidade apesar de que os dados e medições já tentam anular isto.

“Foi de fato diferente da expectativa”, admite. 

Aroldo também diz que para o crescimento do ano a expectativa é de 2.7% que foi revisado de novo pelo boletim Focus do BC, que é um relatório que o BC divulga toda segunda-feira. Onde foi reajustado para cima esse crescimento nessa semana. E que algumas semanas atrás, vinha de uma sequência de 14 reajustes positivos consecutivos. Onde apontava que o Mercado era muito cético com relação ao crescimento da economia brasileira.

“Então houve reajustes tanto para o aumento do PIB, quanto do crescimento da inflação”, explica o economista.
Para ele, outro ponto positivo é dizer que a taxa de juros está muito alta, esse é um remédio contra a inflação, pois, no mundo inteiro está alta e no Brasil não é diferente.

“Por isso, o que se tem que fazer é aumentar a taxa de juros que é um dos artifícios uma das ferramentas pra redução de inflação. Que também freia o desenvolvimento da economia, freia o crescimento da economia”, admite. 

Aroldo ressalta que este crescimento menor do que o esperado para o mês pode ser já um reflexo de inflação. “A indústria também tá um pouco receosa, mas temos o setor de serviços que devem compensar isso”, informa.

Por isto, o economista reforça que de fato não é um indicador positivo, mas quando se olha no ano a economia brasileira vem crescendo muito acima da expectativa.

”Isso vai ser visto aos poucos pelo consumidor e pelo cidadão, que já começa a ver algum tipo de movimentação econômica, mas dada a toda situação que vivemos por conta da pandemia, para boa parte da população o crescimento pode ainda não ser visível e ser sentido pelo cidadão”, finaliza.

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