Economia

63% dos trabalhadores ficam sem dinheiro antes do final do mês, diz pesquisa

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 30/01/2024 às 21:54.
63% dos trabalhadores brasileiros, incluindo aqueles com carteira assinada, enfrentam dificuldades para cobrir despesas básicas até o final do mês (freepik)

63% dos trabalhadores brasileiros, incluindo aqueles com carteira assinada, enfrentam dificuldades para cobrir despesas básicas até o final do mês (freepik)

Uma pesquisa encomendada pelas fintechs (empresas de tecnologia financeira) Zetra e SalaryFits, em parceria com a On The Go, revela que 63% dos trabalhadores brasileiros, incluindo aqueles com carteira assinada, enfrentam dificuldades para cobrir despesas básicas até o final do mês. A situação financeira preocupante não só afeta o bem-estar individual, mas também tem impactos na saúde física e mental, evidenciados por altas taxas de estresse, irritabilidade e redução da produtividade.

A análise destaca que mesmo trabalhadores com renda superior a 20 salários mínimos enfrentam desafios, sendo mulheres e jovens até 30 anos os mais impactados. A pesquisa também ressalta os efeitos negativos, como estresse (58%), irritabilidade (44%), diminuição da atenção (44%) e redução da produtividade (34%), que não apenas prejudicam o indivíduo, mas também afetam negativamente os negócios.

A balconista de uma loja em Montes Claros, C.M., que preferiu não se identificar, diz que chegar ao fim do mês com dinheiro tem sido um desafio. “Muito difícil, muito difícil. Tenho que escolher qual conta vou atrasar, se a Cemig ou a Copasa, porque não posso ficar sem o telefone, porque preciso para trabalhar”, comenta. 

Com um salário de R$ 1.320, sem cartão-alimentação e morando sozinha, a balconista relata a dificuldade em equilibrar as contas — “Devido a isso, tenho que pagar todas as minhas despesas, incluindo comida e remédio, que, aliás, só vou poder comprar no próximo pagamento, e estou a uma semana sem ele, passando mal, mas com esse mínimo e sem ajuda de mais ninguém, não posso fazer nada, vivo estressada”. 

Para ela, o supérfluo e lazer estão fora de cogitação — “Não posso nem pensar em viajar, e se preciso comprar algo que não seja comida e remédio, como roupa, por exemplo, vai no cartão de crédito. Não tem outra forma”, finaliza. 

EDUCAÇÃO FINANCEIRA
A pesquisa das fintechs classifica as despesas como essenciais, necessárias e supérfluas, destacando a dificuldade de cobrir custos vitais como moradia, alimentação e saúde. Diante dessa falta de recursos, muitos optam por cartões de crédito, cheque especial ou empréstimos, elevando o endividamento e sublinhando a necessidade de educação financeira. 

Segundo o professor de economia, Marcos Fábio Oliveira, a principal questão no Brasil é a carência de educação financeira. Ele destaca a ausência desse ensino essencial, ressaltando que, ao focar em disciplinas menos práticas, muitos acabam acreditando erroneamente que o cartão de crédito é uma extensão do salário, resultando em longos períodos de endividamento.

“Quem ganha pouco tem que se reinventar, tem que fazer o empreendedorismo por necessidade. Vai usando as suas horas livres para fazer coxinha, um serviço extra pra completar a renda. Essa é uma medida saudável, né? Ou seja, está criando a geração de renda. Mas a solução, mesmo é ter uma educação financeira”, avisa.

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