Márcia Braga
Colaboração para O NORTE
O Cinema Comentado Cineclube, uma promoção da prefeitura através da secretaria municipal de Cultura, fecha a programação de outubro, no sábado, dia 25, com o documentário O Senhor do Castelo, dirigido pelo paraibano Marcus Vilar. “Eu classifico que no mundo há dois tipos de pessoas: as que concordam comigo e gostam de mim... e as equivocadas!”
Com essa frase, Ariano Suassuna inicia o longa metragem que conta a história e as estórias do escritor. O filme narra a trajetória de vida de Suassuna, sua luta pela identidade da cultura brasileira, e pela redução da desigualdade social e cultural. Emocionante, Ariano revive os momentos lúdicos da infância (marcada pela perda do pai), a sua vontade de escrever, os movimentos culturais que participou, e o processo criativo com as figuras populares que permeiam suas obras.
Com locações na Paraíba, Pernambuco e Rio de Janeiro, a produção tem o apoio dos cineastas Guel Arraes, Luiz Fernando Carvalho e George Jonas, que cederam as imagens de filmes adaptados de obra de Suassuna. Para o crítico Lúcio Vilar, o filme assume “o desafio de filmar Ariano. O privilégio de tê-lo sob o foco pode revelar-se uma operação de altíssimo risco, dada a dimensão do personagem a ser documentado. Ora, o criador de João Grilo & Chicó tem sua dramaturgia amplamente reconhecida e legitimada pelos palcos, tevês e cinema brasileiros. O paraibano nascido no Palácio da Redenção já habita por assim dizer o panteão dos homens-mito. Em vida, diga-se”.
Elaborado com consistência estética, O Senhor do Castelo destaca-se pela fotografia elaborada, trilha sonora discreta e narrativa envolvente: o roteiro flui naturalmente conquistando o espectador. “O timing é dado pelo personagem em sua incomum habilidade para falar de si mesmo, refletindo com isso sobre o DNA da cultura nordestina e o discurso da resistência. A platéia aplaude e pede bis”, conclui Vilar.
As sessões do Cinema Comentado Cineclube acontecem sempre aos sábados, na Sala Geraldo Freire (ao lado da câmara municipal), a partir das 19h. A entrada é gratuita e há sempre um bate-papo após as exibições.