Uma vida pela música: professora e cantora montes-clarense Mel Callado fala de sua carreira

Adriana Queiroz
O Norte
21/03/2020 às 03:37.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:02
 (Divulgação)

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O interesse pela música surgiu muito cedo na vida de Maria Amélia Castilho Feitosa Callado, a Mel Callado. Aos 10 anos, vivia pedindo à mãe que a colocasse no conservatório da cidade. Até que um dia juntou o dinheiro da merenda para se inscrever. Foi lá, fez o teste e passou. “Aí, pedi minha mãe que fosse me matricular”, conta.

O Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez (Celf) é a segunda casa de Mel Callado. Estudou piano, canto, educação artística, ballet e teclado. Participou durante anos do Coral Lorenzo Fernandez, com apresentações em diversas cidades brasileiras e na França, em 2005, em comemoração ao ano do Brasil na França.

Participou do grupo lírico Bezzi, que já se apresentou em diversas cidades do país e foi solista dos Corais Lorenzo Fernandez e Júnia Melo Franco.

No piano, levou alunos para diversos concursos e fez parte da organização de concursos nacionais em Montes Claros. Participou de algumas óperas, como do coro da “Carmem”, e com papel importante fez em “A Flauta Mágica de Mozart”, o papel da rainha da noite. Em “O Fantasma da Ópera” fez a prima donna. 

Lecionou durante 27 anos no Celf, ministrando aulas de piano, canto e teclado. Lá, foi coordenadora, levando o curso de teclado de ensino médio para a escola. Atualmente, está aposentada, mas ainda participa do grupo lírico Bezzi.

O espetáculo “A Flauta Mágica” marcou de forma especial a vida de Mel Callado. A cantora teve pouquíssimo tempo para preparar a personagem, mas contou com uma grande ajuda da amiga Patrícia Eugênio, que veio do Espírito Santo para fazer o mesmo papel.

“Estava me preparando na época para entrar no mestrado e viajando simultaneamente para um festival de corais, com o coral universitário do qual era preparadora vocal e solista”, conta.

No currículo, consta diversos cursos com pessoas influentes do meio musical. Fez masterclass com Gilchris Sprauve (Estados Unidos), Patrícia Morandini (Itália), Antônio Adame (Espanha), Antônio Salgado (Portugal), Denise Tavares (Brasília), Marcos Thadeu Miranda (São Paulo), Regina Coelho (Belo Horizonte) e Viviane Donner (Belo Horizonte-canto popular). 

No piano, fez aulas e masterclass com Flávio Augusto, Sérgio Magnani, Luiz Senise e Marina Lorenzo Fernandez.

Na área de canto coral e regência também participou de diversos masterclass, incluindo com o maestro Eduardo Lakschevitz.

Mel Callado foi solista com a orquestra da Polícia Militar de Minas Gerais no 15º aniversário do curso de Artes da Unimontes e cantou neste dia “O Guarani”. Foi regente do Coral Infantil da Unimontes, do Coral da Receita Estadual de Montes Claros e atualmente é a regente e coordenadora do Coral Universitário Clarice Sarmento, da Unimontes.

Desafios para manter o Coral Clarice Sarmento
O coral Clarice Sarmento teve início em 2016, quando Mel Callado começou o doutorado. “Foi um período muito difícil, mas consegui recuperar o coral, que estava desativado. Como o público é rotativo, temos que abrir seleção para adquirir novos cantores”, conta. 

Neste ano não foi possível ainda realizar a seleção, adiada por causa da pandemia do Covid-19. Foi feita a divulgação nas mídias e muita gente se inscreveu.

Na programação do coral para este anos estão uma ópera – “As bodas de Figaro” – e um Festival de Corais, que deverão acontecer após liberação do governo para retorno ao convívio social.

Para Mel Callado, o maior desafio é conseguir pessoas com qualidade vocal e comprometimento para participar do coral.

“Com a pandemia, também temos muitos desafios a serem enfrentados, mas contornamos com a ajuda da tecnologia para ensinar e aprender a distância. E enfrentamos também dificuldades com verbas para realizar eventos”.

E recomenda: “ouço muita música francesa popular, além das músicas de concerto que acalmam o espírito, músicas populares brasileiras com letras que me dizem alguma coisa, que fazem refletir ou sonhar”.

A artista gosta de arte em geral e talvez por isto resolveu unir sua formação em Letras e em Música na sua dissertação e tese. A dissertação será publicada em breve e trata da análise do romance “Acenos e Afagos”, de João Gilberto Noll, publicado em 2008, comparado à Paixão segundo São Mateus de Johann Sebastian Bach. 

“A proposta surgiu após conhecer a obra desse escritor maravilhoso que nos deixou em 2017, mas marcou a literatura pós-moderna com seus textos que são um misto de protesto e poético”, revela.

A tese trata do primeiro romance de Noll comparado estruturalmente com a cantata Actua Ttrágicus de Bach. Noll era um apaixonado por Bach e como Maria Amélia com seus estudos pianísticos, também se apaixonou pelas dificuldades e pela sonoridade imposta por sua obra.

Mel tem contato com todas as artes em geral. Atualmente é professora de canto na universidade, mas também dá aulas de piano e teclado, além de ter ministrado inúmeras disciplinas, tanto no conservatório como na universidade.

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