Tomem seus lugares na praça

Show “Vida Consagrada”, com Elcio Lucas e banda, abre Festas de Agosto

Adriana Queiroz
09/08/2019 às 07:32.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:55
 (ARQUIVO PESSOAL)

(ARQUIVO PESSOAL)

O compositor, violonista e cantor norte-mineiro Elcio Lucas, de 62 anos, sobe ao palco na Praça da Matriz, no próximo dia 14, com o show “Vidas Consagradas”, ao lado de Márcio Durães (teclados), Sandro Marques (baixo elétrico), Robin Rocha (bateria), Alexandre Zuba (percussão), Edson Lima (guitarra) e Marcelo Andrade (sopros).

No repertório, canções do CD “Vago Universo”, a canção “Vida Consagrada”, que foi gravada com o Grupo Raízes e que dá nome à apresentação, e inéditas. “Como diria o grande cantor e professor Eladio Pérez-González, modéstia às favas o nosso show está imperdível. Portanto, cheguem cedo e tomem os seus lugares. Venham partilhar conosco a alegria desse encontro musical”, convida o artista.

Quando criança, Élcio aprendeu violão com a saudosa professora Geni Rosa, no Conservatório Estadual Lorenzo Fernandez, em Montes Claros. Desde então, se interessou pela composição de canções. Durante os estudos de engenharia civil em Belo Horizonte, se uniu a outros estudantes parceiros, músicos e letristas, venceu alguns dos mais importantes festivais da canção popular em Minas.

Posteriormente, abandonou o curso de engenharia pela carreira musical, integrou o Grupo Raízes como cantor e violonista, atuando também como um dos compositores. Com o grupo, se apresentou em diversos teatros da capital e do interior de Minas e do país, tendo participado da abertura de shows de Elis Regina, Fagner e Simone.

O NORTE conversou com Elcio. Confira: 
 
Nos fale um pouco do CD Vago Universo e de seu novo projeto:
Ter concretizado o CD Vago Universo foi maravilhoso, pois ali pude reunir uma série de canções que, apesar de compostas a longa data, ainda não haviam sido gravadas, bem como apresentar outras mais recentes. Saci de Serra, por exemplo, foi composta em parceria com João Rodrigues na época que éramos estudantes de engenharia, durante a ditadura militar, e canta a força da liberdade de expressão frente a repressão e a censura. Foi uma canção premiada em muitos festivais. Impulsionou muito a minha carreira. A produção do Vago Universo foi do Ian Guedes, com direção musical minha e do Ewany Borges. Gravado no estúdio Verde, em Belo Horizonte, Vago Universo contou com a participação especial de Leopoldina (voz em Estrela), Juarez Moreira (violão solo em “Deseo”), Célio Balona (acordeon em “Juriti”) e com músicos de comprovada competência e invejáveis currículos profissionais, resultando em um álbum muito bem acabado e que tem me dado a grata satisfação de perceber o quanto os ouvintes têm gostado do trabalho. O novo projeto é a gravação do álbum Vida Consagrada, que pretendo iniciar ainda este ano, em que pretendo apresentar um novo repertório com uma roupagem mais acústica.
 
Que avaliação faz da sua trajetória musical?
Avalio a minha trajetória musical como um destino inevitável, dado o interesse pela música que desde criança manifestei. Em se tratando da carreira musical, dado os sucessos e percalços que evidentemente há em qualquer trajetória artística, chegar em 2019 cantando, gravando e compondo é motivo de muita alegria, pois a música é revigorante físico e mental.
 
Alguma de suas canções é mais representativa para você e por quê?
Algumas canções são afetivamente representativas devido o contexto no qual surgiram, como Saci de Serra e a repressão então vigente. Cada uma tem uma história. Vida Consagrada, por exemplo, surge no decorrer dos anos intensamente vividos com o Grupo Raízes, de forma inesperada, já que a parceira da canção é a Mença, que trabalhava na casa da minha mãe e que me apresentou um cantochão que falava da vida consagrada, uma vida “tudo ótima”, que as estrelas estão caindo no mar e que uma carta de folia a fazia lembrar que era para não acreditarmos em ninguém, só para acreditarmos em nós mesmos. Então é uma coisa sensacional de beleza e profundeza. Essa canção gravei com o Raízes, dá nome ao nosso show nas Festas de Agosto e intitulará o álbum que pretendo breve gravar. 

Como se desenvolveu o gosto e cultivo da leitura? Que leituras te marcaram?
O universo literário se fez presente desde as histórias orais ouvidas na infância, principalmente vindas de minha mãe e de Sulina, uma senhora que morava com meus avós e que tinha um repertório bastante vasto de contos que misturava o real e o insólito, coisas de um sertão imaginário atado à cosmogonia do planeta e à dura vida dos sertanejos, envoltos ainda no universo dos reinados, preconceitos e patriarcalismos herdados do sistema colonial. Para a criança que então eu era, a palavra assumia esse seu poder de instaurar universos paralelos, enquanto examina a nossa vida corrente. Esse gênero mais tarde reconheci na literatura de um Garcia Marquez e de um Murilo Rubião. Incontornáveis, Machado, Drummond, José Lins, Graciliano, Bandeira, João Cabral, Érico Veríssimo, Oswald e Mário de Andrade, Clarice Lispector, Nelson Rodrigues e tantos outros, foram lidos e relidos já no curso de Letras na USP, em São Paulo, que fiz tardiamente quando resolvi retornar à universidade acossado pelas decantadas dificuldades em se manter financeiramente no mercado artístico no país. A porta da faculdade pareceria estreita, mas o campo que se abriu ao atravessá-la foi imenso. Daí para o doutorado, bolsa de estudos em Portugal, vir trabalhar no curso de Letras da Funorte e, posteriormente, na Unimontes, na qual estou concursado, foi um pulo.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por