A oficina “Arte no Campo”, liderada pelo artista autodidata Gemma Fonseca, está promovendo uma verdadeira revolução na vida de jovens aspirantes a artistas na comunidade rural de Santa Cruz, em Montes Claros. O projeto, contemplado pelo Edital Nº 016/2023 da Secretaria Municipal de Cultura, oferece uma introdução ao universo das artes plásticas, permitindo que os participantes desenvolvam sua criatividade e descubram novos talentos.
Entre os participantes está Nereu Júnior, que viu na oficina uma oportunidade de aprimorar seu talento e reacender o sonho de se tornar desenhista. “Desde pequeno, sempre sonhei em ser um desenhista famoso, mas achei que era um sonho distante”, revela Nereu, que foi incentivado por seu tio a participar. Para ele, a experiência tem sido valiosa: “Estar entre pessoas com os mesmos sonhos e aprender com um profissional como o Gemma é uma chance única”.
Nereu destaca a dedicação do artista como uma fonte de inspiração: “É incrível ver a dedicação de Gemma. Ele é um excelente profissional e aprendi com ele coisas que achava que já sabia”. O jovem acredita que a oficina poderá revelar muitos artistas que contribuirão para a comunidade e para o mundo da arte, um campo frequentemente negligenciado. “Digo isso porque sei que não é fácil para um artista crescer sozinho em um mundo que muitas vezes não o valoriza devidamente”, afirma.
Gemma Fonseca
Gerônimo Martins da Fonseca, conhecido como Gemma Fonseca, possui uma reconhecida trajetória nas artes plásticas. Iniciando sua formação artística aos 18 anos, por meio de um curso de desenho à distância, ele abandonou a carreira militar para se dedicar integralmente à arte. Ao longo de mais de cinco décadas, realizou exposições em diversas cidades brasileiras e até em Roma, em 2008.
Gemma revela como percebeu o potencial artístico dos jovens da zona rural durante suas oficinas “Aqui na região tem vários talentos na área da música. Bons cantores e tocadores de viola. Então imaginei que poderia encontrar algum talento escondido no campo das artes plásticas também. Afinal, artista é artista. Restava-me descobrir”.
O principal desafio, segundo o artista, foi medo dos alunos. “O desafio foi quebrar o medo de alguns garotos de iniciar um desenho. Então eu ia na brincadeira dizendo ‘não tenha medo da tela, ela que precisa ter medo de você. Quero ver a tela tremer’ ( risos) e assim foram se soltando”.
Atualmente, Gemma vê na oficina “Arte no Campo” a realização de um sonho antigo: “Ensinar arte para jovens e crianças da zona rural é uma forma de valorizar o talento e mostrar que a arte também pode surgir em lugares improváveis”. Devido ao interesse dos alunos, o artista planeja oferecer quatro aulas extras além das inicialmente programadas. Ao final do projeto, as obras produzidas pelos alunos serão exibidas em eventos culturais locais e será criado um painel artístico em colaboração com os participantes em um espaço público escolhido pelos moradores. A oficina “Arte no Campo” segue até o final do mês de novembro.