Psiu Poético homenageia Osmar Oliva

Um dos homenageados Psiu Poético deste ano é o professor de Literatura da Unimontes - Universidade Estadual de Montes Claros. O contista, ensaísta e poeta falou com a reportagem de “O Norte”.

Jornal O Norte
04/10/2013 às 09:33.
Atualizado em 15/11/2021 às 17:12

Adriana Queiroz
Repórter  

Um dos homenageados Psiu Poético deste ano é o professor de Literatura da Unimontes - Universidade Estadual de Montes Claros. O contista, ensaísta e poeta falou com a reportagem de “O Norte”.



Adriana Queiroz: Quando você começou a escrever?
Osmar Oliva: Comecei a escrever assim que aprendi a formar frases. Minha infância pobre me impulsionava para a leitura e para a escrita e eu esperava ansiosamente a sexta-feira, quando minhas professoras primárias reservavam tempo especial para contar história para nós. Sempre escrevi, mas decidi tornar públicos meus escritos quando perdi a vergonha e o medo. Isso quer dizer que faz menos de 10 anos.

A.Q: O que mais lhe inspira a escrever?
O.O: Minha inspiração vem da minha angústia de existir. Eu escrevo a partir de meus momentos de dor, de escuridão, de não saber o que fazer.

A.Q: Quais são suas referências literárias? Que autores influenciaram em sua formação como escritor?
O.O: É difícil apontar um ou outro autor que seja uma referência para mim, pois desde criança lia muito. Mas Machado de Assis ainda é uma presença constante em tudo que faço.

A.Q: Fale-nos um pouco sobre os seus livros. Que mensagem você quer transmitir para as pessoas através de sua obra?
O.O: Tenho seis livros de poemas e um de contos. Não sei se há alguma mensagem especial para algum leitor. O que eu sei é que gosto do que escrevo e espero que meus leitores (será que tenho algum?) os leiam sem preocupação com conselhos ou ensinamentos. Que leiam pelo prazer da leitura. É isso que espero. Ler um poema em voz alta é tão comovente e eu gostaria de ver e de ouvir pessoas falando meus poemas.

A.Q: Quais são seus novos projetos literários? Pretende publicar um novo livro?
O.O: Agora mesmo estou trabalhando um livro de prosa poética, com o título provisório de “Fábula de dois poetas loucos”, já com umas 30 páginas escritas. Os poeminhas publicados no site do Psiu são dessa lavra inédita. Também estou finalizando um projeto muito especial para mim, inspirado nos Gibis do Ray Colares. Trata-se de um “Poema-livro-do-artista”, a que intitulei “Livro de Gênesis”. Nesse livro, atrevidamente, expus-me como artista plástico, no sentido de criar imagens geométricas cujas páginas abertas, juntas, formam uma “tela”. E a palavra poética está inscrita nessas páginas

A.Q: Onde podemos encontrar os seus livros?
O.O: Nunca pensei nisso! Meus livros não estão à venda em lugar nenhum (risos). Nunca imaginei que alguém se interessasse pela minha poesia. Então, publiquei esses livros e dei para os amigos e os enviei para algumas universidades. Se alguém se interessar a partir de agora, entrem em contato comigo (risos).

A.Q: Que dica você dar para as pessoas que estão começando a escrever?
O.O: Que continue a escrever. Eu escrevo desde criança. Joguei muitos escritos fora, e me arrependo. Se alguém tiver encontrado algum trabalho meu por aí, rascunhos a máquina de datilografia, inédito, me devolva, tá?

A.Q: Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil, em especial em Minas Gerais?
O.O: Eu gostaria que todos os livros fossem vendidos por preços acessíveis à população. Livros mais baratos. Apesar de eu acreditar que não é o preço do livro que afasta o leitor. É a sua prioridade. As pessoas compram perfumes de 90,00; gastam 130,00 em uma mesa de bar, mas não têm ânimo de comprar meus livros, que custam de 10,00 a 15,00.

A.Q: Como recebeu o convite para ser homenageado no Psiu Poético?
O.O: A homenagem do Psiu-Poético foi um grande impacto em minha vida pessoal e artística. Eu acompanho o Psiu nesses quase 30 anos e estava esperando o convite. Vi pessoas que mereciam menos que serem homenageadas e fiquei triste. Eu escrevo para ser lido, sabia? Assim como pinto quadros para que as pessoas admirem minha pintura. A Unimontes indicou meu livro de contos para o vestibular e eu fiquei imensamente feliz. A homenagem no Psiu veio coroar esse despertar sobre minha criação artística. Há uma dissertação de mestrado em andamento sobre minha ficção. Será que estou morrendo? Somente escritor e mortos chegam à mídia. Tudo em minha vida aconteceu muito rápido. Estou chegando aos 50 e acho que coisas maravilhosas já aconteceram comigo. Mas eu quero viver até quando Deus me permitir. Por mim, fico aqui pintando e escrevendo até meu corpo e minha alma aguentar.  

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