Paula Machado
Repórter
Nasce a cada dia em Montes Claros uma nova banda de pagode. A cidade abre espaço para novos gêneros musicais. Um exemplo é a banda “Virô Mania” formada a partir de um grupo de amigos que sempre se encontravam para fazer um pagode. Com o tempo, foram se profissionalizando e chamaram a atenção de alguns músicos conceituados que decidiram também participar da banda. Com influências no mundo musical de Psirico, Oz bambaz, dentre outros, por onde passa a banda conquista fãs, sucesso e passa muita alegria para quem os escuta.
A banda “Virô Mania” tem um estilo musical mesclado, uma junção do axé e do pagode, o ritmo mais predominante na região.
Formada por doze pessoas, a banda tem três anos de existência e já teve várias mudanças, na última há exatamente um ano, com a saída do vocalista Cora.
Todos os integrantes da banda estudam e trabalham, mas tentam conciliar as atividades com a agenda de shows.
- É muito complicado conciliar a vida pessoal com a banda. Mas estamos conseguindo. É muito gratificante para nós levar adiante esse nosso projeto. Gostamos muito do que fazemos - revela Martoreli, um dos vocalistas da banda.
No início a banda se apresentava em festas particulares e eventos de empresas, mas com a boa receptividade do público, planejam agora lançar um CD oficial, no próximo mês.
A agenda de shows está sempre cheia. Telefones para contato: 91941862 ou 91924651.
O site da banda para acesso é: www.bandaviromania.com.br
O PAGODE NO BRASIL
O pagode surgiu das festas e comemorações feitas nos fundos dos quintais do subúrbio carioca, nas quais se cantava as alegrias e os lamentos das pessoas que lá viviam. Muitos músicos que hoje são considerados grandes sucessos nas rádios e televisões brasileiras, nasceram exatamente dessa manifestação popular completamente marginal aos acontecimentos musicais da grande mídia.
Historicamente, pagode era o nome das festas de escravos nas senzalas. No Rio de Janeiro, o morro e a malandragem lhe deram outro significado, consagrado no final da década de 70, que significava festa regada a muita comida, bebida e samba.
Foi do bairro de Ramos, no subúrbio carioca, que esse tipo de música surgiu para as rádios, as gravadoras e os canais de televisão. Lá, sambistas anônimos e jogadores de futebol se reuniam nos finais de semana para comer, beber e cantar. O pagode só apareceu na mídia depois que Beth Carvalho, numa quarta-feira de 1978, foi, a convite do ex-volante do Vasco da Gama, Alcyr, à quadra do bloco Cacique de Ramos para conhecer um grupo de pagodeiros que fazia um samba bacana.
Era o grupo Fundo de Quintal, que trazia como um de seus vocalistas o ex-diretor de bateria da Escola de Samba Unidos do Salgueiro, Almir Guineto. Beth gostou muito daquele samba misturado com outros ritmos africanos não tão difundidos e da sonoridade nova que a introdução do banjo, do repique de mão e a substituição do surdo pelo tatãn davam à música. Ela passou então a gravar as músicas desses compositores e acabou por revelar nomes como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Grupo Fundo de Quintal e Almir Guineto, entre outros.
Hoje, há dois tipos de pagode. Um é a continuação do trabalho desses músicos e compositores que Beth Carvalho trouxe para a mídia; o outro é o resultado de certos grupos, também do subúrbio, que, na década de 90, imitaram os conjuntos vocais norte-americanos como os Temptations, Stylistics, Take 6 e Four Tops em suas roupas e coreografias sob uma base rítmica próxima ao pagode dos anos 80. Esse pagode dos anos 90 difere, principalmente, do pagode de cantores-compositores como Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Jorge Aragão e Bezerra da Silva na construção das letras e na harmonia mais “adocicada” e adaptada pelos constantes acordes sintetizados dos teclados eletrônicos, os quais dão à música um som muito mais próximo do pop que do samba. Ao dar uma roupagem mais pop para o pagode esses músicos acabaram por torná-lo um produto muito distante de suas originais feições. Os músicos do pagode dos anos 90 introduziram os instrumentos eletrônicos a fim de viabilizar os grandes shows e com isso competir com os sertanejos. A inovação no pagode neste caso veio a reboque das necessidades comerciais.