Paula Machado
Repórter
Preparado para concluir sua quarta edição, o projeto Cultural Itinerante Cinema no Rio, depois de visitar treze cidades mineiras e passar por quatro estados nordestinos – Alagoas, Pernambuco, Sergipe e Bahia - retorna às terras mineiras para promover mais duas sessões de cinema.
Os destinos agora são as cidades de Três Marias e Janaúba, situadas na região Norte do Estado e no vale do rio São Francisco. Em Janaúba, a projeção será no dia 7 de maio, na Praça da Catedral. Já em Três Marias, a visita do Cinema no Rio será no dia 9, na Praça José Ramos Soares Joaquim de Lima.
É a primeira vez que a caravana do cinema brasileiro promoverá intervenções culturais nessas duas cidades.
O Cinema no Rio pode ser definido como um amplo projeto itinerante de exibição de cinema brasileiro em comunidades ribeirinhas do rio São Francisco.
De acordo com o coordenador do projeto, Inácio Neves, é um acontecimento que oferece arte, cultura e entretenimento às populações com acesso restrito a esses bens já que são desprovidos de espaços para a exibição; um projeto que também tem como propósito a inclusão social.
- Nossa idéia é valorizar e resgatar a cultura local, através da produção de documentário em cada cidade por onde o projeto passa, e promover a revitalização dos valores e das tradições culturais locais, por meio do inventário e seleção de documentos, como fotografia e estudo antropológico. Por último, buscamos favorecer o intercâmbio do conhecimento de técnica e conceitos cinematográficos por meio da oficina de cultura – Imagem e Movimento – realizada em cada um dos locais - explica Inácio.
As projeções terão começo sempre com um vídeo específico para cada cidade. A série de filmes, com direção de Bruno Vasconcelos e Inácio Neves, traz pessoas e imagens de cada comunidade.
- Diante da própria imagem que surge na grande tela, as pessoas se manifestam e interagem expressivamente. A captação e a exibição são feitas de modo tão próximos e abertas ao público, que este acaba por desmistificar o poder das imagens produzidas pela mídia oficial – conta Inácio.
Além de ter um cunho cultural, o projeto irá funcionar como pesquisa; no âmbito da fotografia, por exemplo, o projeto registra imagens das comunidades, seu espaço e seus moradores. A pesquisa com características antropológicas, por sua vez, tem o papel de fazer um contato inicial com a população para ouvir suas histórias.
Para a cientista social Fernanda de Oliveira, há uma troca de experiências embutidas nesse contato com as pessoas. Ela ressalta que também é importante conhecer a história de cada indivíduo, o universo de cada um.
- É o encontro de histórias e imaginários, tanto para a equipe do projeto quanto para os moradores que têm impressões e curiosidades com relação à nossa presença - ressalta Fernanda.
HISTÓRIA E TRAJETÓRIA DO PROJETO
A primeira fase do Cinema no Rio – 4ª edição foi iniciada em agosto de 2007, quando treze cidades de Minas foram revisitadas pelo projeto. Neste ano, de 15 a 25 de março, a caravana chegou, pela primeira vez, no baixo São Francisco. O roteiro dessa segunda fase do Cinema no Rio – 4ª edição foi composta por dez municípios dos estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. As sessões em Três Marias e Janaúba integraram a terceira fase do projeto e encerra a quarta edição.
O Cinema no Rio existe desde 2004 e vem sendo realizado de forma ininterrupta. O projeto é idealizado e coordenado pelo produtor cultural mineiro, Inácio Neves, que há 15 anos dedica-se ao trabalho de exibições de cinema ao ar livre e tem em seu portifólio uma série de outras propostas. Somando-se as sessões de Três Marias e Janaúba, o projeto completa 65 sessões de cinema brasileiro em comunidades ribeirinhas do rio São Francisco.
PROGRAMAÇÃO DO EVENTO
A programação é a mesma em Janaúba e em Três Marias. Tem a mesma dinâmica.
Às 15 horas é iniciada a oficina de imagem em movimento e a partir das 19 horas as projeções terão início. Serão exibidos Matinta Perera, O Boto – ambos com direção de Humberto Avelar; Nascente, dirigido por Helvécio Marins; e o festejado Mutum, de Sandra Kogut. Enquanto a equipe técnica prepara a montagem da estrutura de projeção, outra equipe entretém as crianças. No local de cada exibição, duas monitoras vão trabalhar a curiosidade e a imaginação dos pequenos com a oficina Imagem e Movimento. Após uma explicação teórica sobre a origem do cinema e do princípio básico da animação, os alunos serão apresentados à película e aos equipamentos de projeção para, então, construírem seus próprios brinquedos ópticos: o taumatrópio e o flip-book. A oficina é destinada a crianças com idade entre 7 a 14 anos.