A Alemanha é o país de alguns dos maiores compositores da história. E é um grande desafio para alguém de fora conseguir fazer carreira onde viveram ícones da música clássica mundial.
Pois um norte-mineiro, ex-aluno do Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernândez, busca fazer sucesso na Alemanha. André Rabello começou aos oito anos de idade no curso de musicalização em Montes Claros. “A minha mãe, Anete Rabelo, é artista plástica, professora de Arte e minha maior incentivadora. Meu pai, Gilson Matos, também nunca me desencorajou”, diz o cantor. Confira mais da carreira de Rabello.
O que levou você a abraçar a carreira de cantor de ópera?
Quando comecei a estudar canto lírico sempre recebi muito incentivo por parte dos professores. Após dois anos estudando fui chamado para cantar no musical “O Fantasma da Ópera” interpretando o “fantasma”. Essa foi a minha primeira experiência cantando e atuando ao mesmo tempo. Eu que já era apaixonado pela música do Webber, fiquei completamente fascinado em atuar e cantar ao mesmo tempo. Desde então resolvi fazer faculdade de Canto e seguir carreira.
Recentemente você postou nas redes sociais sobre a vida de um cantor de ópera e houve muita repercussão...
É verdade, eu não esperava que este post tivesse toda essa repercussão, mas foi muito legal ver colegas cantores se identificando com essa realidade. Muitas pessoas acreditam que o cantor solista de ópera tem uma vida fácil e de muito glamour. Escuto sempre: “meu sonho era trabalhar cantando”, mas não sabem como são os bastidores e o árduo caminho para chegar até o palco. Conheço muitos cantores talentosos que preferiram abrir mão da carreira de solista e entraram em um coral profissional ou somente exercem a função de professor.
Nesses últimos anos você tem atuado onde?
Vivi cinco anos em São Paulo e esta, sem dúvida, foi uma grande e importante experiência em minha vida. Cantei com o coro profissional da OSESP diversas vezes, fui selecionado para integrar um coral internacional aqui na Alemanha. Cantei em mais de 15 óperas, cantei como solista nos principais palcos do Brasil, como na Sala São Paulo, Theatro Municipal do Rio de Janeiro e Theatro São Pedro.
Como é o público de ópera no Brasil? É mais maduro ou jovem?
De forma geral o público de ópera ainda é mais maduro, porém tenho percebido que os jovens tem tido mais acesso e com isso demonstrado mais interesse por ópera.
Os cantores conseguem viver de ópera ou precisam de outros empregos?
No Brasil, é muito difícil um cantor solista viver somente de óperas, pois não temos muitos teatros, nem muitas produções. Normalmente os cantores solistas também são professores de canto, e assim, transmitem aos seus alunos toda experiência adquirida nos palcos.
Fale de seus papéis
Dois deles que foram muito importantes para a minha carreira. Um deles é o Escamillo (Toreador) da ópera “Carmen”, pela força que o personagem apresenta, pela música maravilhosa do Bizet e por eu ter ganhado o papel no Concurso Marias Callas. O outro personagem é o Figaro de “As Bodas de Figaro” de Mozart, por ser um papel título e que eu me identifiquei bastante. Foi uma grande experiência de muito aprendizado.
Quais são os grandes cantores líricos brasileiros? E cantoras?
Sem dúvida tivemos a Bidu Sayão e a Neyde Thomas, ambas com uma importante carreira internacional. Atualmente temos o barítono Paulo Szot, premiado no Tony Award nos EUA e o soprano Eliane Coelho, com extensa carreira internacional, e que tive o prazer de dividir o palco na ópera “Édipo Rei” no Theatro São Pedro em São Paulo.