Jerúsia Arruda
Repórter
jerusia@onorte.net
Até o dia 27 de fevereiro de 2008, o Brasil canta e se encanta com o Projeto Pixinguinha que, nesta edição comemora 30 anos, com 112 shows de artistas selecionados por edital e músicos convidados.
Realizado pela Funarte – Fundação Nacional de Artes, com recursos federais do ministério da Cultura e patrocínio da Petrobras, em caravanas, o Projeto Pixinguinha leva a pluralidade e a riqueza da música brasileira a todas as regiões do país, com estrutura e produção bem elaboradas, a preços acessíveis.
A 30ª edição, aberta nos dias 17 e 18 de outubro, no Teatro Funarte Plínio Marcos, em Brasília, conta com a participação de músicos convidados como Ivan Lins, João Bosco, Geraldo Azevedo e Zé Renato, Yamandú costa, Rita ribeiro, Selma Reis, Elomar, Eduardo Dussek, além dos artistas selecionados pelo edital, que compõem dezesseis caravanas, que estão na estrada e, até o dia 27 de fevereiro, vão fazer parada em 27 capitais e 12 cidades do interior, com ingressos não custando mais do que R$5,00.
O projeto, criado em 1977, com curadoria de Hermínio Bello de Carvalho, mentor e diretor da primeira edição, já lançou nacionalmente nomes como Zizi Possi, Djavan, Zé Ramalho, Adriana Calcanhoto, Zeca Pagodinho e Zélia Duncan. Além da apresentação dos artistas, o Pixinguinha promove uma reflexão sobre temas com ecologia, saúde pública, políticas culturais, que sempre pautaram a música popular brasileira.
O MAESTRO DAS ENXADAS
Entre os 547 artistas inscritos para participar do projeto, apenas um mineiro foi selecionado: o poeta, escritor, compositor, pesquisador, cantor e músico Babilak Bah que, na verdade, é paraibano, radicado há 20 anos em Belo Horizonte.
A música de Babilak Bah faz um protesto contra a injustiça social e denuncia as mazelas sociais. O músico foi o único selecionado em Minas Gerais para participar 30ª edição do Projeto Pixinguinha
Babilak Bah se apresentou por duas vezes em Montes Claros, pelo projeto ConexãoTelemig Celular, na edição 2006, quando dividiu o palco com o múltiplo artista Jorge Mautner, e em 2007, quando também ministrou oficinas de percussão e criação musical.
O trabalho do paraibano-mineiro é marcado pela experimentação, com a utilização de instrumentos inusitados como o surpreendente berimbacia (instrumento criado pelo músico à base de arco de berimbau e bacia), além de enxadas, que também são utilizadas em combinação com outros instrumentos, formando o enxada-gongo, enxada-bongô, enxadângulos, couro-enxada e marimba-de-enxadas.
Na verdade, a enxada é o principal instrumento utilizado na música de Babilak Bah e sua Enxadário: Orquestra de Enxadas, que mistura a cultura autóctone às novas linguagens, com uma perfomance sonora e visual surpreendentes.
Bah também mistura ao seco e estridente das enxadas a suavidade do violoncelo, violinos, caixa de folia, a alegria do pífano – às vezes dois, tocados ao mesmo tempo pela mesma pessoa – e o peso dos tambores, guitarra, baixo e sintetizador.
O resultado é um show urbano e de vanguarda, onde a poesia convive em pé de igualdade com o protesto, o engajamento e a exuberância da black music, reforçado pelas nuances dos sons nativos e fortes influências da cultura africana, revelando uma colheita musical com intervenções poéticas vigorosas e livres e atiladas experimentações sonoras.
A primeira apresentação de Bah no Pixinguinha acontece no dia 10 de janeiro em São Paulo, ao lado do cantor e compositor Eduardo Dusek. Logo depois, o polifônico músico segue para Florianópolis (dia 13), Vitória (dias 15 e 16), Porto Alegre (18 e 19) e Rio de Janeiro (21).
Aos 44 anos, completados no dia 1º de janeiro, o multiinstrumentista comemora o ano novo mostrando ao Brasil o trabalho que vem desenvolvendo há 20 anos, com a proposta de aliar a arte experimental à ação social, que ele chama de objeto poético e político.
SHOWS
O Projeto Pixinguinha chega a Minas Gerais com a caravana 13 - Aquattro e Selma Reis, nos dias 19 e 20, em Belo Horizonte, com apresentação no Palácio das Artes, às 20 horas. Os ingressos custam R$ 5 (inteira) e R$ 2 (meia).