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Segunda-Feira,25 de Novembro

Montes Claros vive um tempo sagrado

Jornal O Norte
15/08/2007 às 10:45.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:12

Começam hoje os festejos religiosos, motivo maior da realização das Festas de Agosto. Depois de hasteada a bandeira em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, Montes Claros se transforma em um templo sagrado

Jerúsia Arruda


Repórter


jerusia@onorte.net

Ora viva e reviva viva São Gonçalo, vivaViva Mestre Zanza, vivaViva os Caboclinhos e os Marujos, vivaViva os catopês, viva

Quarta-feira, 15 de agosto de 2007. Pelas ruas de Montes Claros, catopês, marujos e caboclinhos cantam a própria fé.

Popularmente conhecida como Festa dos Catopês, as festas de agosto, que remontam a própria história de Montes Claros, volta a inebriar os sentidos com o ritmar dos tambores, a alegria dos cantos e bailados e as cores vibrantes que deixam a cidade em euforia.

Na noite de hoje, os ternos de catopês se reúnem na sede da Associação dos ternos de catopês, marujos e caboclinhos de Montes Claros, no bairro Morrinhos, de onde saem em cortejo até a Igrejinha do Rosário, no centro da cidade, onde será erguido o mastro com bandeira em homenagem a Nossa Senhora do Rosário.

Participante da festa há 70 anos e completando 74 anos de idade nesta quinta-feira, 16 agosto, João Pimenta dos Santos, o Mestre Zanza, acompanhado de seus familiares e catopês, devotos de Nossa Senhora e Divino Espírito Santo, ergue a bandeira em homenagem à rainha da festa.

Entre cantos e vivório, enquanto o mastro é erguido, os devotos saúdam os catopês ausentes (todos os Catopês que já morreram) e os presentes (os vivos e os mortos que ainda não saíram deste mundo).




Na noite desta quarta-feira, pelas mãos de Mestre Zanza, a bandeira de Nossa Senhora do Rosário é erguida aos céus: a partir de então, é instaurado um tempo sagrado na cidade

Tradicionalmente, neste dia, os catopês não usam seus trajes de festa. Segundo o coordenador da festa e presidente da Associação, Mestre Zanza, é necessário um rito de passagem, que faça a conexão entre os três planos do mundo dos catopês para que o eixo do mundo se concretize e sacralize o tempo festivo. Por isso catopês vestem trajes comuns no primeiro dia da festa.

A partir desse ritual, reis, rainhas, imperador e imperatriz reinam durante três dias em Montes Claros, protegidos pelos respectivos santos padroeiros.

Nas manhãs de quinta-feira, de sexta-feira e de sábado os ternos saem do Automóvel Clube de Montes Claros, percorrem as principais ruas do centro da cidade até chegarem à igrejinha do Rosário, na avenida Coronel Prates, onde é celebrada missa.

O reinado desfila sob um pálio, uma espécie de manto ou capa, precedido por príncipes e princesas representando a corte. A banda de música do 10º Batalhão de Polícia Militar completa o cortejo alternando dobrados com os cantos dos dançantes.

A cada dia, após o ritual, os mordomos oferecem almoço aos participantes de seus respectivos grupos. Na hora da refeição os catopês cantam: Viva o rei, viva a rainha, vamos comer arroz com galinha.

Após o cortejo da manhã de sábado, os ternos recebem os grupos de congado visitantes que vêm participar do Encontro de Ternos de Congado de Minas Gerais. Até domingo os grupos se reúnem, fazem visitas às famílias da comunidade que pedem oração, e somente no final da tarde de domingo voltam a desfilar pelas ruas. Nesse dia, é realizada a procissão de encerramento, com participação de todos os ternos de Montes Claros e grupos visitantes, que colocam suas vestimentas bem lavadas, dançam e cantam ao som de tambores, em homenagem aos santos devotos. Após a celebração da última missa na igrejinha do Rosário, reis, rainhas e imperadores são coroados; são escolhidos os mordomos da próxima festa; os mastros são descerrados e os devotos reiteram a promessa de voltar no ano seguinte para cumprir nova missão.

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