Paula Machado
Repórter
O músico, compositor e intérprete Elthomar Santoro depois do lançamento do CD “Pequi the killer e os bonecos de ventríloquo”, em fevereiro, participa do projeto mãos às artes levando seu rock irreverente de volta aos palcos. No show, que acontece nesta quarta-feira, dia 30 de abril, a partir das 20h30 na sala Cândido Canela do Centro Cultural Hermes de Paula. O músico tocará em seu show músicas inéditas como “País emporcalhado” e “Rola boa de bico”, que o autor classifica como pornômusic. São dois rocks que Santoro produziu e compôs nos anos 1970 e 1980. Elthomar Santoro se apresenta com o músico Márcio Augusto, ao violão. A entrada é gratuita.
Hoje o músico conquista um público novo, mais jovem que passou a gostar e admirar suas canções, o que antes era diferente, pois só o conheciam através de algumas músicas.
- Acho que desperto muita curiosidade entre essa galera mais jovem, porque faço uma música diferente da que está na mídia. E Montes Claros está mudando, as pessoas parecem que estão mais ligadas na literatura - relata o músico.
O rock para o cantor é uma maneira de expressar sua opinião, como ele afirma que é através dele que tem liberdade para se expressar, botar para fora o que lhe inquieta.
SURGIMENTO DO ROCK’N’ROLL
O rock’n’roll foi dos estilos musicais mais controversos já criados na história da música. Surgiu em meados da década de 50, nos Estados Unidos, oriundo, primordialmente, do blues e da country music do sul daquele país. Desde seu nascimento, o rock gerou polêmica, seja por causa da simplicidade de suas estruturas musicais, da atitude transgressiva de seus executores ou da pretensa rebeldia que de seus fãs emana. Os primeiros roqueiros, Bill Haley, Chuck Berry, Little Richard e alguns outros, tornaram-se artistas de espetacular sucesso justamente por causa dessas características, o que os fez amados pelos jovens e odiados pelos pais conservadores. Com o tempo, porém, o rock foi modificando-se, pulverizou-se numa miríade de sub-estilos (rockabilly, punk, hard rock, heavy metal etc.) e foi assimilado pela mídia e pela cultura ocidental como um todo, enfim, transformou-se num produto de consumo cuidadosamente articulado para ser lucrativo. Mesmo assim, ainda existem em seu âmago as marcas que o acompanham desde sua concepção: rebeldia, atitude, transgressão, anti-sociabilidade e muito, muito dinheiro envolvido.
Desde o surgimento do ritmo nos Estados Unidos, os brasileiros aprenderam a apreciar os grupos e cantores que faziam sucesso no resto do mundo. No final da década de 50 e começo da de 60, Sérgio Murilo e Celly Campelo recebiam os títulos de rei e rainha do rock nacional, por causa dos covers que faziam e de suas famosas composições “Marcianita” e “Broto Legal”. Pouco tempo depois, os músicos começavam a manifestar as influências sofridas pelo sucesso do rock, compondo músicas neste estilo. O fenômeno conhecido como Jovem Guarda, que conquistou o Brasil na década de 60, é um bom exemplo de como nossos artistas utilizavam-se da cultura norte-americana. Os grandes hits de muitos dos grupos daquela época eram covers traduzidos de músicas estrangeiras, com arranjos levemente modificados. Cantores como Wanderléia, Silvinha, Eduardo Araújo, Renato e seus Blue Caps, Jerry Adriani, The Fevers, Golden Boys e muitos outros, tornaram-se famosos justamente por causa destes covers. É claro que todos, tinham suas próprias canções, que também ganharam reconhecimento do público daqui, mas, sem dúvida, o primeiro impacto sempre era conseguido através de um cover. Dois dos maiores compositores deste tempo eram Roberto Carlos e Erasmo Carlos, cujas músicas fizeram muito sucesso e foram cantadas por quase toda a turma da Jovem Guarda. Na verdade, existia um grande rodízio de composições feitas e cantadas por todos, como se a Jovem Guarda fosse uma grande família. A divulgação dos brasileiros do rock’n’roll era feita através de um programa televisivo transmitido nas tardes de domingo, chamado justamente Jovem Guarda. E daí saiu à denominação do movimento. Nesta mesma década de 60, surgiram outros grupos de rock que passariam a ter grande importância no desenvolvimento do estilo no Brasil. Em 1966, nasceu o mais irreverente dos grupos, cuja vocalista ruiva é considerada, até hoje, titia do rock nacional. A banda os Mutantes formada por Rita Lee, Sérgio Dias e Arnaldo Baptista, nunca obtiveram grande sucesso comercial, mas seu pioneirismo influenciou toda uma geração futura.