Luthier: a arte da sensibilidade

Jornal O Norte
Publicado em 20/05/2009 às 11:09.Atualizado em 15/11/2021 às 06:59.

Michelle Tondineli


Colaboração para O NORTE



A lutheria é a arte que trabalha apenas com instrumentos de corda, como o violão, o violino ou o baixo, mas, generalizou-se o uso do termo para denominar os Luthier, os profissionais que trabalham com todos os instrumentos, seja com a construção e manutenção de instrumentos musicais com corda, sopro ou percussão. O Luthier também é responsável por construir, manter e afinar instrumentos, portanto deve entender bem das especificidades de cada um deles.



(foto: XU MEDEIROS)


null


Leonildo Alves Santos começou


a fabricar violão em 2003.



Atualmente, o mercado de trabalho para esse profissional, quando autônomo, depende basicamente da clientela que ele adquire e, na maioria das vezes é amplo, levando em conta que as profissões ligadas direta ou indiretamente ao lazer costumam ter grande campo de atuação. A condição do mercado está estritamente ligada à rotina dos músicos, quando os shows são mais frequentes, as reparações e manutenções também são.



Já no setor privado, o campo de atuação ainda é restrito, porém muitas lojas especializadas estão surgindo, o que promete aquecer o mercado. A profissão mudou muito de uns tempos para cá, uma vez que muitas novas tecnologias foram descobertas, facilitando e aprimorando muito o trabalho do profissional e diminuindo o tempo de produção de um instrumento.



MÚSICA E INSTRUMENTO



O músico Marco Antônio Almeida, conhecido como Marcos Antalme, é funcionário da loja de música Massimo e se envolveu com a música há 20 anos.  Luthier há quase cinco anos, trabalha com a criação e concertos de violão, carrom, xereque, ralador e outros de percussão. Para Marcos o instrumento xereque exige grande atenção.



- A produção dele demora uma semana, precisa de cabaça, miçangas para a trança, cordão encerado, verniz e tinta. A trança de miçangas fica em volta da cabaça, produz um som fantástico - revela.



Além de ser luthier, Marcos é músico do ministério de louvor Divina Retardação, e realiza produções musicais e alguns shows como Cacau com Mel, Turnê do Palhaço Frajola e outros. Ele também já participou de várias bandas, como Pentaus, Pra Abalar, Forro Proibido Cochilar e outros.



MARCENARIA



Já o professor e marceneiro Leonildo Alves Santos, se interessou pela Lutheria na conclusão da sua faculdade de música, desde 2003, quando conciliou a marcenaria com a música. A primeira produção começou com violões, ficando bom somente no sétimo.



- Antes da música queria fazer faculdade de arquitetura. Como em Montes Claros não existia o curso fui fazer música - diz.



Lêo Alves ainda revela que construir um violão dura cerca de um ano e meio, isso porque o instrumento passa por um processo de colagem, modelagem, analise da qualidade sonora, como em aparelhos eletrônicos ficaria e com ele sai sozinho em estúdio, “deve-se olhar a densidade do instrumento, pois cada parte do violão exige uma madeira especifica, ela pode ser Jacarandá, Pau Brasil, Jatobá e outras”.



- Para produz violões de seis e de doze cordas, viola, cavaquinho, guitarra, rabeca, carrom, “mas a minha especialidade ainda continua sendo o violão”. A procura por violões artesanais é baixa, somente pessoas que gostam do bom som a procuram. Pois, o custo é alto, variando de dois mil a quatro mil reais completos, com parte elétrica, afinador e estojo personalizado com marca - ressalta.



APRENDIZADO



De acordo com Lêo Alves, várias pessoas já quiseram aprender a construir um instrumento, mas como o tempo é curto fica complicado, pois nem sempre todos conseguem conciliar o mesmo horário.



Para a produção dos instrumentos ele teve que aprender sozinho com muita pesquisa na internet, nas lojas, “pois ninguém quis me dizer o caminho certo a seguir, desta forma eu consegui criar a minha própria técnica, melhorei a forma de colocar a mão, de tocar”. 



Hoje os pedidos não param de chegar para Lêo, tanto que vende para o estado de Minas Gerais e São Paulo, “espero poder montar um site pra realizar as vendas sem precisar sair daqui, pois o clima daqui quando esta quente é ainda melhor para a produção, quando fica nublado o instrumento precisar ir pro baú”.



SERVIÇO



Para conhecer melhor o trabalho do Lêo Alves, basta ligar nos telefones (38)3215-2265, 8829-1340 e 9161-5407, ou visitar sua marcenaria na Avenida Lúcio Narciso, 361, Bairro Planalto.



CRIATIVIDADE QUE AJUDA NA PROFISSÃO



Não é difícil ser um profissional da música, basta entender e compreender de música, sua história, instrumentos e suas necessidades. Além destes critérios, é necessário possuir dinamismo, sensibilidade musical, facilidade de desenhar, detalhismo e criatividade.



O melhor de tudo é que não precisa ser graduado na lutheria, deve-se as técnicas e especificidades de cada instrumento com algum mestre na condição de aprendiz, ou até mesmo por meio de cursos, palestras e workshops, muito interessantes para o desenvolvimento do profissional. Na maioria das vezes, o profissional que se torna Luthier também é músico.



ATUAÇÃO



As áreas de atuação e especialidades para o Luthier são as mais diversas possíveis, lojas de instrumentos musicais, na qual pode trabalhar em lojas de instrumentos musicais, assessorando os clientes e realizando manutenções. Fábricas de instrumentos, onde cuidam exclusivamente da construção de instrumentos. Oficinas próprias em que pode trabalhar em sua oficina própria, atendendo clientes, realizando manutenções e construindo instrumentos. Muitas vezes, os luthiers possuem clientes fixos como bandas militares, orquestras, filarmônicas, bandas convencionais, e outros.



HISTÓRIA DA LUTHERIA



Um dos maiores Luthiers da história foi Antonio Giacomo Stradivari, um célebre luthier italiano que ainda muito jovem foi aprendiz de Niccolò Amati, com quem aprendeu e desenvolveu a arte inconfundível de fazer instrumentos de corda, como violinos, violas e violoncelos, contra-baixos, violões e harpas.



O período de 1700 a 1722 foi a época áurea de sua carreira, quando lançou a forma G e construiu seus violinos mais famosos, como o “Bets”, em 1705, o “Cremonese”, em 1715, o “Messiah” e o “Medici”, ambos em 1716. Muitas das técnicas utilizadas por ele ainda não foram completamente desvendadas.



Sabe-se que Stradivarius utilizava o acero para o tampo harmónico e partes internas e o aberto para o fundo, faixa e braço. A madeira era tratada com diversos tipos de minerais, borato de potássio, silicato de sódio e de silicato de potássio, verniz de bianca (um composto de goma arábica, mel e clara de ovo), além de selecionar madeiras mais antigas e ressecadas.



Há diversas teorias sobre o modo de produção dos seus violinos, que tinham sonoridade sem igual. Uma das lendas é que Stradivarius utilizava um verniz especial que continha cinzas vulcânicas, o que tornava o instrumento mais duro e assim melhorando a sonoridade. Essa teoria ainda não foi comprovada por pesquisas.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por