Michelle Tondineli
Repórter
Procurando divulgar e promover o que há de melhor na cultura montes-clarense, o grupo independente Zine Sertões procura o melhor da informação cultural da cidade.
- A primeira coisa que normalmente as pessoas perguntam é: O que é um Fanzine? - diz Manuela Almeida, editora e realizadora de um dos poucos projetos de comunicação independente de Montes Claros.
O primeiro fanzine criado por Emanuela foi o UHU! Fanzine e, mais tarde, com o nome de Sertões, chega à sua 6ª edição, promovendo a produção cultural do Norte de Minas e outras regiões do estado.
- Com o UHU! foram duas edições (em 2007 e 2008), e como Sertões, estamos chegando à 4ª edição - revela.
A estudante de Jornalismo diz que a ideia do Fanzine surgiu como uma alternativa aos interessados em arte e aos próprios artistas.
- A minha cidade natal é Espinosa, e lá não é tão cultural, então, os meus gostos e interesses sempre receberam influências de fora. Éramos um grupo de poucos adolescentes que não se ativeram aos estilos musicais baianos, porque Espinosa é mais Bahia que Minas Gerais. Quando me mudei para Montes Claros, com todo esse clima de arte, de produção... senti que a minha preferência pela área cultural ficou mais intensa - conta.
O gosto por arte e cultura, a facilidade com as letras e a escolha da profissão de jornalista foram os grandes responsáveis pela ideia do projeto do Fanzine que, hoje, é um dos mais lidos e conhecidos da cidade.
A editora explica o que é um Fanzine e o que fazer com ele:
- Bom, Fanzine é uma publicação de tema definido, normalmente com um projeto gráfico mais simples e sem fins lucrativos. O nosso, por exemplo, tem como tema Cultura & Arte, principalmente o que não é visto nos meios comerciais – diz.
O Fanzine é produzido desde 2007, com tiragem de três mil exemplares por edição e um blog com público assíduo, contabilizando cerca de vinte visitas por dia. Manuh fala que Moc e todo o Norte de Minas comportam projetos culturais de diversas áreas, pois existem público e artistas suficientes para isso.
- O que eu vejo como deficiência aqui é a produção de informação nessa área. A produção cultural só não é mais valorizada porque grande parte do público não conhece, a informação não chega e, quando chega, é muito defasada - diz.
Ela ainda explica que, a partir daí, a ideia de produzir um Fanzine com abordagem cultural foi colocada em prática, com temas que passam pela música, teatro, dança, cinema, moda.
- A ideia principal é colocar em voga os artistas menos conhecidos, que alguns chamam de underground. Tentamos desmistificar a produção independente, fazendo com que as pessoas entendam que independente não é sinônimo de mal-feito. Ou que rock, por exemplo, não é sinônimo de pauleira - diz.
Manuh fala que, com certeza, como qualquer outro tipo de trabalho independente, o Zine Sertões é produzido com inúmeras dificuldades.
- Ao mesmo tempo que tentamos mostrar a trabalheira dos artistas no Zine, estamos passando pelos mesmos maus-bocados enquanto produtores de informação. Falta verba, já que a distribuição é gratuita, e a própria distribuição gera gastos, porque distribuímos grande parte dos zines em outras cidades de Minas, e até em outros estados. Fazemos mesmo porque o cheirinho de papel agrada, brinca.
Acesse o Blog do Zine Sertões: www.zinesertoes.blogspot.com e solicite a versão impressa do zine: uhufanzine @hotmail.com.