Michelle Tondineli


Repórter

O espetáculo infantil Pedro e o Lobo está sendo apresentado diariamente às 14h no Centro Cultural de Montes Claros, para as escolas da rede estadual. Hoje é o último dia de apresentação do espetáculo, uma adaptação divertida do Di Tarso Companhia de Dança, baseada no famoso conto do russo Sergei Prokofiev, escrito em 1936. A entrada é franca.

De acordo com Paulo Di Tarso, Pedro e o Lobo tem no elenco nove bailarinos profissionais, e narra uma aventura vivida por um garoto e seus amigos – um pássaro, um pato e um gato, que saem à caça de um lobo, que, ao final, se vê diante de uma lição de moral, onde o mal acaba vencido pelo bem.

- O espetáculo é escrito em cima de um poema sônico, que foi montado para ensinar as crianças a distinguirem os instrumentos de uma orquestra. A história é muito simples, mas o importante é o desenvolvimento musical. A obra é completa, revela.

Di Tarso ainda explica que o espetáculo está sendo apresentado novamente em pedido do estado de Minas Gerais, por terem ganhado o prêmio Estrela Minas.

- Ganhamos um prêmio para realizar um espetáculo gratuito para as escolas da rede estadual. É importante e diferente para essas crianças terem acesso a isso, pois muitas dele não tem, explica.

A companhia de dança profissional Di Tarso foi fundada em 2001, e conta na parte artística com quatro bailarinos efetivos, seis bailarinos convidados, alguns atores e cantores e artistas cênicos.

- Para participar da companhia, é necessário que o bailarino faça uma academia de dança, com muita aula e que tenha pelo menos cinco anos de balé. Ser muito aplicado e passar por uma avaliação, argumenta.

Paulo fala que sua companhia é uma empresa organizada, com assessoria jurídica, financeira, contábeis e de produção.

- Nós conseguimos viver deste meio aqui em Montes Claros, os nossos bailarinos são assalariados e nossos convidados recebem cachê. Todos recebem mensalmente e vivem disso, nosso pagamento não é por espetáculo. Acho que na cidade as pessoas não sabem o que é balé, eles não foram apresentados ainda. Muitos formam em faculdade e vêem vídeos de dança e já interpretam como balé e não é assim, ressalta.

Segundo Di Tarso, já tem 30 anos que ele trabalha com esta linguagem. Ele precisou estudar para concluir que balé não é arte, ele é uma linguagem.

- O trabalho que a gente faço é com a dança contemporânea. Nós não dançamos balé, pois ele é uma linguagem, por exemplo, alguns grupos usam o hip hop como linguagem. É o pensamento que interessa, o balé na sua pureza é para ser apreciado, é uma questão de estética, o povo não tem dificuldade para isso, frisa.

Paulo é coreógrafo de sua companhia. Ele diz que leva o trabalho pronto para os dançarinos de adequarem.

- No inicio todos os bailarinos, mesmo sendo muitos bons e preparados, tem muita dificuldade para alcançar a minha movimentação própria, levam até dois anos para o movimento, completa.

Paulo Di Tarso acredita na apreciação da dança.

Ele ainda explica que o tempo de criação de cada espetáculo varia. Pedro e o Lobo por exemplo durou um ano e oito meses, depois de pronto é só ensaio de adequação.

- Apresentamos o Pedro e o Lobo em 2001 e esse mês, ensaiamos quatro vezes para esta apresentação. Por ser uma historinha sem roteiro, eu sempre complemento fazendo minha adaptação. Geralmente trabalho com roteiro que eu possa criar, nunca trabalhei com roteiro fechado. Este roteiro fechado daria certo de adaptar aqui, porque o balé foi feito para ser apreciado e não entendido. Não trabalho com o roteiro fechado por não me interessar, que as propostas contemporâneas são fáceis para te atrair, diz.

Ele completa que o Pedro e Lobo é para criança então não existe dificuldade de compreensão e apreciação.

- Arte não foi feita para entender. Ela vai atuar em você. Ela não é entretenimento, para ser divertido. Ela foi feita para te provocar, e instigar, finaliza.

Para mais informações ligue (38) 3229–3458.