Com uma câmera na mão, Elza Cohen acompanha o dia a dia de mulheres fortes e resilientes, do Quilombola Vila São João, em Berizal, no Norte de Minas. O filme revela a luta pela terra, direitos básicos, a preservação de tradições ancestrais e a profunda conexão com a natureza. Curiosa inquieta, criativa, humanista e sonhadora, a fotografa que agora trilha o caminho da direção na sétima arte, afirma que ama se expressar através da imagem, se conectar com o mundo através da fotografia, do cinema e da música.
Além de fotografar, você tem outra profissão?
Atuo como fotógrafa, artista visual, documentarista, direção de cena e de arte, pesquisadora e também curadora artística.
Onde nasceu e vive hoje?
Nasci na pequena cidade de Brasília de Minas, norte de Minas, mas aos 18 anos fui morar no Rio de Janeiro e passei a viver na ponte entre Rio e São Paulo, trabalhando no universo da música e depois a fotografia. Costumo dizer que o meu coração se divide em três partes iguais que somadas me complementam: Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Qual sua relação com a cidade de Monte Claros?
Pertencimento! Memórias afetivas de infância, reconexão com a minha família, reaproximação com as minhas raízes, minhas origens e redescoberta da multiplicidade cultural da região, que ainda um pouco invisibilizada tem sido inspiradora e revolucionária!
“Em nome da Terra” é seu primeiro filme?
Sim, meu primeiro de muitos! Nesse projeto eu ocupo múltiplas funções; pesquisa, produção, direção, roteiro e fotografia still/ cena.
Como está sendo a reação das pessoas?
As mulheres estão muito animadas e participando com muito brilho nos olhos. O processo tem sido coletivo e colaborativo com muito interesse e participação da comunidade. Emocionante!
Você já acompanhou ou vai acompanhar o cotidiano e o modo de vida dessas mulheres?
Sim. Foi por isso que escolhi esse quilombo, por conhecer cada uma delas e suas particularidades, suas histórias. As visitei no Quilombo algumas vezes através de meu trabalho voluntário, filantrópico para a Pastoral da Terra e outras entidades.
Foram realizadas pesquisas sobre isso?
Sim. Fiz uma pesquisa afinada e refinada para entender profundamente sobre o real modo de vida delas, suas identidades, suas lutas e conquistas. Fiz uma vivência de duas semanas, me hospedei na comunidade, interagi com elas em todos os momentos do seu cotidiano. Foi um aprendizado e troca de conhecimento profundos.
“Em nome da Terra” quer impactar quem?
Toda a sociedade, mulheres e homens também.
E quando será a estreia?
Estamos definindo ainda, mas a previsão é para 8 de março (Dia Internacional da Mulher) ou 25 de julho; Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana, Afrodescendente e Diáspora. Vamos decidir mais na frente.
Que conselho daria para as mulheres que também querem ser diretoras?
Se joguem, não existe uma única forma de dirigir filmes, faça conforme você sente e acredita, vai lá e imprima a sua identidade, seu estilo próprio de contar histórias que precisam ser contadas.
O que você tem tirado de mais importante dessa experiência?
Se você se move, o mundo todo ao seu redor se move também.
Quando decidiu trilhar o caminho da 7 sétima arte?
Sempre sonhei em fazer filmes especialmente documentários para amplificar as vozes das mulheres e venho estudando já há algum tempo sobre linguagens e narrativas cinematográficas e me preparando para me jogar nessa paixão.
Você continua com a fotografia ou está se dedicando a arte de dirigir filmes apenas?
Sim, claro que continuo com a fotografia! A fotografia e a direção funcionam juntas, a direção faz parte da fotografia e vice-versa, dirigir é sonhar e imaginar o filme para depois materializa-lo com a fotografia. Sou multiartista, me dedico tanto a fotografia estática, quanto a fotografia em movimento.
Para conhecer mais sobre o documentário, acesse:
www.instagram.com/emnomedaterra/
www.instagram.com/elzacohen/
https://elzacohen.pro/