Michelle Tondineli
Repórter
Vinte de agosto foi definido pelo calendário maçônico como o dia do maçom brasileiro. As maçonarias de todo o país realizam uma cerimônia interna, como não poderia ser diferente, para homenagear os grandes maçons e realizar congraçamento entre seus membros. Esse fato aconteceu durante a V Mesa redonda ocorrida na semana de 17 a 25 de junho de 1957, em Belém, Pará.
Há algum tempo comentava-se que, no Brasil, embora existissem dias comemorativos para quase tudo, nenhum havia, entretanto, para o maçons, que tanto teriam feito em favor a sociedade, principalmente no terreno histórico. A maçonaria brasileira foi a inovadora, e assim mesmo na área das chamadas grandes lojas, mas que hoje praticamente todos aceitam.
De acordo com os livros maçônicos mostrados para a sociedade, em 1822 as lojas Comércio e artes, União e tranquilidade e Esperança de Niterói, em sessão conjunta, teriam proclamado a independência do Brasil... A data, por conseguinte, seria das mais significativas.
O calendário maçônico deve ser baseado no hebraico, que é luno-solar, porque misto, fundado no movimento do sol e nas fases da lua. No entanto, é muito complexo e é melhor ficar por aqui. Por essa razão, a da complexidade, desvirtuou-se, surgindo alguns calendários "maçônicos" de simplificação.
Segundo o grau máximo da maçonaria Filho de Iran, o maçom Henrique Tondineli Filho, a maçonaria é uma instituição filantrópica, filosófica e essencialmente progressista.
- Ela é uma união de homens de bons costumes, além de ser uma instituição mundial. Ela não é uma religião, como as pessoas falam, tanto é que o maçom deve ter a religião dele, porque se ele for ateu, a maçonaria não o aceita - explica.
Henrique Tondineli Filho detém o grau máximo na maçonaria.
Henrique ainda fala que o encontro dos maçons acontece em seu templo uma vez por semana, ou depende da maneira que é estabelecido o regimento interno da instituição.
- Nós maçons procuramos fazer o bem não só a nós maçons, mas também à humanidade. Mas, diferente de muitas instituições, a maçonaria não propaga os trabalhos realizados, fica somente entre os maçons. Um exemplo é que Montes Claros tem diversas casas que foram constituídas pela nossa loja, Deus e liberdade, e posteriormente Filhos de Iram, e que poucas pessoas sabem ou conhecem - diz.
De acordo com Henrique, em Moc deve existir em torno de dez lojas maçônicas. Sendo possível realizar um encontro de todos os maçons durante os anos.
- Existe um encontro de tempos em tempos, porque a maçonaria é uma só, mas as lojas maçônicas são inúmeras. Por exemplo, a loja Filhos de Iram, é do Grande Oriente de Minas Gerais, então é realizada um conversão - diz.
O aprendizado maçom está dividido em etapas. Cada etapa é desenvolvida numa câmara própria, com seus respectivos graus. São elas: Lojas simbólicas (do 1º ao 3º grau), lojas de perfeição (do 4º ao 14º grau), capítulos (do 15º ao 18º grau), conselhos de Kadosch (do 19º ao 30º grau), Consistórios (31º e 32º graus) e supremo Conselho (33º grau).
O primeiro grau é o aprendiz, dando várias etapas e degraus durante os anos para se chegar ao grau máximo, o 33 que é o soberano grande inspetor. Henrique está há 48 anos na maçonaria, ele fala que é necessário dedicar muito a maçonaria.
- Os graus são alcançados durante o tempo de maçonaria e a freqüência dele. Todo setor, você começa estudando e depois vai subindo, até o nível superior, ele tem que subir muitos degraus. Como grau máximo, eu não tenho mais obrigação de freqüentar a maçonaria - revela.
Henrique conta que foi convidado a participar da maçonaria, e que posteriormente os grandes maçons fazem uma sindicância sobre a pessoa, para saber quem é, como são os seus costumes, podendo ser aprovado ou não. Para entrar a maçonaria deve ser maior de idade. Mas se quiser participar quando menor de idade pode fazer parte do grupo Demoley.
- Eu acho que a maçonaria em sai ela foi criada de uma maneira que infelizmente com a modernização dos tempos mudou muito em sentido de maçom. O maçom antigo dava a vida dele em troca do outro maçom, desde que ele tivesse orientação superior, hoje, a maçonaria ficou mais liberal, não os costumes, mas o pensamento das pessoas que entram pra fazer o nome, acabando que não é muito bom, conta.
Hércule Spoladore, em "Calendários em Maçonaria", artigo publicado no Caderno de Pesquisas Maçônicas, n. 4, p. 155/59, Editora Maçônica "A Trolha" Ltda., é da mesma opinião. Escreve ele: "...Graças ao correto manuseio destes calendários, especialmente o primitivo usado pelo Grande Oriente do Brasil, pode-se consertar erros cometidos por muitos autores e assim ficou estabelecido que no dia 20 de Agosto de 1822, não houve Sessão no Grande Oriente do Brasil, ninguém proclamou a Independência do Brasil, como se propala, e que a 14a. Sessão, aos 20 dias do 6o. mês era na realidade dia 09.09.1822, e que também a fundação do Grande Oriente do Brasil, ocorreu a 17.06.1822 e não 28.05.1822 (28o. dia do 3o. mês de 5822)."