Curta montes-clarense no Cinema Comentado

Jornal O Norte
30/10/2008 às 09:17.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:48

Márcia Braga


Colaboração para O NORTE

Em novembro, O Cinema Comentado Cineclube traz a mostra Cinema e Sociedade com uma programação diversificada. E nesse sábado, dia primeiro de novembro, a sessão é dupla: serão exibidos A marvada carne (1985), comédia de sucesso do cinema nacional, e o curta Daniela (2008) – lançamento oficial da mais recente produção cinematográfica montesclarense. O Cinema Comentado Cineclube acontece todos os sábados na sala Geraldo Freire, ao lado da Câmara Municipal, a partir das 19:00 horas e a entrada é gratuita. Logo após a sessão tem bate-papo com a platéia sobre o filme.

Com desenvoltura rara para um estreante, o cineasta André Klotzel fez em A marvada carne uma homenagem ao universo da cultura caipira. Nhô Quim vive lá nos cafundós em companhia do cachorro e da cabra de estimação. Ele resolve cair no mundo e procurar a solução para duas questões que o incomodam: arranjar uma boa moça para o casório e comer a tal carne de boi. Nas suas andanças, Nhô Quim chega na casa de Nhô Totó, cuja filha está em conflito com Santo Antônio, que não anda colaborando para ela arranjar um bom marido. Como o pai da moça tem um boi reservado para a festa do casório, será este o momento para o caipira realizar seus dois maiores desejos?

Com nove Kikitos no Festival de Gramado, A marvada carne é uma das comédias mais divertidas do moderno cinema brasileiro.  O filme pode ser inserido em um subgênero tipicamente nacional: os “filmes sertanejos”, cuja imagem mais forte é a de Amacio Mazzaropi. Esse tipo de produção tem o humor firmado no jeito, ora ingênuo e ora matuto, do jeca roceiro e tem grande apelo popular por retratar uma fatia da população relegada quase a último plano em todas as instâncias e totalmente ausente das salas de cinema. Enfim, A marvada carne resgata, com um olhar carinhoso e cúmplice, a mitologia caipira – que, de certa forma, reforça a ingenuidade e a pureza do jeito simples de enxergar a realidade.

Filmado em Montes Claros em julho de 2008, Daniela capta momentos da vida da protagonista num retrato da juventude atual com suas paixões e indecisões. Daniela tem a vida dos sonhos de muitas garotas: amigas, bares, festas e um namorado bonito e divertido. Mas sente-se incompleta e o vazio lhe persegue. O mundo acabará por lhe mostrar que não é tão perfeito. Ela se surpreenderá com todos e consigo mesma. O curta é dirigido por Iésus Filho, com roteiro de Luiz Gustavo Montes e produção de Ana Flávia Amaral.

CINESESC

No domingo, dia dois de novembro, o CineSESC inicia a mostra Panoramas do Cinema exibindo documentários, cinebiografias e ficções variadas. A programação é composta pelos filmes:

02/11 – “A Cor do Paraíso”, direção de Majid Majidi.

09/11 – “Cartola-Música para os Olhos”, direção de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda.

16/11 – “Piaf-Um Hino ao Amor”, dirigido por Olivier Dahan.

23/11 – “Janela da Alma”, direção de João Jardim e Walter Carvalho.

30/11 – “Primavera, Verão, Outono, Inverno e... Primavera”, dirigido por Kim Ki-duk.

A COR DO PARAÍSO narra a comovente história de Mohammad, menino cego que mora numa escola para deficientes visuais e que, nas férias, volta para seu vilarejo nas montanhas, onde convive com as irmãs e a adorada avó. O pai, que é viúvo, se prepara para casar novamente e não consegue lidar com a deficiência do filho. Apesar das dificuldades, Mohammad é um garoto de grande sensibilidade: seu jeito especial de “ver o mundo” é uma lição de vida.

Seguindo a tradição do cinema iraniano de abordar o universo infantil, o cineasta Majid Majidi (diretor do consagrado “Filhos do Paraíso”) traz a história de Mohammad, que busca o sentido da vida nas mínimas coisas, nos sons mais singelos da natureza e na sensibilidade do toque. Uma fotografia magnífica marca A cor do paraíso, cujo roteiro aborda a complexidade humana dos diversos personagens reforçando a discussão do relacionamento entre pai e filho.

Sem ser simplório, Majidi conduz o filme com a simplicidade que o tema não necessariamente exigia. Ao invés de recorrer a abstrações para filosofar sobre a condição humana dos personagens – o menino por ser cego e o pai por ser egoísta ao extremo –, o diretor opta por valorizar os detalhes. Um filhote de passarinho esperando para ser colocado de volta ao ninho; o toc-toc-toc dos pica-paus; o colorido dos campos onde o menino cego brinca com as irmãs; a superioridade que ele demonstra na leitura em braile durante uma classe com crianças “normais”: cada um desses pequenos momentos carrega em si grande significado. Belo e emocionante, A cor do paraíso é um exemplo brilhante de bom cinema e bela peça humanitária.

O CineSesc acontece em parceria com o Cinema Comentado Cineclube e a Programadora Brasil, apresentando sessões todos os domingos, no Salão de Convenções do Sesc-Pousada Montes Claros, a partir das 16h. O endereço do Salão é Rua Viúva Francisco Ribeiro 199, Ginásio do Sesc. As sessões são gratuitas, abertas a todos os interessados, e depois acontece um bate-papo com a platéia sobre o filme apresentado.

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