Conexão Vivo 2009: Cultura mineira que ultrapassa fronteiras

Jornal O Norte
Publicado em 26/03/2009 às 10:07.Atualizado em 15/11/2021 às 06:54.

O Conexão Vivo 2009 – iniciativa da Vivo voltada ao desenvolvimento do setor musical brasileiro – estará em Montes Claros até o dia 29 de março.



Serão 27 eventos, sendo 15 shows e 12 oficinas, que incluem práticas de confecção de instrumentos, expressão cultural e vocal, produção cultural. Todo esse trabalho de capacitação será ministrado pelos próprios artistas patrocinados pela Vivo, até o dia 28 de março, nos seguintes locais: Auditório Cândido Canela, Fundação Marina Lourenzo Fernandes, Casa do Tambor - Lutheria Rio Acima, Biblioteca Infanto-Juvenil Dona Marcolina Rebello, Sala Geraldo Freire e Centro Cultural.



A Praça de Esportes, no centro de Montes Claros, será o palco dos shows do Conexão Vivo 2009, a partir do dia 27 de março, sempre às 19 horas. Entre os músicos que se apresentarão estão Dona Maria do Batuque, Anthonio, Gilvan de Oliveira, Fabiana Lima e Bruno Andrade, Pedro Morais, dentre outros. Além deles, artistas selecionados pela curadoria do projeto e pelo público participam da festa. São eles: Burro Morto (PB), Transmissor (MG), Ito Moreno (SP) e Leo Cavalcanti (SP), selecionados pela curadoria do projeto; e Rocknova (MG) e Reis (BA) selecionados por votação popular. (Da Ascom/Conexão)



NOMES QUE FAZEM PARTE DO CONEXÃO



Aline Calixto



Aline Calixto é uma das revelações do samba brasileiro. Carioca de nascimento, vive em Minas desde os sete anos. Aos 26 anos, a cantora autodidata traz novidade ao samba e Minas em sua música.



Algumas canções de seu repertório foram recolhidas na pesquisa que realizou no interior do estado, unindo sua formação em Geografia com a paixão pelo samba. O fruto desse trabalho se junta a composições próprias e inéditas feitas especialmente para ela por Monarco, Moacyr Luz, Nelson Sargento, Toninho Gerais e outros, que estarão presentes em seu álbum de estréia.



Vencedora, em 2008, do concurso “Novos Bambas do Velho Samba”, realizado pela casa Carioca da Gema, Aline vem cantando e encantando por onde passa. A artista também marcou presença nas famosas rodas de samba lideradas por Moacyr Luz (“Samba do Trabalhador” e “Samba Luzia”) e fez parte da programação do Carnaval da Lapa, dividindo palco com grandes nomes do samba carioca.



Dona Maria do Batuque



Aos 79 anos de idade, dona Maria da Conceição Gomes de Moura, a Dona Maria do Batuque, mantém a tradição deixada por sua mãe, dona Ernestina, na cidade de São Romão/MG. Segundo ela, seus avós e bisavós já mantinham a celebração, composta pelos tocadores de roncador (instrumento de origem africana similar à cuíca), caixa, além dos homens e mulheres que cantam, batem palmas e dançam.



O batuque é uma manifestação musical brasileira surgida de algumas rodas de danças africanas chamadas de semba, de onde se desenvolveu o samba. Algumas das estruturas musicais provenientes do batuque podem ser identificadas até hoje: compasso binário, estribilho fixo entoado por um coro de versos cantados ou improvisados, além das palmas com ritmo sincopado. Praticamente não se dança mais o batuque no Brasil, exceto no interior de São Paulo e da Paraíba, onde a manifestação luta para não se perder. A maioria dos registros que se tem a respeito da festa está em romances brasileiros do final do século XIX.



Dona Maria do Batuque lançou o seu primeiro Livro/CD em Belo Horizonte, em 2008. O álbum intitulado “O batuque vai abaixo? Ele não vai não!” é um registro único da tradição centenária do batuque. O álbum duplo com 80 faixas e o livro mostram um resultado sonoro/visual que respeita a localidade e a integridade do grupo e da cidade de São Romão. As músicas retratam os costumes locais, os aspectos naturais da região e os fatos do passado, tudo contado por meio dos ritmos dos tambores e das canções populares.



Anthonio



Cantor e compositor mineiro, Anthonio traz em suas referências culturais a musicalidade dos artistas mineiros, a multiplicidade dos ritmos afro-brasileiros e as diversas expressões culturais existentes na música brasileira.



Anthonio já dividiu o palco com grandes nomes da música brasileira como Milton Nascimento e Elza Soares. Participou dos CDs “Chico Rei, uma dança”; “O Velho Chico”; e “Tambores de Minas ao vivo”, de Milton Nascimento, com quem seguiu em turnê pelo Brasil como solista, bailarino e percussionista.



Com mais de 12 anos de carreira, Anthonio lançou os CD’s “Anthonio” (2001), produzido por Antônio Villeroy e Gastão Villeroy; “O Velho Chico” (2003), produzido por Nestor Sant’Anna e Marcus Viana; “Candombe System” (2004), produzido por Ruben di Souza; “Bricabraque” (2008), produzido por Weber Lopes; e “Amor, de Toda Forma” (2008), produzido por Ruben di Souza.



Babaya



Cantora, professora de canto, preparadora vocal e diretora musical, Babaya iniciou sua carreira em Belo Horizonte, em 1983, na escola Música de Minas, criada por Milton Nascimento e Wagner Tiso. Em 1991, fundou a Babaya Escola de Canto. Além de promover a formação de cantores amadores e profissionais, Babaya coordena o Grupo de Estudos da Fisiologia da Voz, composta por uma equipe de professores de Técnica Vocal, fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas especializados em Voz.



Babaya é preparadora vocal e diretora musical dos grupos: Galpão, Espanca, Armatrux, Odeon, Garupa, Galpão Cine Horto, de Belo Horizonte; e do Grupo Ponto de Partida, em Barbacena/MG, onde também é professora de Canto da Bituca Universidade da Música, em Barbacena.



Ao longo de sua trajetória artística, Babaya já participou de 105 espetáculos como Preparadora Vocal, Diretora Vocal de Texto e Diretora Musical. Recebeu quatro indicações ao Prêmio Shell, na categoria de Melhor Direção Musical.



Babaya tem três CDs gravados: “Babaya De Vida e Canções”, com participação de Milton Nascimento e Wagner Tiso e arranjos de Mauro Rodrigues; “Velho Chico”, em parceria com o cantor Anthonio e com arranjos de Marcus Viana; e “O Prazer da Voz Saudável – Exercícios de Aquecimento e Desaquecimento Vocais”.



Babilak Bah



Artista autodidata, percussionista, compositor e poeta, o músico paraibano radicado em Belo Horizonte, Babilak Bah, concebeu e criou a cerca de dez anos um dos mais singulares projetos da música brasileira: “Enxadário: orquestra de enxadas”. O projeto busca explorar os timbres desse instrumento até então utilizado como ferramenta de trabalho.



Essa “plástica sonora” de Bah foi reconhecida por importantes nomes da música brasileira e assimilada pelo público nos palcos, por meio de projetos como o Conexão Vivo (2003, 2006 e 2007), Rumos Itaú Cultural de Música (2004, São Paulo), entre diversas outras apresentações em festivais e grandes cidades. Além disso, Babilak Bah foi o único mineiro selecionado para a edição 2007 do Projeto Pixinguinha, do Ministério da Cultura e apresentou o “Enxadário” em sete cidades brasileiras em janeiro de 2008.



Criador compulsivo e dono do que se pode chamar de “teimosia artística”, Babilak Bah se autodenomina mais um “propositor” do que um compositor e o que norteia o fazer artístico de Babilak, em mais de 20 anos de carreira, é a persistência em construir um trabalho exclusivamente autoral, singular, com identidade própria. Assim, no primeiro disco, Babilak assina dez das 11 faixas, sendo a única releitura “Xote dos Poetas”, de Capinam e Zé Ramalho.



Celso Moretti



Mineiro de São João del Rei e criado na extinta favela de Vila Nova Brasília, em Contagem, Celso Moretti iniciou sua carreira em 1984, como compositor da Nêgo Gato, considerada a primeira banda de reggae de Minas Gerais. Na década de 90, Moretti estudou e pesquisou intensamente o ritmo. Como resultado, criou o gênero Reggae Favela, que deu título ao seu primeiro CD independente.



Seu mais recente trabalho, o CD “Reggae Favela Brasil” foi finalizado em 2007. Ainda neste ano, Moretti participou do projeto Conexão Telemig Celular como músico patrocinado e jurado da etapa seletiva fazendo shows nas cidades de São João del Rei, Montes Claros e Uberlândia.



Em suas músicas, Celso Moretti aponta as desigualdades sociais vividas e na favela e as cenas do nosso cotidiano. Destacam-se nos seus shows, sua performance e linguajar peculiar, chamado pelo artista de “moretês”.



César Maurício



Depois de 25 anos de música e cinco CDs gravados com as bandas Virna Lisi e Radar Tantã, César Mauricio se arrisca na carreira solo e lança seu primeiro CD, que leva o nome de “Não Posso Devolver sem Danos seu Bobo Coração” e traz canções feitas em parceria com Lô Borges, Samuel rosa e Marcio Borges. O músico transita tanto pelo pop rock, como também pelo universo independente da musica. Vale lembrar que Skank, Ira e Telo Borges já gravaram composições de Maurício.



Chico Amaral



Mais conhecido como letrista do Skank, Chico Amaral começou sua carreira em 1979, no conjunto de choro “Naquele Tempo”. Além de Samuel Rosa, o músico já compôs com artistas como Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Ed Motta, Totonho Villeroy, Affonsinho, Flávio Henrique, Leo Minax e Juarez Moreira, entre outros.



Em 2007, Chico Amaral ganhou, como saxofonista, o concurso BDMG Instrumental. Ainda neste ano, lançou o CD “Singular”, o primeiro álbum solo de sua carreira.



“Singular” traz ao todo 13 faixas, sendo dez instrumentais e três canções, tendo como base a música mineira, com uma pitada de samba-jazz. Chico Amaral assina todos os arranjos das músicas, incluindo sopros e cordas.



Danislau Também



Danislau transita pelas várias searas da arte – através das performances, vídeos, trabalhos visuais, músicas e da literatura. Apesar dessa multiplicidade, é possível identificar um elemento comum em todos os seus trabalhos: a palavra. Ela está presente nas composições do Porcas Borboletas – banda em que atua como compositor e vocalista, desde a fundação do grupo, em 1999 –em seu livro “O Herói Hesitante” e em seus trabalhos multimídia.



Em todos os seus projetos, Danislau demonstra um senso de humor peculiar, o experimentalismo, a temática e a roupagem pop. O resultado é um trabalho instigante. É impossível não se sentir arrebatado, tocado.



A turnê Pele do Asfalto pretende apresentar, no mesmo palco, seis artistas cuja carreira se caracteriza pela articulação entre literatura e música. Com o suporte de uma banda (baixo, percussão, guitarra e samples), cada um dos convidados apresentará sua performance a partir de texto de própria autoria. Já confirmaram presença os artistas Lirinha, Clarah Averbuck, Hélio Flanders (banda Vanguart, de Cuiabá/MT) e Vani (banda Vândalos, de Patos de Minas/MG). As performances serão verdadeiros saraus no palco, darão visibilidade a uma modalidade artística que ainda é pouco explorada.

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