Cinema Comentado: A vida louca e breve de um dos maiores músicos do país

Jornal O Norte
12/06/2008 às 10:49.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:35

Márcia Braga


Colaboração para O NORTE

O Cinema Comentado Cineclube, uma iniciativa da secretaria municipal de Cultura de Montes Claros, exibe neste sábado o filme Cazuza – O Tempo não Pára, direção de Sandra Werneck e Walter Carvalho. O Cinema Comentado acontece na sala Geraldo Freire ao lado da câmara municipal, a partir das 19h horas e a entrada é gratuita.

Cazuza- O Tempo não Pára (2004) retrata a vida “louca e breve” que marcou o percurso profissional e pessoal do músico carioca do início da carreira, em 1981, até a morte em 1990, aos 32 anos. O filme de Sandra Werneck e Walter Carvalho mostra o sucesso do Barão Vermelho, a carreira solo, as músicas que falavam dos anseios de uma geração, o comportamento transgressor e a coragem de continuar a carreira mesmo debilitado pela Aids. Apesar das dificuldades em trabalhar com uma biografia autorizada (e fazer um filme “sob encomenda” do produtor), os cineastas não escondem a promiscuidade e a vontade de se autodestruir do compositor e cantor.

MONTAGEM

A produção leva o espectador direto a um Cazuza com seus 20 e poucos anos, um “boyzinho” vindo de família rica, cheio de amigos, e muita disposição para encarar o que viesse pela frente na vida, menos o seu lado sério. Desta forma, surge uma visão daquela geração que cresceu à sombra dos hippies e psicodélicos dos anos 1960 e 70, e que encarava as drogas e a sexualidade de uma maneira muito natural e como se fossem portais para uma maior percepção humana.

PROTAGONISTA

A escolha do ator para fazer o protagonista é um dos destaques da obra. O pouco conhecido (na época) Daniel de Oliveira pode não ter o jeito de anjo do jovem Cazuza, mas tem garra, presença, uma figura dominante que segura os dois tempos do personagem: a primeira fase do sexo, drogas e rock n’roll; e, depois de uma hora, enfrentando a tragédia da Aids (o ator emagreceu 10 quilos e tem uma presença impressionante).

A relação entre Cazuza e seus pais é outro ponto alto mostrando o conflito dos “coroas” em presenciar um filho irresponsável que bebia e se drogava em demasia. Filho este que, apesar de tudo, era feliz em viver desta forma, exatamente como queria. Sempre dentro de uma ilusão, o cantor é mostrado como alguém que nunca conseguiu sair da proteção de Lucinha (Marieta Severo) e João Araújo (Reginaldo Farias), porque vivia metido em confusões e, no final das contas, eram os dois que saíam em seu socorro.

O FILME

No geral, Cazuza – O Tempo não Pára é um filme sensível e envolvente, que mostra um Cazuza que soube viver a aproveitar intensamente cada minuto de sua vida, mas, infelizmente, não soube arcar com as conseqüências de seus próprios exageros.

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