Cidade Baixa neste sábado no Cinema Comentado

Jornal O Norte
Publicado em 02/07/2009 às 10:48.Atualizado em 15/11/2021 às 07:03.

Márcia Braga


Colaboração para O NORTE



Neste sábado, dia quatro de julho, o Cinema Comentado Cineclube apresenta CIDADE BAIXA (2005), estréia em longas-metragens de ficção de Sérgio Machado, que dirigiu o premiado documentário “Onde a Terra Acaba” e foi assistente de direção em diversos filmes de Walter Salles – como “Central do Brasil”, “O Primeiro Dia” e “Abril Despedaçado”. É dele também o roteiro de “Madame Satã”, dirigido por Karim Ainouz. 



CIDADE BAIXA é a história de Naldinho e Deco, que se conhecem desde garotos, sendo difícil até mesmo falar em um sem se lembrar do outro. Eles ganham a vida fazendo fretes e aplicando pequenos golpes a bordo do Dany Boy, um barco a vapor que compraram em parceria. Um dia surge Karinna, uma stripper que deseja arranjar um gringo endinheirado no carnaval de Salvador, a quem a dupla dá uma carona. Aos poucos a atração entre eles cresce, criando a possibilidade de que levem uma vida a três – mas o desejo logo se transforma em obsessão. 



Produzido por Walter Salles, é um filme de atores marcado por interpretações brilhantes de Lázaro Ramos, Wagner Moura, Alice Braga e José Dumont. O motivo para isso, além do talento já conhecido de cada ator, é a presença da preparadora de elenco Fátima Toledo, conhecida por seu trabalho em “Pixote” (de Hector Babenco), “Central do Brasil” e “Cidade de Deus” (de Fernando Meirelles). Fátima se destaca na preparação de atores jovens e na integração de elencos formados por profissionais e não profissionais. O roteiro bem construído e a direção competente valorizam, ainda, a narrativa densa e reveladora sobre os “marginais” do submundo de Salvador. 



Para o diretor Sergio Machado, CIDADE BAIXA é um filme universal, que vai além das definições mais conservadoras: “Eu queria fazer um triângulo amoroso diferente do tradicional – sem a morte e a punição. Também tinha um desejo de tentar entender esses jovens de 20 anos, de classe baixa. Foi isso que me impulsionou a escrever o filme. O roteiro tem muito das histórias que ouvi dessas pessoas da noite. Muitos até aparecem no filme, ficaram meus amigos”, conclui o cineasta. O filme é recomendado para maiores de 18 anos. 



O Cinema Comentado Cineclube acontece todo sábado, a partir das 19h, na sala 44 do Sesc – Rua Viúva Francisco Ribeiro 199 (Ginásio do Sesc). A entrada é gratuita e há sempre um bate-papo após as exibições. 


 


CINESESC



No domingo, dia cinco de julho, o CineSesc exibe CIDADE OCULTA (1986), dirigido por Chico Botelho, que conta a história de Anjo, um marginal que vive com Shirley Sombra (estrela de boates decadentes) e com o velho companheiro Japa. O filme se apresenta como uma síntese de variados gêneros cinematográficos, usando a arquitetura futurista de São Paulo como cenário natural da trama. Faz referência a vários elementos da cultura pop, aos filmes noir e foi inspirado no quadrinho “Spirit”, de Will Eisner.



Na segunda metade dos anos 1980, o cinema brasileiro, sobretudo o paulista, trouxe uma nova sintonia entre a cinematografia nacional e a mundial. Se no Cinema Novo o foco era o “estado de coisas” do país, o diálogo de obras como “Anjos da Noite” (88), “A Dama do Cine Shanghai” (87), ou o carioca “Eu Sei que Vou Te Amar” (86), era com o cinema e seus mecanismos de representação. Os filmes dessa safra trazem uma questão presente na produção norte-americana desde o início da década: a estetização extrema, desprezando a luz naturalista e adotando recursos como filtros coloridos e iluminação geometrizada. CIDADE OCULTA é dos exemplos mais emblemáticos dessa geração formalista. 



O diálogo é fortemente calcado na linguagem dos quadrinhos e a estética se remete a gêneros cinematográficos como o policial noir e os coloridos musicais brega-chiques de Hollywood. O filme também se alinha com a música pop. Não à toa, conta com o músico Arrigo Barnabé como protagonista, além da “aparição” de Itamar Assumpção. A trilha sonora, assinada pelo próprio Arrigo, é interpretada por Tetê Espínola, Vânia Bastos e os oitentistas Paulo Barnabé, Patife Band e Goemon. 



CIDADE OCULTA trabalha com tipos, personagens “exagerados e maniqueístas”. Tal abordagem nada realista e voltada para o artificialismo (que foi apelidada equivocadamente, na época, de “neon-realismo”) sugere uma desconexão com o real. Na tela, contudo, as imagens dos viadutos e arranha-céus urbanos dizem algo sobre o meio no qual foram criadas. Assim, mesmo sem se pretender um registro realista de São Paulo, CIDADE OCULTA mostra, em tom cético-pessimista, aspectos diversos da “cena urbana” revelando as características do submundo com vícios e virtudes tão típicos da humanidade. O filme é indicado para maiores de 16 anos.



O CineSesc acontece em parceria com o Cinema Comentado Cineclube e a Programadora Brasil, apresentando sessões todos os domingos, no Salão de Convenções do Sesc-Pousada Montes Claros, a partir das 18h. O endereço do Salão é Rua Viúva Francisco Ribeiro 199 (Ginásio do Sesc). As sessões são gratuitas, abertas a todos os interessados, e depois acontece um bate-papo com a platéia sobre o filme apresentado.

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