Michelle Tondineli


Repórter

Acontece neste fim de semana, nos dias 30 e 31, às 20h30 a estreia da peça escrita por Nelson Rodrigues e produzida por Haroldo Soares, no Centro Cultural Hermes de Paula em Montes Claros.

(foto: MICHELLE TONDINELI)





A atriz Meire Persa e o diretor Haroldo Soares.

Segundo Haroldo Soares o objetivo de ter escolhido esta peça para apresentação é por gostar de textos ousados, no estilo de que só Nelson Rodrigues pode escrever.

- Escrevo textos que leva o público a refletir e a ter consciência limitada, que proporciona um momento de reflexão. Essa é a intenção de trabalhar com espetáculos neste nível, neste estilo - comenta.

Os ensaios da peça duraram quase cinco meses, por ser bem detalhado, de um entendimento complicado. De acordo com Haroldo é necessário trabalhar desta forma para que não ocorram erros.

MONÓLOGO

O papel da mocinha de 15 anos, de família tradicional e que é assassinada enquanto tocava piano é interpretado pela atriz Meire Persa. 

- Ela não sabe o que aconteceu e não sabe que morreu. No desenvolvimento da peça ela fica tentando descobrir o que esta acontecendo, pois as pessoas começam a sumir da vista dela, a mãe dela começa a se envolver em uma nuvem de fumaça, ela começa a escutar vozes e barulhos, a ver coisas – revela a atriz.

Meire ainda revela que durante a peça, a personagem Sônia vai revivendo mais seis personagens, dentre eles estão seu pai, sua mãe, um bêbado, um médico da família, umas comadres e um possível namorado que não se sabe se é imaginário ou real.

- Quem descobre o assassino é a plateia, seguindo as dicas e pistas que a interpretação dos outros personagens vão deixando, sendo um quebra cabeças. E ela tem uma característica de Nelson Rodrigues especial, que é um pouco de sensualidade, já que ele gostava do lado da morte, adultério, sobrenatural, que ela é uma morte - explica.

Meire ainda fala que as pessoas não devem deixar de assistir a peça, por ser muito interessante e diferente de cada história já escrita.

- Acho a peça muito bacana, trabalha com todos os lados do ser humano, cômico, dramático, doida. Transmite todas as faces com gargalhadas, crises esquizofrênicas, crise de choro. E o mais interessante é que ela não sabe se é menina ou se é mulher, ela fica sem saber quem ela é e o que esta acontecendo – diz Meire.

Haroldo ainda acrescenta que além do espetáculo, Nelson traz um jogo para que o público possa entender e explicar quem é o assassino.

- O que aconteceu com aquela menina? É loucura dela? Uma coisa psicológica? É uma coisa mental? Cabendo ao público desvendar o mistério – frisa o direitor.

TURNÊ

Soares revela que esta sendo analisada a possibilidade de realizar uma turnê com a peça, levando para várias cidades da região, como Bocaiuva, Pirapora, Francisco Sá, e por um longo prazo em cartaz no Centro Cultural.

- É super interessante que as pessoas venham assistir a este espetáculo envolvente e interessante. Basta ter a curiosidade e uma boa percepção, principalmente pra advogados, psicólogos e administradores.

Para mais informações sobre a apresentação ou o grupo de teatro, ligue (038) 3222 -3456.

A PEÇA

Valsa nº 6 é a décima peça escrita por Nelson Rodrigues em 1951. É um monólogo e tem como personagem a solitária Sônia, uma menina assassinada aos quinze anos de idade.

É um monólogo do próprio Nelson Rodrigues, baseado na música de Chopan. Relata a história de uma menina que foi assassinada e neste tempo ela tenta descobrir quem foi o assassino, então ela fica o tempo todo perdida.

O motivo da criação da peça é porque Nelson Rodrigues queria realizar uma peça de baixo custo e, ao mesmo tempo, atrativa para a estréia de Dulce Rodrigues, a sua irmã caçula como atriz.

A peça não teve o alcance popular, nem Nelson conseguiu sucesso financeiro, permanecendo apenas quatro meses em cartaz. Apesar de tudo, Valsa nº 6 foi considerada pelos críticos uma grande peça, e colocou novamente o autor nas páginas dos jornais.