As várias faces do país na tela do Cinesesc

Jornal O Norte
Publicado em 15/05/2009 às 09:58.Atualizado em 15/11/2021 às 06:59.

Márcia Braga


Colaboração para O NORTE



Neste domingo, dia 17 de maio, a mostra Retratos do Brasil, no CineSesc, exibe O Rap do Pequeno Príncipe contra as almas (2000), dirigido por Paulo Caldas e Marcelo Luna. Dois personagens reais formam o eixo do documentário: Helinho, justiceiro, 21 anos, conhecido na comunidade como “O Pequeno Príncipe”, é acusado de matar 65 bandidos no município de Camaragibe (PE) e em bairros de subúrbio. Garnizé, músico, 26 anos, componente da banda de rap Faces do Subúrbio, militante político e líder comunitário, usa a cultura para enfrentar a difícil sobrevivência na área. Dois jovens de uma mesma periferia, duas vidas cruzadas pelo mesmo tema: a violência urbana.



O documentário apresenta uma interessante conciliação do documentarismo tradicional brasileiro com novas formas de apreensão do real nascidas do music video e do documentário performático. Em comum entre o matador sem culpas e o baterista com consciência social, além da origem nas favelas de Recife, existe a necessidade de responder com algum tipo de vigor a um contexto de miséria e degradação das relações humanas. No centro da discussão, a lógica da justiça com as próprias mãos e uma pergunta que teima em não calar: somos o que nascemos ou aquilo em que nos tornamos?



No filme de Caldas e Luna, a figura do adulto aparece sempre investida de algum constrangimento. O delegado da cidade demonstra franca perplexidade diante da escalada de violência. A mãe do bandido, por medo de exposição, nunca é mostrada de rosto inteiro. O radialista não disfarça sua demagogia sensacionalista. Essa juventude de O Rap do Pequeno Príncipe assumiu para si a tarefa de remediar um mundo que vê como doente, e não é o peso da maturidade ou a experiência acumulada nos anos que explicará as bases em que esta nova geração está se construindo.



CURTA



O Último raio de Sol, curta de Bruno Torres, complementa a sessão reforçando as idéias e colocações do longa-metragem. Numa viajem à Chapada dos Veadeiros, dois jovens da classe alta brasiliense resolvem se divertir às custas das pessoas que pedem carona na estrada. O filme mostra como uma atitude inconseqüente pode ter um final inesperado. Torres revela a experiência de uma juventude aburguesada que não busca ações de vontade coletiva, mas, ao contrário, está afundada no niilismo, na subjugação do outro (não apenas as “almas sebosas”, mas qualquer alma que cruze o caminho).



SERVIÇO



O CineSesc acontece em parceria com o Cinema Comentado Cineclube e a Programadora Brasil, apresentando sessões todos os domingos, no Salão de Convenções do Sesc-Pousada Montes Claros, a partir das 18h. O endereço do Salão é Rua Viúva Francisco Ribeiro 199 (Ginásio do Sesc). As sessões são gratuitas, abertas a todos os interessados, e depois acontece um bate-papo com a platéia sobre o filme apresentado.



PRÓXIMAS ATRAÇÕES



24/05 – “Edifício Máster” (2002), dirigido por Eduardo Coutinho.


31/05 – “Cinema, Aspirinas e Urubus” (2005), direção de Marcelo Gomes.

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