As páginas da cultura local estão bem representadas na história do museu

Jornal O Norte
19/06/2008 às 11:55.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:36

Paula Machado


Repórter

O centro de tradições mineiras- museu do folclore foi criado em maio de 1993. No local existem em torno de 1.500 a 2.000 mil peças.  O museu  é um projeto da diretora Maria José Colares com a parceria da Unimontes.




O painel de fotos de Montes Claros antiga



(foto: XU MEDEIROS)

O centro de tradições mineiras representa toda a tradição e a cultura de Montes Claros, como as festas de agosto e as raízes fortes do folclore montes-clarense. O museu recebe em torno de cinco mil visitantes por ano, todos deixam suas marcas em um livro de registro. Desde a inauguração já foram quatro.

Nas várias salas um verdadeiro tesouro, bonecos, troféus, acervos de livros folclóricos com cantigas antigas e a cultura local e informações sobre nossos antepassados e sobre os fatos marcantes da cidade.

Um exemplo é o boneco do pedinte Zé Galinheiro, figura marcante de Montes Claros, que foi morta a pedradas por alguns jovens na época. A obra é dos artistas Marcelo Souto, Sandra Madu Maia e Elizaneth A. Couto.

- Esses bonecos são produzidos por alunos de escolas de fora da cidade representando a tradição e cultura dessas cidades. Mas há também obras de pessoas aqui de Montes claros também. Os estudantes do curso de artes da Unimontes enviam o que produzem lá para nós- explica a funcionária do museu, Ione Braga, responsável por recepcionar os visitantes.

Normalmente a maior parte dos visitantes é composta por estudantes. Desde estudantes de creche até universitários em busca de respostas para suas monografias.

Mas segundo Ione, o público marcante ainda é da 5ª a 8ª séries.

De acordo com ela, os meses de mais movimento no museu são de maio a setembro, onde o número de estudantes aumenta.

- A cada ano percebe-se que o número de visitantes aumentam. As escolas estão aplicando mais disciplinas ligadas a arte e a cultura para os estudantes. Estimulando-os a se interarem mais a respeito da nossa história que por sinal é muito linda -afirma ela.

Durante a visitação é contada a história dos tropeiros, dos bonecos, da antiga Montes Claros, como também dos mitos folclóricos como a mula sem cabeça, o saci pererê e a mulher de branco.

- As crianças adoram quando contamos um pouco sobre o mito. Ficam curiosas e começam a mostrar interesse -responde Ione.

Mas o museu no momento passa por algumas dificuldades como ressalta.

- O museu está sofrendo muito com a questão do espaço. Quando o número de visitantes é maior, tem que ser feita uma divisão. As salas não comportam mais de vinte alunos. E o local é escondido. Têm pessoas que não sabem da existência do museu- conforme explica a funcionária.

O que é então reivindicado é um espaço mais amplo para acomodar os visitantes e abrigar as peças, uma vitrine para expor peças com mais de cem anos de idade e uma localização melhor, diz.

O centro de tradições folclóricas está sempre recebendo doações de peças de pessoas interessadas e abriga uma  grande coleção de fotos da antiga Montes Claros, com as primeiras casas, o primeiro clube da cidade, o primeiro grupo de catopés, entre várias outras fotos importantes. Dentre elas existe a foto de Tuia. Um outro personagem muito importante e marcante da região.

SALA DOS TROPEIROS

De acordo com Ione, Montes Claros nasceu com a chegada dos primeiros tropeiros liderados por Antônio Gonçalves Figueira.  Dá-se o nome de tropeiros porque viviam em tropas comprando e vendendo gado. Chegaram então a Montes Claros e se fixaram na imediações da praça da matriz porque gostaram da terra, onde Antônio Gonçalves construiu sua fazenda. A igreja da Matriz era a igreja de sua fazenda. Mas tarde a cidade foi crescendo e se desenvolvendo, no lugar de uma praça surgiu o mercado. A cidade foi tomando corpo para posteriormente se originar na Montes Claros de hoje.

HISTÓRIA DE TUIA

Tuia é uma figura marcante de Montes Claros. Escravo de um coronel da região, descobre sobre a amante do patrão e ameaça contar a sua senhora sobre a traição do marido. Costumam dizer que ele gostava muito de falar. O coronel então decide cortar a língua do escravo para que ele não contasse a sua esposa sobre seu erro. Tuia a partir desse ato tem sua língua cortada e passa a usar bico e a chupar chupeta na esperança de sua língua voltar. Tuia morre sem língua. Acaba virando um mito para a região. Antigamente as mulheres engravidavam e rezava para Tuia abençoar aos seus bebês. E quando seus filhos adoeciam rezavam para Tuia curar. Após o pedido atendido depositava na sepultura de Tuia um bico ou uma chupeta em agradecimento. Por isso muita gente usava a expressão filho de Tuia.

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