Michelle Tondineli
Repórter
O artesão pernambucano José Ferreira da Silva Santos passa por Montes Claros por volta de um ano, procurando a melhor forma de vender suas bonecas namoradeiras de argila e seus chaveiros de couro, coquinho e argila.
Segundo o artesão, a primeira vez que visitou a cidade de Montes Claros foi a passeio. Quando voltou pela segunda vez, foi para mostrar seu trabalho como artesão e realizar as vendas para o sustento da família.
(foto: MICHELLE TONDINELI)
Bonecas namoradeiras são vendidas em um carro.
- Tem cinco anos que trabalho com essa arte, essa é a terceira viagem a esta cidade que venho a vendas. Procuro sempre a melhor forma de trabalho, fala.
José explica que a forma como aprendeu a ser artesão foi muito fácil e surpreendente. Ele conta que seu irmão mais novo arrumou um trabalho como auxiliar de um professor de barro.
- Aí eu pude aprender a técnica e gostar dela. O meu interesse surgiu pela necessidade, porque estava desempregado, e o que seria um “bico”, acabou ficando. Quem encontra este trabalho não quer sair, é muito gostoso, relaxante e bom. Como em minha cidade existe muita concorrência com os trabalhos, resolvi colocar o pé na estrada, procurando levar o meu produto ao cliente, revela.
De acordo com o artesão, Montes Claros é bastante considerada, além de ser uma cidade grande. Ele explica que saiu de Pernambuco e se encaixou muito bem na cidade e pretende vir sempre que for possível.
- O meu trabalho é muito valorizado aqui. A cidade é um ponto bom, é um local em que a população valoriza. Faz um ano que vendo nesta cidade, completa.
Ele ainda completa que selecionou grandes cidades para realizar as vendas. Além de procurar formas de realizar a viagem por mais tempo.
- Eu selecionei cidades como Salvador, Porto Seguro, Salinas, Francisco Sá e Montes Claros. E pretendo fazer mais, como Uberlândia, Uberaba e Belo Horizonte, o carro é pequeno e não da pra fazer todas as cidades, mas ainda chego lá, revela.
Os pontos de venda nas cidades ficam por conta do movimento e da indicação da população.
- Eu procuro pessoas de uma classe média em ruas movimentadas, shoppings, avenidas e principalmente feira de artesanato, diz.
José não possui lugar de hospedagem na cidade. Ele revela que seu companheiro de todos os momentos é o carro.
- Isso só acontece porque artesanato nem sempre é bem valorizado. Se for pagar uma hospedagem hoje, fica no mínimo de R$ 15 a 20 (reais) a diária, fora a alimentação do dia. Então eu sempre fico dentro do meu carro, ela é minha casa, meu hotel, conta.
Segundo o artesão ele possui a ajuda de toda a sua família para realizar a produção das peças artesanais.
- Nós passamos um tempo fazendo os artesanatos. A temporada de inverno é a que nós mais produzimos as peças. E no verão, nas férias, nós mais realizamos venda. Mas grande parte do tempo é produzindo. Com a ajuda de toda a minha família é possível realizar uma boa produção, nas viagens às vezes fica difícil produzir, mas quando estou La sempre ajudo, complementou.
O tempo do artesanato vai variar de acordo com o tipo do produto, do tamanho e das cores.
- Em média demoramos de duas a três horas, ou até mesmo um dia dependendo da peça. Eu só trabalho no estilo de mulheres, que refletem toda a cultura. Sendo ela indígena, africana, pernambucana, nordestina, a do campo, a lavadeira, a grávida, todo o mundo. Além das bonecas, também produzimos chaveiros, explica.
Os preços variam de R$ 2 para os chaveiros, e para o artesanato em barro de R$ 5 a 120 (reais). Variando o tamanho de seis a oitenta centímetros.
Para mais informações sobre o artesanato de argila o telefone é de um deposito do José em Salvador: (71) 9201-6874.