Artesão fala da dificuldade em negociar sua produção

Jornal O Norte
Publicado em 29/07/2009 às 10:56.Atualizado em 15/11/2021 às 07:05.

nullDavid Vargas, mais conhecido como Bocão, realiza trabalhos artesanais desde que os 17 anos de idade. Para ele, o artesanato estava traçado para fazer parte de sua vida desde pequeno, numa sucessão e colares, brincos, pulseiras, mensageiros. Sua oficina a céu aberto fica na praça do Bairro Todos os Santos, em Montes Claros.



Bocão tem como hobby o artesanato.



- Eu sempre gostei de artesanato e via as pessoas trabalhando, aí foi quando eu comecei uma produção pessoal, sem me preocupar com vendas. Há cerca de dez anos é que comecei a vender esses trabalhos - revela.



David explica que a aceitação do público montes-clarence com relação à arte trabalhada é baixa. Ele acha que, além de não saberem valorizar o trabalho, criticam se é exagerado.



- Acho que a aceitação do público aqui é meio baixa, tem gente que gosta e tem gente que não gosta... Eu gosto de fazer trabalho mais medieval, com arame, sendo bem diferente. E são poucas as pessoas que curtem essa arte e sabem valorizar esse tipo de trabalho - diz.



Ele explica que o montes-clarense gosta de trabalhos mais simples:



- A extravagância não existe para a cidade, nada que chama muito a atenção agrada. E, como gosto de trabalhos mais rústicos, uso palha, cordão encerado, bambu, semente e outros materiais que eu achar que dão para fazer uma arte - diz.



De acordo com Bocão, a arte vem de uma inspiração que cada artista tem. Ele explica que deve existir um elo de criatividade. O tempo para cada arte, segundo ele, é indeterminado:



- Nunca marquei tempo para fazer algo, depende da criatividade. Quando comecei com o artesanato, fiz um brinco, e eu parava e ia fazer outro, para não perder as ideias. O que eu estava fazendo ficava parado pela metade, porque eu não queria perder a criatividade de outra coisa, aí voltava depois e concluía...



O artista explica que faz brinco, colar, mensageiro, pulseira, blusa, qualquer arte rústica:



- Se quiser que eu enfeite um chinelo, por exemplo, eu também faço, dependendo da minha criatividade... eu faço.



Segundo David, os preços variam de acordo com a cidade em que se encontra:



- Como em Montes Claros a arte não é muito valorizada, algumas pessoas pagam até R$ 50. Se eu estiver em alguma praia ou grandes capitais, as pessoas pagam até R$ 200. O pessoal daqui da cidade deve abrir mais a mente em termos de arte. As pessoas mais novas valorizam e sabem apreciar, mas as mais velhas...



O artesão explica que o material utilizado para as produções é doado ou comprado. E, para a produção de sua arte, é necessário usar alicate de bico fino, o jacaré, o alicate de corte, bitola, martelo e outros apetrechos.



- O trabalho de arame não é fácil, e o mais difícil é montar e bater o martelo, usar as ferramentas. Criatividade é o que mais tenho, tudo o que acho que dá para transformar em arte eu realizo, não só para venda, mas para consumo próprio também - diz.



David fala que, em Moc, não dá para viver só de arte; é necessário ter outro trabalho. Devido a essa necessidade, a arte fica sendo um hobby, como forma de relaxamento e, por isso, ele deverá mudar-se para o Triângulo Mineiro. (MT)

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