Igor Nogueira
Acadêmico do curso de Jornalismo - (matéria produzida para o Jornal Laboratório Vide Verso)

Viver de música não é tarefa fácil. No Brasil, onde há uma variedade de estilos musicais de acordo com cada região, como o samba no Rio de Janeiro, o axé baiano ou o rock de São Paulo é mais difícil ainda. As bandas e os cantores surgem em toda parte desmitificando um pouco dessa segmentação, na qual o público possa ouvir o que gosta em qualquer canto do País.

São centenas de artistas que buscam a fama através do seu trabalho. Compositores e intérpretes de ótima qualidade, diga-se de passagem, vivem no anonimato a espera de uma oportunidade para se destacarem na cena musical. Na TV, programas como “The Voice Brasil”, da Rede Globo, e “Ídolos”, da Record, tornaram-se porta de entrada pra quem sonha com o estrelato. Por outro lado, existe a cena independente que produz, grava e divulga sua obra principalmente com auxílio da internet. Nos últimos anos um dos grandes ganhos para pesquisadores e amantes da música brasileira e mundial foi a proliferação de sites e blogs de trocas de músicas. Diante de uma árdua competição, assinar com uma grande gravadora requer muito talento, “feelling” e, claro, muita sorte.

Em Montes Claros várias bandas e artistas solo possuem trabalhos autorais e usam as mídias sociais para divulgarem sua música. Festivais como “Woodsmoc”, que teve sua segunda edição realizada recentemente, reuniu bandas da cidade e da região com um público expressivo que aumenta a cada edição do evento.

Entre as bandas que se destacam no momento está a Mr.Jones, que vêm fazendo shows em toda região e começam a lançar seus primeiros singles. Segundo o vocalista Fred Castro, a banda considera as mudanças no cenário musical com o advento da tecnologia, principalmente da internet, um caminho fundamental para expandir suas músicas A banda acaba de lançar dois clipes e divulgam através das redes sociais. “Estudos comprovam que o público tende a absorver mais facilmente uma música com vídeo do que uma música somente com áudio, além de criar um vínculo da imagem da banda e seus integrantes junto ao público,” disse o vocalista.

Outro artista que continua em plena atividade é o cantor e compositor Marcelo de Paula, que já é veterano na cena musical. Nos anos 90 fez parte da banda de rock Virna Lisi, que se destacou no Brasil naquela época, e atualmente está a frente da produtora “É Sério-Idéias e Ações” que desenvolve um trabalho de consultoria em projetos sócio-culturais, ambientais e educacionais além de ser o vocalista de sua nova banda o The Paula. Marcelo diz que o cenário iniciou uma nova configuração. Não existe mais aquele poder das gravadoras junto ao mercado. Isso por que a tecnologia acabou com a dependência do mercado sob as bênçãos de uma maior. “Hoje é possível ter acesso a um artista ou uma música sem precisar comprar produto algum,” afirmou Marcelo, que já conheceu os dois lados da moeda. Quando era baixista do Virna, trabalhoucom gravadoras como Polygram e a norte-americana MCA. Com o The Paula é o próprio Marcelo quem cuida da venda, produção, shows, agenciando suas composições. “É realmente brutal a diferença,” concluiu o músico.

Thiago Fonseollié músico, guitarrista e vocalista da Bravum, que segundo ele propõe uma sonoridade crua e direta, com letras cheias de um contundente lirismo urbano. “ Melancolia e excitação se misturam como bebidas quentes, colidem com a vontade de se apartar e se escondem no que é talvez, o óbvio, concluiu o músico em” tom” filosófico. Além da Bravum, Thiago também tem um estúdio de gravação e ensaio e produz alguns artistas da cidade.

Mesmo diante das dificuldades os artistas seguem firme trilhando seu caminho para conquistar seu público fiel, demonstrando talento e atitude, e falando sobre todos os assuntos que fazem parte do cotidiano das pessoas, com qualidade musical que transborda aos nossos ouvidos.