A história e as curiosidades sobre a cultura africana

Jornal O Norte
16/05/2008 às 10:23.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:33

Paula Machado


Repórter

A mitologia africana faz um cosmo na visão da criação do mundo, do universo segundo a mitologia ierubá dos africanos.  Os africanos têm uma concepção assim como os católicos, como os judeus e mulçumanos com relação à criação do universo. Os ierubás são os últimos negros que vieram na remessa de escravos da África para o Brasil, no século XIX por volta de 1830/1840. Eles instituíram a religião do candomblé aqui no Brasil, possuem um modelo mais genuíno que virou um modelo universal aqui no país em culto às divindades africanas. As religiões de matriz africana não são politeístas. São todas monoteístas, possuem um só deus que é chamado de “Olodumare”. O deus supremo “Olodumare” criou outras divindades ou deidades, que não são deuses, mas que participaram na criação do universo. Essas divindades são chamadas de “orixás” ou eborás. Segundo estudos apontados pelo professor Leonardo Campos, que ministra palestra em Montes Claros, há ainda uma explicação de como Obatulá recebeu das mãos de Olodumare a missão de criar a Terra e os seres humanos. De acordo com ele, cada divindade dentro da cultura afro-descendente teve seu papel importante para o aiê, que seria a Terra, onde cada um vai ser responsável pelo seu habitat e predominar são os protetores da natureza. O candomblé é uma religião africana que protege a natureza, e sofre muito preconceito pela população que vê a religião como macumbaria, como uma religião demoníaca.

- É o primeiro curso que eu ministro aqui na cidade e pretendo partir com esse curso para as universidades, até mesmo por causa do estudo necessário da cultura africana, em acordo com a lei 10639, sancionada em 2003, na qual se torna obrigatório o estudo da cultura africana e afro-brasileira no país. Enquanto essa lei não for aplicada, tanto na educação básica quanto nas universidades vai haver este descaso, esse preconceito - explica Leonardo.

Ainda segundo o professor, enquanto isso não acontecer à população vai sempre confundir, deturpar a religião africana. O Brasil desde o período colonial, com os padres católicos procuraram manchar a imagem das figuras dos orixás na figura do demônio, porque a religião oficial era a católica e a igreja era contra quem não seguia seus dogmas. E o africano tinha práticas que a igreja católica não admitia, e a religião da população negra era condenada. Muitos africanos e escravos foram perseguidos, torturados e queimados nas fogueiras na época da santa inquisição, acusados de bruxaria. Devido a isso então encontraram uma forma de mesclar essas perseguições através da junção das religiões. Pegavam à identidade de um determinado santo da igreja católica e baseavam na identidade de um orixá. Um exemplo é o santo São Jorge da igreja católica que para eles é o orixá guerreiro Ogum. Aderiram ao calendário da igreja católica. Mas hoje com a liberdade de crença desde 1943, já não existe mais a necessidade desse sincretismo religioso. Os primeiros africanos que chegaram ao Brasil no século XVI entre 1560/1570, eram do eixo congo angola, os bantus.

O curso ministrado pelo professor Leonardo, de acordo com Juliano Gonçalves Pereira, membro da executiva racial de juventude negra – articulação formada após o encontro nacional da juventude negra – representante de Minas Gerais, tem a intenção de explicar como que se dá a religião de matriz africana. Ele tem a função de abrir a concepção e destruir os paradigmas criados sobre as religiões africanas.

- Vem mostrar a fundo a etimologia da construção dessas religiões, como funcionam, qual a tradução das palavras, de onde se dá e o porquê se dá a forma de manifestação. É necessário para esclarecer os sentidos contrários criados que existem com relação a essas religiões de matriz africana - relata Juliano.

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