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Terça-Feira,23 de Setembro

A fogueira está queimando em homenagem a São João

Jornal O Norte
Publicado em 24/06/2009 às 11:54.Atualizado em 15/11/2021 às 07:02.

Michelle Tondineli


Repórter



São João é o Santo responsável pelo título de “santo festeiro”, por isso, no dia 24 de junho as festas são recheadas de muita dança em especial o forró. Em Montes Claros, as comemorações acontecem na igreja que tem o nome do Santo, no bairro com o mesmo nome - São João.



Segundo o Monsenhor Rocha devido a devoção acentuada e a promoção do folclore do brasileiro para os santos, a festa de São João é bastante movimentada, através das fogueiras e dos fogos, das celebrações, das procissões, das bandeiras que da um colorido especial ao mês de junho.



O vigário ainda completa que para melhorar a data comemorativa, talvez seja necessário que seja recuperado um pouco da história e da fé.



- É necessário cultuar mais os Santos, não apenas no seu aspecto folclórico, mas no seu aspecto de santidade próximo a Deus. Com a evolução da tecnologia, as devoções populares às vezes são renegadas, e falta talvez um incentivo e uma purificação. Sendo uma falta da pratica da fé, não do conceito, a falta dos Santos, que são os nossos modelos e intercessores junto a Deus – ressalta.



FESTIVIDADE



Para ele, de alguma forma, a população gosta mais da festa do que do próprio santo, principalmente nas grandes cidades, em que a fé parece mais diluída no meio urbano.



- No meio rural a fé é mais firme nesta época, já no meio urbano as pessoas procuram considerar mais o aspecto folclórico e sim o festivo e o comercial nas festas religiosas, como aluguel de roupas e decoração - completa.



SÍMBOLOS QUE MARCAM A TRADIÇÃO DO SANTO



No Nordeste do País, existem muitas festas em homenagem a São João, que também é conhecido como protetor dos casados e enfermos, principalmente no que se refere a dores de cabeça e de garganta. Alguns símbolos são conhecidos por remeterem ao nascimento de São João, como a fogueira, o mastro, os fogos, a capelinha, a palha e o manjericão.



Existe uma lenda que diz que os fogos de artifício soltados no dia 24 são “para acordar São João”. A tradição acrescenta que ele adormece no seu dia, pois, se ficasse acordado vendo as fogueiras que são acesas em sua homenagem, não resistiria e desceria à terra.



As fogueiras dedicadas a este Santo têm forma de uma pirâmide com a base arredondada.



O levantamento do mastro de São João se dá no anoitecer da véspera do dia 24. O mastro, composto por uma madeira resistente, roliça, uniforme e lisa, carrega uma bandeira que pode ter dois formatos, em triângulo com a imagem dos três Santos, São João, Santo Antônio e São Pedro; ou em forma de caixa, com apenas a figura de São João do carneirinho. A bandeira é colocada no topo do mastro.



O responsável pelo mastro, chamado de “capitão” que deve, juntamente com o “alferes da bandeira”, responsável pela mesma, sair da véspera do dia em direção ao local onde será levantado o mastro. Contra a tradição que a bandeira deve ser colocada por uma criança que lembre as feições do santo. O levantamento é acompanhado pelos devotos e por um padre que realiza as orações e benze o mastro.



Uma outra tradição muito comum é a lavagem do Santo, que é feita por seu padrinho, pessoa que está pagando por alguma graça alcançada. A lavagem geralmente é feita à meia-noite da véspera do dia 24 em um rio, riacho, lagoa ou córrego. O padrinho recebe da madrinha a imagem do santo e lava-o com uma cuia, caneca ou concha. Depois da lavagem , o padrinho entrega a imagem à madrinha que a seca com uma toalha de linho.



Durante a lavagem é comum lavar os pés, rosto e mãos dos santos com o intuito de proteção, porém, diz a tradição que se alguma pessoa olhar a imagem de São João refletida na água iluminada pelas velas da procissão, não estará vivo para a procissão do ano seguinte.



O SANTO



João Batista era filho de Zacarias e Isabel, um casal bem idoso, que na época da fertilidade não teve filhos, devido à esterilidade de Isabel.



Pela graça de Deus, Isabel e Zacarias receberam este filho quando eram bem idosos, e João Batista veio como um presente de Deus para o casal, destaca.



Segundo o Monsenhor Rocha, desligado do comando de uma paróquia devido a idade, a data do dia 24 foi estipulada como uma certa fundamentação bíblica, assim como dia 25 de dezembro foi estabelecida a data do nascimento de Jesus.



- Logicamente 9 meses antes do dia 25 de dezembro Maria concebeu Jesus. A história revela que quando Maria concebeu Jesus, Isabel concebeu seis meses antes João Batista, que foi quando Maria recebeu a notícia de que ela iria ter uma criança. Desta forma, por uma razão mística e ate certo ponto teológico, o nascimento de Jesus como luz do mundo se situa no solstício de inverno, e o de João Batista no verão - explica.  



O Monsenhor Rocha frisa ainda que São João foi muito conceituado pelos evangelistas, por Lucas e por João Evangelista.



- Eles fizeram referências muito elogiosas, não podendo ser diferente de São João Batista, e nós que somos continuadores e herdeiros desta fé que recebemos dos apóstolos (creio na Santa Igreja Católica), somos praticantes desta fé apostólica e devemos cultivar também a devoção a todos os santos, em especial a João Batista, que tem um destaque muito eminente tanto nos evangélicos, na liturgia ou no devocionário popular. Que São João Batista continue intercedendo por nós, nos dando juízo e discernimento para seguir o que ele nos mandou - sugere o vigário Rocha para toda a população.

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