Após de 500 do descobrimento, os povos indígenas estão reduzidos demograficamente e com o futuro incerto. No seu dia, sem muito para comemorar, grupos de Capoeira de Montes Claros e representantes de tribos indígenas se reúnem para debater sobre a situação dos povos indígenas no Brasil. O encontro acontece de 19 a 22 de abril.
Jerúsia Arruda
Repórter
Se no Brasil todo dia era dia de índio, há mais de seis décadas não é mais assim. Instituído no México, em 1940, durante o I Congresso Indigenista Interamericano, que contou com a participação de representantes de diversos países das Américas, o Dia do Índio é comemorado no dia 19 de abril.
Durante o Congresso, os índios foram convidados a participar, mas acostumados com perseguições, traições e outros desrespeitos, recusaram. Dias depois, convencidos de sua importância na luta pela garantia de seus direitos, resolveram comparecer. A partir de então, o dia 19 de abril, por sua importância histórica, passou a ser o Dia do Índio em todo o continente americano.
No Brasil, em 1943, o ex-presidente Getúlio Vargas assinou o decreto nº 5.540, determinando que o Brasil, a exemplo dos outros países da América, também homenageasse os índios em 19 de abril.
Quando os portugueses chegaram ao Brasil havia aproximadamente 4 milhões de índios no país.
Mostra, Batizado e Encontro de Capoeira marcam as comemorações do Dia do Índio em Montes Claros
Após 500 anos do descobrimento restam mais ou menos 400 mil, divididos em 200 etnias e 170 línguas e dialetos, espalhados pelo território brasileiro, sobrevivendo em condições precárias e sujeitos aos avanços da expansão econômica sobre suas terras e, com o contato com o homem branco, a maioria das tribos perdeu sua identidade cultural.
Sem muito para comemorar, o Dia do Índio é lembrado pelas escolas, manifestações e protestos isolados, de grupos que lutam para que os índios não tenham os mesmos direitos que os outros cidadãos brasileiros e o reconhecimento do direito de viver de acordo com os próprios costumes.
A Câmara dos Deputados realiza hoje, às 10 horas, uma sessão solene com o objetivo de promover um amplo debate para a construção de uma política nacional indígena.
Em Montes Claros, a data será marcada por uma promoção que começa nesta quinta-feira e vai até domingo, 22 de abril. Durante o encontro o cacique Airton Krenak da tribo Maxacali, Vale do Rio Doce profere palestra com o tema Relação com a natureza, relação comunitária e com os povos indígenas e urbanizados do país. Haverá, também, Mostra de Capoeira, com Batizado e Encontro, com participação de vários grupos de Capoeira da cidade, que oferecem bolsas de treinamento aos parceiros do encontro.
José Martins, um dos coordenadores do encontro, diz que a Capoeira possibilita apresentar não apenas uma linguagem, mas uma nova forma de ver as diversas etnias que formaram o povo brasileiro.