Michelle Tondineli
Repórter
Na sexta-feira, dia 22 de maio, começaram as comemorações do centenário de Hermes de Paula. A viúva do historiador e médico, dona Fina, participou da sessão solene que aconteceu no Centro Cultural de Montes Claros.
A seresta João Chaves realizou uma caminhada até o Café Galo, esquina das Ruas Governador Valadares com Simeão Ribeiro, onde foi o laboratório de análises clínicas, o primeiro da região do Dr. Hermes de Paula, sendo realizada o canto da música Amo-te Muito.
Montes Claros antiga.
Logo após o caminho foi direcionado para o Centro Cultural Hermes de Paula, onde havia uma exposição com objetos de uso particular do médico, como livros, instrumentos cirúrgicos, fotografias (ou chapas), discos de vinil, imagens santas, gravador de rolo, relógio, máquina de escrever e outros.
As comemorações do centenário de nascimento de Hermes de Paula prosseguem até o final do ano, dia seis de dezembro.
EXPOSIÇÃO
O objetivo do centenário é comemorar a participação de Hermes de Paula na cidade que nasceu em 1909, e preservar a memória da cidade, que existe para relembrar a cultura da cidade.
A exposição que teve início na sexta-feira dia 22, termina no sábado dia 30 de maio. O diretor da Biblioteca Municipal, Dário Cotrim, destacou quatro partes importantes da exposição de Hermes de Paula. A primeira delas é a imagem da Santa Nossa Senhora da Conceição, que pertenceu ao padre José Vitório, da Vila São José do Gurutuba. Hermes de Paula conseguiu a imagem da Santa logo após a morte do padre.
- O padre foi assassinado e no momento ele estava com aquela santa, que tem a mão quebrada pelo impacto do tiro - destaca.
Outra parte importante dos materiais de Hermes de Paula, foi o kit de laboratório com microscópios e uma maquina fotográfica da época, para o registro de suas pesquisas.
- A máquina é do princípio dos anos 1990, e registrava todos os momentos históricos da cidade de Montes Claros - lembra.
O terceiro destaque e não menos importante foi a continuação dos materiais do laboratório, no qual existem materiais de mistura de elementos químicos com produto, para descobrir tipos de vermes. Um relógio que marca de 20 a 55 minutos, para marcar o tempo do material ser analisado, e o material de esterilização das peças como seringas.
- Parecem dois pequenos fornos - comenta.
E por ultimo, quadros de charges, que decoravam o laboratório.
- Era para lembrar ao médico a importância de seu trabalho. Nas charges é o seguinte, na hora da morte o médico é um santo o paciente espera o milagre, depois, o médico é simplesmente um homem que cumpriu o seu dever, e por ultimo, o doente esta a salvo, mas quando apresenta a conta o médico vira o diabo – diz o historiador, sorrindo.
Todo o material para a exposição foi emprestado por dona Fina, esposa do Dr. Hermes de Paula.
QUEM FOI HERMES DE PAULA
Hermes de Paula ou Dr. Hermes Augusto de Paula, nasceu em Montes Claros, no dia seis de dezembro de 1909, vindo a falecer em 10 de junho de 1983, na mesma cidade que viveu durante toda sua vida. Foi médico, folclorista e historiador brasileiro.
Diplomou-se em medicina em 1939 pela Faculdade Fluminense de Medicina - Niterói. Durante o curso médico trabalhou no instituto Vital Brasil, onde foi assistente do Dr. Vital.
De volta a Montes Claros, montou o primeiro laboratório de análises clínicas da região. Foi diretor-clínico da Santa Casa, membro do Conselho Consultivo da Associação Médica de Minas Gerais e fundador da regional Montes Claros, membro da Sociedade de Higiene de Minas Gerais, diretor-gerente do Instituto Antônio Teixeira de Carvalho (entidade de assistência à infância e à gestante), chefe da 5ª Delegacia Regional de Saúde, professor de higiene e puericultura da Escola Estadual Professor Plínio Ribeiro (Montes Claros), médico do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais - DER/MG, chefe do departamento médico e assistencial do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - Dnocs, idealizador, fundador e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes.
Fundou e dirigiu por 16 anos o Grupo de Serestas João Chaves, época em que o Grupo gravou oito elepês. Era membro da Academia Montesclarense de Letras, da Academia Municipalista de letras de Belo Horizonte da Academia de Letras de Piracicaba - São Paulo, do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, do Instituto Genealógico Brasileiro.
Entre as diversas obras, podemos citar como escritor, historiador e folclorista, o livro montes Claros, sua história, sua gente e seus costumes em que resgatou toda a história do município, desde os seus primeiros habitantes 1707 e os costumes de seu povo através dos tempos.
Foi condecorado com a medalha de honra de Montes Claros, medalha da Inconfidência, medalha Cultural Mário Dedini (Piracicaba), medalha Vital Brasil (MG), medalha Vital Brasil (SP), medalhas Civitas-2007 (MG), já em memória.