Não há como falar em motociclismo fora de estrada no Brasil sem lembrar automaticamente do Enduro da Independência. Antes que modalidades como os ralis cross-country e o próprio Enduro FIM (velocidade) ganhassem espaço e praticantes, o Independência era o principal desafio sobre duas rodas no país.
Uma tradição iniciada como forma de lembrar os caminhos feitos por Dom Pedro pelas Minas Gerais que se perpetuou ao longo dos anos, reunindo desde os mais destacados nomes do enduro de regularidade aos treieiros de fim de semana, que ganham a chance de testar os próprios limites. Passando por trilhas e percursos que se renovam a cada edição.
Desta vez, nos 35 anos da prova, a inspiração veio da fé. Pela primeira vez o Independência largará de Aparecida do Norte (SP), onde, em 1717, foi encontrada a imagem daquela que seria a padroeira do Brasil, hoje celebrada com um Santuário.
E é justamente o enduro a abrir as comemorações pelos 300 anos da data católica, com direito a largada da Basílica, que ganhará o colorido de homens e máquinas na quarta-feira.
OBSTÁCULOS
Não será a única novidade da prova – aliás, o próprio percurso é totalmente inédito, ao atravessar uma das vertentes mais difíceis da Serra da Mantiqueira. Com vários trechos em mata fechada, chuva e umidade podem ser dois adversários a mais para os 300 pilotos, que serão antecedidos por duas feras do motociclismo brasileiro: o paulista Jorge Negretti e o mineiro Massoud Nassar, donos de vários títulos no motocross, e que aceitaram o convite para abrir a trilha para o pelotão de competidores. No primeiro dia, com a travessia da divisa entre os estados, Itajubá será o destino.
Quinta-feira será a vez de rumar para Três Corações, de onde os pilotos seguem na sexta para Lavras – em torno da qual foi desenhado o percurso do sábado, aproveitando trilhas de provas tradicionais, como o Enduro dos Ipês, com “pegadinhas” para surpreender os pilotos do Sul de Minas.
Feras como Mário Vignate, o tricampeão Dario Júlio (agora na categoria Over 40) e Álvaro Amarante terão, no entanto, uma concorrência “estrangeira” de peso, encabeçada pelo capixaba Jomar Grecco, que busca seu quarto título na Master, além do paranaense Emerson Loth, vencedor em 2014, e do catarinense Guilherme Cascaes.