Futebol no sangue

“Respeitar as pessoas, fazer o que gostamos sempre com muito empenho, objetivar sempre mais do que nos é solicitado e ser leal aos profissionais com quem trabalhamos são características fundamentais em um gestor”

Jornal O Norte
03/07/2014 às 22:51.
Atualizado em 15/11/2021 às 16:53

“Respeitar as pessoas, fazer o que gostamos sempre com muito empenho, objetivar sempre mais do que nos é solicitado e ser leal aos profissionais com quem trabalhamos são características fundamentais em um gestor”


Samuel Evangelista





Divulgação

“Captar recursos junto aos empresários para fortalecer o grupo de atletas e aumentar os recursos
já aplicados pelas faculdades Funorte é o grande desafio”

 



O trabalho para muitas pessoas começa desde cedo e, a partir das experiências adquiridas neste âmbito o ser humano se influencia e constrói sua postura como cidadão e profissional, tornando-se referência para muitos indivíduos. Este é o caso do montesclarense Cristiano Dias Junior, de 38 anos, atual diretor executivo do Funorte Esporte Clube - FEC, um dos times que defende a cidade nos campeonatos nacionais de futebol.

Formado em Educação Física pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas - Funorte e especialista em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas – FGV, Cristiano é casado e pai de duas meninas: Isabella (15 anos) e Isadora (10 anos). Além de ouvir músicas e viajar, nos momentos de folgas, o diretor acaba não fugindo muito do lado esportivo, uma vez que também gosta de jogar e assistir jogos futebol.

Associado aos vários desafios que possui a frente do time do Funorte, Cristiano é também Secretário Adjunto de Educação em Tempo Integral. No que tange as duas funções que ocupa, o diretor diz que deseja realizar um grande trabalho a frente das atribuições que lhe são ofertadas. “Pretendo me tornar um dos melhores gestores a frente da Secretaria Municipal de Educação de Montes Claros, deixando um ótimo legado para os nossos aprendizes. Na direção do Funorte desejo elevar o clube a um bom desempenho ainda no futebol brasileiro e me promover para ascensão na gestão de um grande clube no Brasil”.

Em relação às perspectivas pessoais, Cristiano tem como prioridade formar as filhas. “Quero que elas escolham uma profissão que as conceda independência financeira e satisfação pessoal, além disso, busco no meu cotidiano ter bom convívio com toda a minha família e amigos que me cercam”.

Na entrevista a seguir, Cristiano Junior fala das dificuldades em dirigir um clube esportivo e como vence os obstáculos diários de sua gestão.

Desde quando é diretor do Funorte Esporte Clube?
Assumi a função de gestão no Funorte Esporte Clube, desde a profissionalização do departamento de futebol em 2007. Na ocasião, fui um dos responsáveis pela criação do estatuto, escudo, e uniformes do clube, além do registro do time na Confederação Brasileira de Futebol - CBF e Federação Mineira de Futebol – FMF e da montagem do primeiro elenco na disputa dos campeonatos.

Quais dificuldades você enfrentou até alcançar a função de diretor?
Assim como tudo na vida, busco alcançar objetivos maiores na minha profissão e como comecei muito jovem, o reconhecimento do meu trabalho pela direção da Funorte foi fundamental para alcançar o cargo e superar as dificuldades existentes nas minhas atribuições.  

Como é dirigir um time esportivo?
Não é fácil; já passei várias noites sem dormir, seja nos resultados negativos como nas vésperas dos jogos decisivos ou nos momentos que me exigiram bastante empenho para tudo sair bem. O mais importante é poder dizer que, nestes sete anos de trabalho à frente do Funorte, foram poucos os eventos que deixaram marcas negativas.

Tenho como o maior problema para administrar, mudar o cenário desfavorável criado no passado, onde a  credibilidade junto aos empresários e torcedores caíram e precisam ser resgatados. Para se ter um grupo como o Funorte é necessário patrocínios empresariais e apoio da torcida nos dias de jogos, comprando ingressos e camisas de forma a dar apoio ao FEC.

Quais são os principais desafios que enfrenta na profissão?
Captar recursos junto aos empresários para fortalecer o grupo de atletas e aumentar os recursos já aplicados pelas faculdades Funorte. Além disso, temos outras dificuldades como: obter locais ideais para treinamentos com estruturas adequadas para realização dos trabalhos, ter um estádio que possa conceder um melhor desempenho nos jogos e um maior conforto a nossa torcida, melhorando desta forma, a nossa representação com um time forte.  

Como avalia a qualidade do atual grupo do Funorte Esporte Clube?
Dificilmente erramos ao contratar profissionais que não estejam comprometidos com o trabalho ou que venham a nos trazer problemas. Sempre fizemos times competitivos e formamos alguns bons jogadores nas categorias de base, o que já rendeu bons frutos para o futebol mineiro e brasileiro, principalmente alguns da nossa cidade.

Atualmente, vamos iniciar uma temporada com boa perspectiva de acesso aos módulos seguintes, sendo que, a priori, vamos buscar o acesso ao módulo 2 em 2015 e, na sequência, o modulo 1 em 2016. O nosso objetivo será chegar a serie D do Brasil e talvez até a copa do Brasil pela 1ª vez em 2017.

Qual o diferencial do FEC?
O Funorte foi criado com uma força diferente dos demais clubes do interior mineiro, uma vez que é um clube que possui por trás, uma instituição de ensino forte, que pode aliar os serviços já existentes ao futebol profissional.

Temos hoje uma das melhores estruturas do futebol do interior mineiro e com boa perspectiva de futuro. Estamos localizados numa região de 1 milhão de habitantes, público hoje existente nas cidades nortemineiras.

Como é lidar com a diversidade cultural e regional dos jogadores que compõem o Funorte?
Temos que lutar para mudar a realidade de muitos dos nossos atletas que possuem poucas perspectivas de chances no futebol, até mesmo pela distância dos grandes centros e falta de melhores estruturas para formarmos as categorias de base. Este fator inibe os jogadores que iniciam aqui, e, dificultam o seu futuro quando se chega no modo profissional. O futebol é uma paixão nacional e aqui na nossa região não é diferente, o que precisamos é oportunizar os potenciais aos atletas da nossa região.

Qual a sua opinião sobre a situação do futebol no Brasil?
O futebol brasileiro passa por uma transformação na profissionalização dos clubes e dirigentes, mas falta ainda melhorarmos as estruturas do futebol do interior e valorizarmos os clubes pequenos que são os formadores de atletas, dando a eles condições de negociarem seus jogadores sem perdê-los gratuitamente para grandes clubes, pois, quando os clubes de maior expressão os avistam, levam sem ajudar estes times que os descobriram e até tiveram dificuldade para mantê-los treinando.

Outro detalhe são os altos salários hoje pagos no futebol profissional. Está sendo formada uma bolha prestes a explodir a qualquer momento, onde 90% dos clubes estão endividados e negociando atletas a preços altos com o exterior e sem reduzir estas dívidas contraídas.

Desta forma, precisamos idealizar legados no futebol, que possam melhorar a vida das famílias e de regiões onde se despontam os nossos talentos, com locais esportivos que atendam as comunidades em geral.

Existem projetos sendo desenvolvidos ou criados para o time do FEC?
Estamos projetando a criação de um centro de treinamentos em melhores condições do que o atual, com uma estrutura de grande centro esportivo, além da possível construção de um estádio para os jogos. Estamos trabalhando também na captação de recursos junto ao Ministério dos Esportes para o desenvolvimento e manutenção das atividades nas categorias de base.

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