A cadeia de Montes Claros, construída para abrigar 90 presos, conta hoje com 352 condenados. Além das condições subumanas que preocupam as autoridades do setor de segurança pública, outro fator vem intrigando a direção do cadeião e, ao mesmo tempo, vem sendo uma conquista: a tranqüilidade do local há mais de quatro meses.

O diretor do cadeião, delegado Saulo Nogueira, disse a O Norte que há mais de quatro meses, quando assumiu a direção, não houve qualquer rebelião ou fuga, com ressalva do descuido do agente penitenciário que acompanhou o engenheiro que assassinou a facadas sua ex-mulher até uma clínica psiquiátrica de onde o mesmo fugiu.

- Até o mês de novembro, as fugas e rebeliões estavam sendo constantes na cadeia pública de Montes Claros. Quatro meses se passaram e nenhum registro desses fatos aconteceu. É preocupante essa tranqüilidade dos presos, mas, por outro lado, enxergamos como uma conquista manter um diálogo e procurar atender as reivindicações daqueles que vivem ali em condições subumanas – diz o delegado. 

FALTA DE ESTRUTURA

Saulo pontuou os principais problemas do cadeião, entre eles: a falta de estrutura física, deficiência na assistência médica e no efetivo que cuida da segurança interna e externa.

- Os presos vivem amontoados, não têm assistência psicológica e a médica é apenas uma vez por semana. Dentista só de quinze em quinze dias. Por turno, há quatro agentes penitenciários responsáveis pela segurança interna, cinco pela segurança externa e dois policiais militares. O que não é suficiente, ou seja, 11 homens para cuidar da segurança de uma cadeia com 352 presos – diz Saulo Nogueira.

TRANQÜILIDADE

Algumas mudanças foram efetuadas pelo diretor do cadeião, para garantir a tranqüilidade no local, entre elas a redução do turno dos agentes penitenciários para 12 horas, a revisão de todas as celas em cada mudança de turno, anotação de todas as reivindicações dos presos diariamente, e o principal, o diálogo e a busca de entendimento entre direção e detentos.

– Sabemos que os presos vivem em situações precárias e algumas vezes entendemos sua revolta, pois não estão assegurados os direitos, como uma cela com seis metros quadrados por detento, assistência médica e psicológica. E por isso buscamos o entendimento com os detentos, para evitar rebeliões e fugas. Hoje, a maioria dos presos entende a situação e aceita cumprir suas penas, porque existe a luta de todos os órgãos de segurança pública do estado para melhorar as condições do sistema penitenciário – continua Saulo.

INVESTIMENTOS

O delegado diz que, apesar das más condições do sistema penitenciário do país, nunca se viu tantos investimentos em segurança pública no estado de Minas Gerais:

- O estado está preocupado com a situação do sistema penitenciário e principalmente com Montes Claros. Nos últimos anos foi construído e hoje já está funcionando o Centro de internação do menor infrator; foram nomeados novos agentes penitenciários para a segurança dos detentos; as polícias civil e militar receberam novos equipamentos e viaturas; além da liberação de verbas para construção da nova cadeia pública, que contribuirá para minimizar em no mínimo 20% os problemas existentes no sistema penitenciário do município.

NOVA DIREÇÃO E MAIS ASSISTÊNCIA

O diretor da cadeira informa que a secretaria de estado de Defesa Social anunciou que ainda neste mês uma nova equipe assumirá a direção da cadeia e a assistência médica, psicológica e jurídica será implantada no cadeião:

- Foi um compromisso da secretaria de Defesa Social que ainda neste mês a cadeia teria nova direção, pois é necessário que o diretor fique responsável pela segurança integral do local. Outro beneficio para a cadeia pública é a assistência por tempo integral de um psicólogo, um sociólogo e um advogado, oferecendo melhor estrutura aos detentos.