Cultura e memória

Sonora Brasil traz diversidade cultural e oficinas musicais a Montes Claros

Adriana Queiroz
genteideiascomunicacao@gmail.com
Publicado em 11/07/2025 às 19:00.
Montes Claros recebe nova edição do projeto, promovendo encontros musicais entre gerações (Gabriel Bazt)
Montes Claros recebe nova edição do projeto, promovendo encontros musicais entre gerações (Gabriel Bazt)

Com foco na diversidade cultural brasileira e na valorização da memória afetiva por meio da música, o projeto Sonora Brasil chega a Montes Claros nos dias 16 e 17 de julho. Realizado pelo Sistema Fecomércio MG, por meio do SESC em Minas, o evento reúne artistas de diferentes gerações em uma programação que inclui oficina e shows gratuitos ou com preços acessíveis ao público. Foram convidados para essa edição Ana Paula da Silva, ao lado de Seu Risca e Jukita Queiroz.

O músico montes-clarense Jukita Queiroz falou sobre a importância do convite para participar do Sonora Brasil, que propõe um cruzamento entre gerações, tempos e territórios. “Já tive a oportunidade de acompanhar algumas edições do Sonora Brasil e percebo a importância e relevância do projeto no cenário cultural brasileiro. Poder participar, mostrando um pouco da nossa cultura por meio de canções guardadas na memória das pessoas do sertão mineiro, é reafirmar nossa identidade. Quanto às gerações, queremos que os participantes revivam essas canções em seus lares, com crianças, adultos e idosos”.

Na quarta-feira (16), Jukita coordena a oficina “Canções e Memórias”, que propõe uma vivência de canto a partir de músicas que fazem parte da memória afetiva dos montes-clarenses. “Penso que a oficina permitirá às pessoas resgatar da memória canções que, de alguma forma, marcaram suas vidas, mas foram esquecidas. Ao mesmo tempo, estaremos valorizando a nossa cultura por meio do canto, construindo um repertório musical com a contribuição de cada participante”.

Quando questionado sobre uma canção de sua própria memória afetiva, ele relembra: “Me veio à lembrança uma canção de quando eu era criança. Confesso que não sei como chegou a mim — provavelmente por meio dos meus familiares. Mas sei que está aqui guardadinha na minha memória. É essa: ‘Toc toc, quem bate aí? Toc toc, quem bate aí? Sou eu, um velhinho que anda a pedir. Sou eu, um velhinho que anda a pedir’”.

A cantora Ana Paula da Silva, natural de Joinville e residente em Curitiba, também celebra sua participação no projeto. “Receber o convite para o Sonora Brasil foi um momento muito especial — um desejo antigo, um dos pequenos sonhos realizados. Fazer uma turnê por regiões do Brasil e contar um pouco sobre a cultura, memória e história do lugar de onde viemos, que conhecemos e que nos atravessa, é maravilhoso”.

Sobre o espetáculo que apresenta ao lado de Seu Risca, líder quilombola e guardião da tradicional Dança do Catumbi, Ana Paula conta que o público de Montes Claros pode esperar um show dedicado às manifestações afro-brasileiras e aos caboclos e caboclas de Santa Catarina — seja pelos cânticos originais de Seu Risca, seja pelas composições inspiradas em suas pesquisas de campo e no livro Alma na Voz e Mãos no Tambor.

Ela relata que conhece Seu Risca desde o início da sua carreira musical. “Ele conhece boa parte da minha família. Sempre tive a alegria de contar com a presença da sua família nos meus shows. Até que um dia ele me entregou um material sobre a Dança do Catumbi, da qual fez parte por quase 60 anos. Aprendemos todos uns com os outros. Somos nove pessoas viajando juntas, e cada uma é um universo imenso — e Seu Risca é o ancião do grupo. Ele carrega uma força imensa: é vivo, festivo, dançante, acredita na vida, na arte transformadora… é uma verdadeira presença ancestral”.

O espetáculo incorpora influências de manifestações populares como o Catumbi e a Dança do Vilão, integradas à linguagem musical de Ana Paula a partir de sua pesquisa de mestrado em música. “Pesquisei a Dança do Catumbi e compus seis músicas para o ritual, que hoje fazem parte do show. Em seguida, como produtora-pesquisadora, escrevi um projeto independente e ampliei a pesquisa, incorporando outras práticas afro-brasileiras, indígenas, Guarani e açorianas da região da Baía Babitonga — que abrange seis cidades, incluindo Joinville, onde nasci, e Araquari, terra do Seu Risca. A partir desse processo, criei novas composições que integram o livro e o espetáculo. Foi com esse projeto que escrevi Alma na Voz e Mãos no Tambor e, um ano depois, recebi o convite do SESC para dar continuidade a esse trabalho”, completa.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por