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Terça-Feira,14 de Janeiro

Sargento fuzila tenente com cinco tiros: motivo ainda não foi esclarecido, mas estaria relacionado a discussão de trabalho

Jornal O Norte
Publicado em 06/03/2006 às 10:38.Atualizado em 15/11/2021 às 08:30.

Gissele Niza


Repórter


onorte@onorte.net



Cerca de 300 homens da polícia militar estão empenhados nas investigações e prisão do terceiro sargento Sebastião Soares Filho, 34 anos, que assassinou na manhã de ontem, sexta-feira, com cinco tiros, o comandante do pelotão da cidade de Jaíba, tenente Enilton Cézar Martins Oliveira, 38 anos, dentro do quartel do 5º Pelotão daquela cidade, onde o crime causou comoção popular.



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Tenente Enilton (à esquerda): amigo, competente,


tranqüilo,  inteligente e dinâmico.


Sargento Soares (à direita): 1m75 de altura, claro,


rosto com espinhas, cabelos pretos e anelados


(Fotos: Ascom PM)



Os tiros atingiram a cabeça e o corpo do tenente Enilton, que trabalhava em Jaíba há cerca oito meses. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do Hospital Municipal de Jaíba, deixando esposa e um filho.



O corpo do tenente foi velado na tarde de ontem em Jaíba e seguiu para Montes Claros, onde será sepultado na manhã de hoje.



O CRIME



Em nota oficial enviada à imprensa na noite de ontem, a PM informa que o tenente Enilton Cézar Martins Oliveira se encontrava em sua sala, momento em que o sargento Sebastião ali chegou para conversar com o oficial sobre um procedimento administrativo, momento em que se iniciou uma discussão. O tenente solicitou a presença do soldado Araújo para presenciar a conversa e inibir qualquer ação contra sua. 



De acordo com o soldado Araújo, o tenente conversava com o sargento sobre um procedimento administrativo que o envolvia, momento em que o Soares teria se exaltado, sendo advertido sobre sua conduta insubordinada e, caso persistisse, lhe seria dada voz de prisão.



O sargento Soares sentou-se por duas vezes na cadeira em frente ao tenente e, pela segunda vez, sacou uma pistola ponto 40 e efetuou dois disparos contra Enilton que, ao ser atingido, tentou ainda sair da sala, mas caiu logo a após porta. Ele foi atingido com mais três disparos à queima roupa, sendo o último bem próximo à cabeça, mostrando o interesse de exterminar a vítima.



O soldado Araújo diz que ainda tentou impedir que o sargento continuasse seu feito, contudo, foi impedido com ameaças. O sargento teria disto que saísse de sua frente, senão o mataria, apontando a arma que portava.



Outra testemunha do crime é o sargento Clesius, que também foi ameaçado no momento em que tentava pedir prioridade na rede de rádio. Soares apontou-lhe a arma dizendo que só chamasse a rede de rádio depois que ele saísse.



A FUGA



De acordo com a 22ª Companhia, o sargento Sebastião Soares Filho, que tem 15 anos de farda, teria empurrado um civil na frente do quartel para pegar o carro Corsa de cor verde, e fugir.



O veículo foi abandonado na saída da cidade. Soares foi visto pela última vez perto de sua residência, fugindo no Corsa em companhia de outras duas pessoas.



ESCALA DE SERVIÇO



Segundo o comandante da 3ª Região de polícia militar, coronel Magela, que está na cidade de Jaíba, o soldado Araújo estava no quartel quando ouviu uma discussão do sargento Sebastião com o tenente Enilton, devido à escala de serviço.



- O assassinato foi por motivos fúteis. O soldado presenciou a discussão entre os militares devido à escala de serviço, momento em que o sargento Sebastião se armou com uma pistola ponto 40 e efetuou cinco disparos contra o tenente – informa o comandante.



DESVIO DE CONDUTA



O comandante da 3ª RPM também informou à reportagem de O Norte que o tenente Enilton Cezar Martins estava investigando os policiais militares de Jaíba por desvio de conduta e que já havia sido instaurado inquérito militar sobre o caso.



TRISTEZA



O chefe de comunicação da PM, tenente coronel Alexandre Salles diz que a instituição está entristecida com o fato:



- A polícia militar de Minas Gerais lamenta o fato acontecido na manhã de hoje (ontem) e pela perda de um companheiro. É extremamente lamentável e muito triste o que ocorreu.



BLOQUEIO



Além de todo efetivo da PM, foi implementado um cerco/bloqueio em todas as rodovias do estado e demais estados que fazem divisas com Minas. Sebastião Soares é casado, natural de Verdelândia, e está armado com uma pistola ponto 40. O militar é forte, tem 1m75 de altura, cor clara, rosto com espinhas, cabelos pretos e anelados. Fotos do sargento Sebastião estão sendo divulgadas para todas as unidades policiais da região.



CRISTÃO DEDICADO À PM



Em entrevista al O Norte, um militar que pede para não se identificar, por questão de preservação de imagem, informa que conhecia tanto o sargento quanto o tenente há mais de 15 anos e que já trabalhou com os dois em Montes Claros e Belo Horizonte.



- O tenente Enilton era uma pessoa muito calma e dedicada à profissão. Ele era evangélico, competente e responsável em tudo que fazia. O sargento Soares também aparentava ser uma pessoa controlada, mas já havia sido transferido para várias cidades – informa.



O militar lembra que antes de ser oficial, o tenente Enilton nunca havia trabalhado com o autor do assassinato:



- Enilton era sargento quando foi aprovado no concurso para oficial e foi para Belo Horizonte. Até então, ele não conhecia o sargento Soares. A família do tenente é simples, mora no Bairro Cidade Nova, em Moc. Tanto o sogro de Enilton quanto dois cunhados são militares.



COMPANHEIRO E DINÂMICO



Também militar do 10º Batalhão de polícia militar, o sargento Eduardo (nome fictício) trabalhou com o tenente Enilton na época que o mesmo era sargento e, muito emocionado, lamenta a perda do companheiro que foi classificado como  amigo, competente, tranqüilo, inteligente e dinâmico. Um homem que se dedicava à profissão.



OUTRO ASSASSINATO



Segundo o militar, há cerca de 16 anos um ex-comandante da PM em Jaíba também foi assassinado por outro militar, soldado na época:



– Me lembro que, quando o crime aconteceu, surgiram muitas versões, entre elas a de que o soldado se sentia perseguido pelo comandante. Parece coisa de maldição.



A reportagem procurou o 3º CRP para confirmar a informação, mas, devido ao empenho do efetivo na busca do policial foragido, não obteve êxito até o fechamento desta edição.



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