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Quarta-Feira,22 de Outubro
entrevista

Sandra Scavassa abre temporada de exposições no MRNM

Sexta-feira (3), às 19h, o museu inaugura sua nova agenda de exposições

Adriana Queiroz
genteideiascomunicacao@gmail.com
Publicado em 30/09/2025 às 19:00.

Na próxima sexta-feira (3), às 19h, o Museu Regional do Norte de Minas inaugura sua nova agenda de exposições temporárias com a mostra “Diálogos” da artista Sandra Scavassa. A artista será a primeira entrevistada de uma série especial, revelando bastidores e inspirações da exposição.
 
O que motivou você a criar a série “Diálogos”?
O meu processo criativo se fundamenta na pesquisa da mulher no mundo contemporâneo. O resgate das mulheres artistas nasceu da constatação de que, nos dias atuais, as mulheres ainda têm dificuldade em encontrar espaço no mundo artístico, isso tanto em editais, galerias, entre outros. Como no seu reconhecimento enquanto profissionais.
 
A exposição propõe uma reflexão sobre a presença e a invisibilidade das mulheres na história da arte. Como essa questão atravessa sua obra?
Na exposição “Diálogos”, homenageio as artistas mulheres do Brasil e do mundo. As obras não são releituras, mas resultado de uma pesquisa e reflexões em torno da vida e do processo criativo das artistas.
 
O título da exposição sugere uma conversa. Que tipo de diálogo você espera provocar entre a obra e o público?
A exposição cria uma sintonia com o público. Nasce o interesse em conhecer o trabalho das artistas e também leva à reflexão sobre que tipo de mundo desejamos, uma sociedade igualitária ou uma em que o patriarcado seja a voz preponderante.
 
Como você vê a presença feminina no cenário artístico atual? Há avanços reais ou ainda enfrentamos barreiras estruturais?
Tivemos um enorme avanço. Isso se deu pela crescente participação das mulheres nos espaços expositivos, nos editais, nas galerias. As mulheres artistas, como forma de resistência, estão se organizando em coletivos e associações. Isso tem as fortalecido e vem produzindo resultados maravilhosos. Mas, para que tudo que é conquistado perdure, se faz necessário um esforço diário e constante.
 
Você teve referências femininas importantes em sua formação artística? Quem te inspira?
Tarsila é uma referência, talvez por sua origem, infância na fazenda dos pais, e os temas que ela buscou no interior do Brasil. Penso que estamos mergulhadas no mesmo cenário rural. Acredito que a natureza tem um grande impacto nas obras dela e nas minhas.
 
A invisibilização de mulheres na história da arte é um tema que aparece em muitos debates hoje. Como sua obra contribui para essa revisão histórica?
Dando ênfase ao trabalho dessas artistas e contando suas histórias. No livro “História da Arte” de Ernst Gombrich, o autor não cita nenhuma artista mulher. Então fiz uma interferência artística em seu livro, colocando as mulheres artistas e corrigindo esse equívoco. O meu livro se chama “A Verdadeira História da Arte”, sendo apresentado nas oficinas e rodas de conversa que ministro.
 
A crítica Oscar D’Ambrosio fala da sua arte como um “mergulho em metáforas e conotações próprias”. Você se reconhece nessa leitura?
Sim. As minhas obras surgem do meu eu mais profundo, mas não de forma explícita, seu significado muitas vezes só compreendido por mim após um longo tempo. A comunicação que ocorre entre minha arte e as pessoas é totalmente subjetiva.
 
Você utiliza materiais ou técnicas específicas que ajudam a compor esse universo simbólico da exposição?
Utilizo várias técnicas na composição de minhas obras, algumas pedem uma abordagem mais clássica, como os óleos, outras já permitem colagem, intervenção em fotografia, pintura com pigmentos naturais em tecido e papel.
 
Em sua trajetória, como você tem equilibrado o impulso criativo com as exigências do mercado e do circuito artístico?
São questões difíceis, geram muitas vezes conflitos internos. Acredito que a melhor forma de administrar é com amadurecimento interno. Acredito na arte como forma de expressão, autoconhecimento e contribuição para um mundo melhor, daí procuro não perder esses princípios da minha vista.
 
Quais são seus próximos projetos ou temáticas que pretende explorar?
Estou produzindo obras para uma nova exposição, “Recortes de Minha Aldeia”, em que irei falar sobre os bairros do meu município, Tuiuti, enfatizando o que é mais significativo para mim. Remete ao poema de Fernando Pessoa “O Tejo é mais belo do que o rio que corre pela minha aldeia”. Outro projeto, “Entre Elas”, é uma exposição coletiva que irá reunir 13 artistas de várias cidades do Brasil. Elas irão produzir obras que se referem a mulheres trabalhando coletivamente. A exposição será itinerante e cada artista se responsabilizará por levar a exposição e uma oficina de fuxico para os espaços de suas cidades.

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