
No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, destacam-se as lutas e vitórias femininas. O NORTE entrevistou Tânia Costa, psicóloga e professora universitária com 15 anos de experiência em atendimento individual, de casais e adolescentes, notabilizando-se pela sua atuação em psicoterapia de perdas e luto.
Qual a importância da celebração do Dia Internacional da Mulher no contexto psicológico, e como isso pode influenciar a conscientização e mudanças sociais?
O Dia Internacional da Mulher é um marco fundamental para reflexões sobre a identidade, os direitos e a saúde mental das mulheres. No contexto psicológico, essa data reforça a necessidade de autoconhecimento, fortalecimento emocional e apoio a mulheres que enfrentam desafios diários, como desigualdade, sobrecarga mental e violência. A conscientização gerada por essa celebração contribui para mudanças sociais, encorajando políticas públicas e iniciativas que garantam equidade, respeito e qualidade de vida para todas.
Os casos de mulheres com transtorno de ansiedade aumentaram muito. Por que está acontecendo isso?
O aumento dos casos de ansiedade entre mulheres está relacionado a diversos fatores, como a sobrecarga de múltiplas funções (mãe, profissional, cuidadora), a pressão estética e social, a desigualdade de oportunidades e a exposição a situações de violência. Além disso, o ritmo acelerado da sociedade contemporânea, aliado ao impacto das redes sociais, intensifica a comparação e a cobrança excessiva, resultando em altos níveis de estresse e ansiedade.
Quais os conselhos que você daria para as mulheres psicólogas que estão começando agora?
Ministro aulas para cursos de psicologia. Falo com meus alunos que o caminho da psicologia exige constante atualização, aprendizado, paciência e resiliência. É essencial buscar formação continuada, desenvolver autoconfiança e construir uma rede de apoio com outros profissionais, (supervisão e interversão). Além disso, é fundamental cuidar da própria saúde mental e estabelecer limites saudáveis na prática clínica. O trabalho do psicólogo é transformador, mas também desafiador; por isso, é importante não se descuidar do seu processo de psicoterapia e lembrar que cada atendimento é uma oportunidade de aprendizado e crescimento.
Como a mulher pode perceber que está sendo vítima de violência? O que ela deve fazer para minimizar os danos quando percebe que está sendo agredida?
A violência contra a mulher pode se manifestar de várias formas: física, psicológica, patrimonial, moral e sexual. Alguns sinais de violência psicológica, por exemplo, incluem manipulação, humilhação, isolamento social e controle excessivo. Quando uma mulher percebe que está sendo agredida, é fundamental buscar apoio, seja de amigos, familiares ou profissionais, e denunciar o agressor. O suporte psicológico também é essencial para resgatar a autoestima, fortalecer a autonomia e minimizar os danos emocionais.
Diante das pressões sociais e profissionais, qual é o papel da psicologia na promoção da saúde mental das mulheres?
A psicologia tem um papel crucial ao oferecer suporte emocional e estratégias para lidar com as pressões do dia a dia. Através da psicoterapia, as mulheres podem desenvolver habilidades para gerenciar o estresse, melhorar a autoestima e estabelecer limites saudáveis em suas relações. Além disso, a psicologia contribui para a conscientização sobre a importância do autocuidado, do equilíbrio entre vida pessoal e profissional e da desconstrução de padrões disfuncionais e irreais impostos pela sociedade.
Como as mulheres podem lidar com a rotina de mãe, dona de casa e profissional?
Equilibrar esses papéis é um grande desafio, e a chave está na organização, no autocuidado e na rede de apoio. É importante estabelecer prioridades, delegar tarefas sempre que possível e, principalmente, não se cobrar perfeição. Cuidar da própria saúde mental deve ser um compromisso diário, pois uma mulher sobrecarregada não consegue exercer nenhum de seus papéis plenamente. A psicoterapia com um profissional capacitado pode ser uma aliada nesse processo, auxiliando a mulher a encontrar estratégias para lidar com a rotina sem abrir mão do seu bem-estar biopsicossocial e espiritual.