Produtores investem em ‘branquinha’ mais apurada

Alambiques apostam em pesquisas para dar à cachaça o status de bebida de alto valor

Tatiana Moraes
Publicado em 07/06/2019 às 11:31.Atualizado em 05/09/2021 às 19:00.
 (MAURÍCIO VIEIRA)
(MAURÍCIO VIEIRA)

Com título oficial de Capital Nacional da Cachaça, conforme a Lei 13.773, de autoria da ex-deputada federal Raquel Muniz (PSD), Salinas, no Norte de Minas, concentra grandes e premiados produtores da bebida, cuja qualidade está cada vez mais apurada. Agora, os produtores trabalham para tirar o estigma que a “branquinha” carrega. 

“No passado, a cachaça não era vista com bons olhos. Hoje, os alambiques investem pesado em pesquisa e desenvolvimento. Queremos que a cachaça seja tão valorizada quanto outros produtos, como vodka e uísque”, afirmou o diretor-executivo da Seleta, Gilberto Luiz de Lima Soares, durante a 29ª Expocachaça, que vai até domingo, no Expominas, em BH.

Com produção de 2 milhões de litros em Salinas, a empresa aprimora os produtos constantemente, conforme o executivo. “Você consegue perceber a melhoria de um lote para o outro. Até o adubo utilizado na cana é pensado para melhorar a qualidade da bebida”. 

As pesquisas também ajudam no lançamento de novos rótulos. De olho nos drinques, no mês que vem chegará ao mercado uma cachaça prata. Sem o gosto amadeirado dos barris, ela combina com frutas e outras bebidas, segundo Soares. E no final do ano, será lançada uma cachaça mais leve e adocicada, voltada ao público feminino. 

“Estamos ampliando o alcance da nossa marca, sempre pensando no fortalecimento da região. Geramos 180 empregos diretos durante a safra, compramos insumos de pessoas da nossa cidade e valorizamos a nossa localidade”, afirma. Hoje, o alambique possui 6 milhões de litros da bebida em estoque para ser trabalhado. 
 
HAVANA 
Considerada a melhor cachaça do mundo, a premiadíssima Havana, também de Salinas, foi a primeira a atingir as classes mais abastadas. “Meu pai comprou a empresa na década de 1940. Ele queria mudar o fato de que a cachaça não era aceita por parte da sociedade e se dedicou ao máximo para melhorar a produção. E conseguiu”, comemora o diretor-administrativo da marca, Geraldo Mendes Santiago. No mercado, uma garrafa da edição especial da bebida pode chegar a R$ 1,8 mil. 

Na avaliação do presidente da Associação dos Produtores de Cachaça Artesanal de Salinas (Apacs), Edilson Viana, a profissionalização da produção tem crescido a passos largos. “Com a tecnologia, a cachaça deixou de ser fabricada a partir de um processo rudimentar. Hoje, as cachaças de Salinas são muito elaboradas e os consumidores estão cada vez mais exigentes”, afirma Viana, que também é professor do curso de Tecnologia em Produção de Cachaça, do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) e produtor em Salinas. Hoje, ele fabrica 10 mil litros por ano da Premissa. 
 
LEI 
Para a ex-deputada federal e assessora especial do Ministério da Agricultura Raquel Muniz, transformar Salinas na Capital Nacional da Cachaça foi a mola propulsora que a região precisava para atrair mais turistas e melhorar a renda da população. Durante a realização do Festival da Cachaça de Salinas, por exemplo, de 12 a 14 de julho, a expectativa é a de receber 50 mil pessoas. O número é quase o mesmo da Expocachaça – a maior feira de cachaça do Brasil, que espera 60 mil visitantes.

“Minas Gerais é campeã em produção de cachaça artesanal e a bebida é de extrema importância para a nossa economia. Valorizar a cachaça é valorizar o Estado”, pondera Raquel.

Salinas tem aproximadamente 35 produtores artesanais de cachaça e abriga os alambiques de mais de 60 marcas, que geram receita anual de cerca de R$ 12 milhões.

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