Sil, o ex-presidiário que mandou
matar, teria participado do velório
Da Redação
Policiais da delegacia de homicídios prenderam ontem, sexta-feira, o mandante e o executor de um dos crimes mais brutais registrados neste ano em Montes Claros, quando um líder comunitário que lutava pela paz e retirada de crianças do mundo do crime foi assassinado, juntamente com sua filha, no conglomerado Cidade Cristo Rei, conhecido como Feijão Semeado. A polícia considera o local como zona quente de criminalidade, com aglomeração de tráfico de drogas e produtos de furtos e roubos.
Farley José de Souza era defensor da paz
O líder comunitário Farley José de Souza, 30 anos, e sua filha de 12, Lívia Maria Rocha de Souza, foram assassinados a 100 metros de sua casa, localizada na Rua Santo Inácio, no dia 30 de novembro, por volta de 20 horas, quando dois homens em uma moto de cor escura, sem placa, efetuaram seis tiros contra pai e filha.
O ex-presidiário Edmilson Ferreira dos Santos, conhecido nos meios policiais como Sil, que seria o mandante do crime, e Wilson Josué dos Santos, conhecido como Júnior Mongolóide, que seria o executor do duplo homicídio, foram presos durante cumprimento de mandado de prisão expedido pelo juiz da vara de execuções penais, Marcos Antônio Ferreira, na manhã de ontem.
OBJETOS SUSPEITOS
As prisões foram efetuadas após apreensão de objetos suspeitos na casa de Júnior Mongolóide, que estava sendo investigado pelos policiais da delegacia de homicídio, por ser o principal suspeito da execução.
Na casa de Júnior Mongolóide, localizada na Rua Fortaleza, Alto São João, foram apreendidos: uma capa de chuva de cor preta com escrita Alba de cor branca, uma capa de chuva de cor preta com escrita Esportine de cor verde, ambas características das vestes utilizadas pelos criminosos no dia do assassinato, segundo testemunhas; um par de luvas de couro preta; uma jaqueta de couro preta; um par de botas de cor preta sete léguas; um caderno com anotações; dois celulares; um cartucho CBC de calibre 5.56 danificado; duas pontas de ferro semelhantes a projéteis deflagrados; uma foto de uma moto vermelha; e um boné de cor azul com peruca.
Sil e Júnior Mongolóide foram encaminhados ao cadeião, onde permaneceram à disposição da justiça.
BRIGA POR SOM ALTO
O delegado de homicídios, Giovani Siervi, que comandou a operação que resultou na prisão dos bandidos, informa a O Norte que os suspeitos negaram as acusações na delegacia, mas que as investigações apontam que Sil teria mandado matar pai e filha por causa de uma briga por som alto, dias antes do crime.
Ainda segundo o delegado, as investigações apontam ainda que o ex-presidiário teria dado a ordem de execução porque suspeitava que Farley teria passado informações à polícia que resultaram na sua prisão. no primeiro semestre deste ano.
Com as prisões dos principais suspeitos, o delegado Giovani espera concluir nos próximos dias o inquérito do duplo homicídio e encaminhá-lo à justiça.
VETO
No dia 14 deste mês foi preso Erivelton Ferreira de Souza, 22 anos, conhecido nos meios policiais como Veto, e que tem 11 passagens registradas, apontado no dia do crime como um dos suspeitos da execução, uma vez que em sua casa foram apreendidos munições, arma, droga e dinheiro.
Veto fugiu no dia do crime, após ouvir pelo rádio da polícia militar que era um dos principais suspeitos do crime, e teve sua prisão preventiva expedida pela justiça.
Na casa de Veto foi apreendido um revólver calibre 38 da marca Taurus, número de série QF538360, de seis tiros, e dezessete cartuchos calibre 38 intactos; um punhal inox da marca Stainless de cabo duplo, com 13 centímetros de lâmina; um canivete da mesma marca de cores preta e vermelha; uma agenda telefônica com várias anotações; um celular da marca Nokia; R$ 241 em dinheiro; uma carteira de habilitação e um documento de moto; e uma pedra de crack.
No quintal da casa foram localizadas duas motos Titan CG 125 de cor azul, placas HAJ 5415 e HBO 0663, que não foram apreendidas por não apresentar impedimentos.
Quanto à participação do suspeito Veto no duplo homicídio, o delegado Giovani informa que está sendo investigada.
FRIEZA
Moradores do Feijão Semeado ficaram chocados com a frieza de Sil, que mora na Rua Santa Efigênia e era vizinho de Farley.
Segundo moradores do bairro, o mandante do brutal assassinato teria participado do velório de pai e filha como se fosse seu amigo.
Uma moradora do bairro que pediu para não ser identificada, declarou a O Norte que no dia do velório de Farley e sua filha, o mandante do crime teria dado os sentimentos aos familiares na capela onde os corpos foram velados e ido inclusive ao cemitério, para ver o enterro e ajudar a retirar os caixões do carro da funerária. Ele era tido entre os parentes de Farley como se fosse amigo da família e, na realidade, estava ali para ver se realmente sua ordem tinha sido executada.